Um Strong Owl não se zanga quando é derrotado.

Comincia dall'inizio
                                    

— Estaria morto se dependesse de mim. — Senti o espiral de arrepio subir minha espinha, engolindo completamente em seco.

— Jungkook, próxima fase. — A instrutora de cabelos ruivos comentou, sem muito ânimo e ele concordou, fitando-me sugestivamente. Olhos que diziam A missão será minha. Ou então: Está ridículo aí, jogado no chão. Queria que não fosse só um treino. Eram vazios, abismais e causavam medo. Não precisava ser tão inteligente para saber que em si não havia qualquer resquício de sentimentos. Não os bons...

— Até mais, princesa. — Piscou com o olho direito. Vi o peito esvaziar todo o ar que poderia acumular em dois pulmões.

Empurrando o garoto com o ombro, Kim Taehyung me estendeu a mão e pude ouvir a risada cínica de Jeon.

— Você devia parar de competir contra esse cara só pela porcaria de uma missão.

— Não vou. É exatamente o que ele quer.

Kim ergueu-me, maneando a cabeça negativamente.

— Não é por nada, mas você não tem chances. Consegue derrotar tudo e todos, menos ele. Já não é a primeira vez que perde.

— Ah, obrigada pelo incentivo. Me sinto melhor agora. — Limpei a poeira da barra da camisa, frustrado. Só não estou totalmente irritado por conta de que terão muitas outras atividades até a fase final. Posso chegar até lá. Aliás, quem precisa de armas e espadas quando se tem poderes? Foi injusto apenas pelo fato de que sabiam como Jungkook é bom em utilizar elas.

Bom em tudo, na real. Eram muitos os boatos.

— Você é forte, Jimin. Mas é metade de Jeon. Não pelo esforço, mentalidade ou físico. É o tipo sanguíneo e...

— Entendi, Taehyung. Já sei de tudo isso. Mas eu também tenho outra metade, que ironicamente é o ponto fraco dele. Não dá pra simplesmente me apoiar? Nem para dizer que vai ficar tudo bem...

— Não se continuar indo para as finais de cada fase contra ele. — Não fora preciso de muito para que Taehyung entendesse que deveria se calar naquele exato momento. Mas como ele não ligava para nada, claro que não iria fazê-lo. — Acontece que não quero que se machuque. Ele é perigoso.

— Também posso ser.

— Você é muito fofo pra isso. — Sorriu, dedilhando meu queixo feito um bobo.
Pessoas aglomeradas passavam ansiosas para a próxima fase como crianças em filmes clichês ao verem vendedor de sorvete dá-los de graça. Empurravam meu corpo entre tantos na multidão, indo em direção ao babaca que acabara de me ganhar. A amargura da perca nunca fora tão predominante...

Em algumas horas todos os que falharam em cada fase teriam uma última chance até que todas as atividades começassem realmente a pesar. A escola poderia ser a mais moralista sobre a vida, porém, em momentos como esses, há somente morte.

Estávamos no refeitório. Uma Sprite de latinha e salada de frutas é o suficiente. Sentei sobre a cadeira, respirando fundo antes de tomar do liquido.

— Não acha tudo isso radical demais? — Insistiu, obcecado no hambúrguer que havia pedido. — É, às vezes a comida daqui não é tão boa assim...

— Acho idiotice minha ter perdido daquela forma, ainda mais com ele. — Anunciei, indignado.

— Estou tentando saber se a carne que é verde ou se isso aqui é picles. — Cutucou com o dedo, cheirando-o logo depois.

— Estou tão perto, qual é? Ele não pode chegar do nada e roubar a missão que planejei por tanto tempo...

— Acho que é carne. — Mordeu a metade do hambúrguer, olhando para nenhum ponto em especifico, demonstrando o lado degustador em seu semblante.

— Taehyung!

Os olhos arregalaram, sorrindo com carne ou picles — que seja! — em um dos dentes.

— Ainda vai ter a fase de... — Moveu o hambúrguer mordido de um lado para o outro, enrijecendo a expressão para recordar do nome. — Paintball. Apenas não pense muito. — Rira quase inaudível, analisando o pequeno resto do alimento.

— Pensar? Quem está pensando demais? — Conduzi o garfo até os lábios que levava pedaços de banana, morango e maçã cortados. De repente notei minha respiração falhar vagarosamente. Jeon havia entrado no refeitório. Como pôde ter sido tão rápido?

Era Jeon Jungkook, o da força inabalável. Sem contar que há outros novatos inexperientes que são facilmente derrubados.

— Amarelo significa vergonha, não é? — Jeon escorou na mesa, ao meu lado, referindo-se na cor de meus olhos que infelizmente alteravam de acordo a cada emoção que eu sentira, revelando, cruelmente, como estou interiormente. Diferentemente de Jungkook, que nada demonstrava. — E ai, Taehyung. O cão molhado e pulguento não vai querer participar das semifinais?

Mastiguei o último pedaço de manga cortado em cubos enquanto observava Kim Taehyung subir os olhos do Hambúrguer para contemplá-lo tão dramaticamente que até eu ficara eufórico.

— Seria satisfatório rasgar sua cara, mas não estou a fim de nenhuma missão. Que tal você ganhar, ir e aproveitar pra ficar por lá?

Jungkook riu, maquiavélico. Era a única expressão que deixara transmitir.

— A vergonha que estou sentindo, por sinal, é a que você está passando agora. — Revirei os olhos, tomando goles do Sprite. — Pra quem me odeia você sabe muito sobre mim.

— Tenho que estudar meu adversário. — O sorriso de canto fora tão malicioso que pude contemplar todas as impurezas que já havia feito. — Não estou a fim de você, princesa. Mas pode até ser que arranje algo sem compromisso se me fizer algumas coisinhas antes.

Piscou o olho direito e expos os dentes assim que sorrira novamente.

— Cara — Jogou o hambúrguer na mesa. Em suas feições estava o repulso puro. — Você é tão nojento que até perdi o apetite.

Jungkook gargalhou dramaticamente.

— É engraçado ver que há alguns sentimentos mal correspondidos nessa mesa. — Encarou Taehyung por poucos segundos, que, em minha mente, durara horas. O garoto até mesmo corou e como bem o conheço, detestou-se pelo ato. — Espero que esteja preparado para o Paintball. — Retornou a mim, com um olhar tão intenso quanto.
 

Strong of Character - Quente como o infernoDove le storie prendono vita. Scoprilo ora