CAPÍTULO 11

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O curso do verdadeiro amor jamais foi tranquilo.
William Shakespeare

Treze anos atrás (2006)

Leandro

Passar alguns dias na Praia Baía dos Golfinhos, que fica localizada entre a Praia de Pipa e a Praia do Madeiro em Tibau do Sul com meus pais e meu irmão, foram de extrema importância para mim. Consegui ter um tempo para pensar em diversas coisas, em especial na faculdade e em Amanda.

Após proferir todas aquelas palavras para ela em um momento em que o álcool estava dominando quase que por completo a minha mente, não nos falamos mais. Deixei um recado pedindo desculpas a ela, o que mais eu poderia dizer depois de tudo? Eu não menti em nenhuma palavra, muito pelo contrário, eu sinto por ela tudo o que disse e gostaria demais de poder fazer tudo o que penso e imagino com ela. Mas Porra! Ela é uma garota doce, inocente, provavelmente nunca ouviu nada parecido com o que eu falei, e para piorar completamente a minha situação, Luiza apareceu em meu quarto dando a entender que eramos íntimos de uma forma que estamos longe de ser e Amanda viu tudo, eu pude presenciar através dos seus olhos a decepção e a mágoa pela cena. Então achei que o melhor seria tentar "amenizar" um pouco a situação, e pedir desculpas me pareceu o certo a se fazer.

Não sou acostumado a agir por impulso, todavia, naquela noite, acabei deixando de lado os pudores e disse exatamente tudo o que sentia por Amanda e tudo o que vinha atormentando o meu juízo.

Dizer que Luiza me encurralou naquela noite é pouco. O comportamento dela estava banhando de sensualidade e até agressividade. Tive que manter todo o meu auto controle para não cair em tentação. Ela estava bêbada, eu também não estava em meu juízo perfeito, além do mais, quem eu queria não era ela. Não seria algo justo com nenhum dos dois. No fim, ela acabou me pedindo desculpas e sumiu de vez da festa. Não a vi mais depois daquele dia. Realidade essa que está prestes a ser mudada, já que minha mãe convidou os pais de Luiza e ela para jantarem aqui em casa amanhã.

Que merda.

Hoje passei o dia todo na companhia de Guilherme. Ele me levou para conhecer o campus da UFRN, onde cursarei direito. Nunca tinha estado lá, o local fica entre os bairros de Lagoa Nova, Capim Macio e Nova Descoberta. A construção imponente chama a atenção de longe, o prédio da reitoria possui uma construção que me lembrou muito alguns prédios medievais, toda a arquitetura é rodeada por um lago de tamanho considerável. Ao passar pelos corredores com o chão completamente revestido por cerâmica branca, senti o meu peito inflar e a sensação de aconchego se apossou de mim. Sentia-me completamente íntimo daquelas paredes brancas, levemente descascadas, já sorvendo a ideia de passar os meus próximos cinco anos andando através daqueles corredores e entrando pelas portas com as dobradiças enferrujadas. Era aquilo que eu queria para o meu futuro, para a minha vida e estava a poucas semanas de conseguir.

Procrastinei a nossa volta para casa o máximo que pude. Sugeri ao Gui irmos comer alguma coisa no shopping e depois pegarmos um cinema, ele aceitou, acabamos passando bons momentos juntos, do qual eu sentia falta, ele era um excelente irmão pra mim e estava me apoiando em tudo. Entretanto, sabia que quando chegasse em casa teria que contar aos meus pais que não só visitei o campus, mas que também me inscrevi para o vestibular de direito que acontecerá daqui a 15 dias.

Entramos e nos despedimos. Fui direto para o quarto tomar um banho e relaxar um pouco. Não sai pra jantar porque já tinha comido um lanche na volta pra casa. Gui iria para a casa da namorada, então eu enfrentaria a fera, Teresa Torres sozinho.

Saio em direção a sala a passos lentos, com o pensamento firme no propósito que tracei para a minha própria vida. Não importa o que minha mãe falar, continuarei firme no meu caminho. Giro o meu corpo dando as costas ao corredor e entro na sala. Sou recebido pelo olhar curioso do meu pai e o questionador e altivo de minha mãe.

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