CAPÍTULO 17

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"Eu e as minhas incertezas, aquela tradicional batalha entre a razão e a emoção. Por vezes me perco pelos labirintos da minha mente, as vezes nem sei quem sou e quando procuro uma resposta me aparecem mais perguntas... Coisas do coração nem Freud explica".
Elo Amorin

Leandro

- Não eu sou de São Paulo, estou morando aqui em Natal há nove meses.

A certeza chega no meu peito atravessando qualquer barreira. Quando vi Amanda me encontrei em seu olhar. Foi uma sensação estranha. Lembro que naquela época Amanda era a pessoa que fazia eu me sentir eu mesmo. Lembro que por mais que meu dia tivesse sido difícil, minha mãe que na época não aliviava, quando a noite caia e eu podia falar com ela, era o melhor momento do meu dia. Agora aqui de frente para ela é impossível conter a emoção crescente que se forma dentro de mim. Os meus olhos seguem registrando todos os seus traços, cada pedaço seu que eu revevi durante tanto tempo em minhas lembranças, comparando a mulher de hoje com a menina doce de treze anos atrás.

Amanda molha os lábios com a língua e não consigo deixar de acompanhar cada gesto seu, não consigo deixar de admirar cada nuance do seu rosto. Ela fecha os olhos, buscando algum controle. Sei que minha presença a está afetando de alguma forma. Aproximo-me um pouco mais dela e sinto o cheiro do seu perfume levemente adocicado, um aroma tão parecido com morangos,  invadir minhas narinas.

- Que foi? - Sua voz está levemente rouca.

Decido ser sincero e abrir o jogo com ela.

-Seus olhos me fazem lembrar de uma época em que a minha única preocupação do dia era voltar para casa. - Ela cora violentamente, exatamente como fazia à treze anos atrás. -A propósito, meu nome é Leandro. -Não pude me conter, inclinei meu rosto em direção ao seu e depositei um beijo na sua bochecha macia. Sentir a sua pele assim tão de perto mexeu comigo mais do que deveria.

Afasto-me dela e a observo. Vejo exatamente o momento em que a verdade recai sobre o seu olhar e ela me nota, olhando-me como fez tantas e tantas vezes, vendo o Leandro de hoje exatamente na sua frente.

- Você...

-Sim, sou eu Amanda. - Olho fixamente para ela. -Aquele adolescente magrelo e chato que te infernizava tanto. -Acabo sorrindo, lembrando das vezes em que falava sem parar com ela sobre os meus problemas.

- Você sabia quem eu era desde o início? - Ela pergunta, ainda com a voz rouca.

-Sim, passei boa parte da juventude imaginando seus olhos, como você seria. - Levo o copo até meus lábios e término de beber meu uísque, sinto a bebiba ambarina descer queimando minha garganta. - No momento em que te vi, foi como se a minha imaginação tivesse criado forma e naquele momento, tudo dentro de mim gritou, é ela.

- Eu achei que nunca mais fosse saber nada sobre você. -Amanda passa as mãos pelos fios sedosos dos cabelos, contendo o nervosismo. Alguns gestos dela continuam os mesmos.

- Eu também achei que você seria alguém que eu reviveria apenas em minhas lembranças. -Digo, sem rodeios.

Amanda pega a garrafa de uísque da mesa, despeja o líquido em seu copo e bebe todo o conteúdo de uma só vez. Ela está nervosa, mexida comigo, da mesma forma que estou com ela. Amanda está tão linda, delicada, doce e muito sexy. Seu corpo já era lindo, todavia agora está incrivelmente atraente. Suas curvas de mulher a deixando ainda mais bonita.

Inclino meu corpo para perto do seu e deixo meu copo em cima da mesa. O cheiro forte de morangos sobem por minhas narinas novamente. Notei desde o início que Amanda não usa aliança, porém gostaria de saber se ela tem alguém. Sei que isso não é da minha conta, no entanto é algo que eu preciso saber. Para não ser tão explicito e direto decido perguntar se ela mora sozinha.

Amores IntensosWhere stories live. Discover now