Amores Intensos

CAPÍTULO 47

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"Toda a maldade é fraqueza"
John Milton

Leandro

Olho para o relógio no painel do carro e confiro o horário. São exatamente 15:45, estou um pouco em cima da hora. Não me sinto nem um pouco confortável indo para esse encontro com a Luiza. No entanto, por via das dúvidas, achei melhor marcar essa breve reunião na sua loja. Não que isso faça com que Amanda fique menos nervosa. Tenho certeza que ela ficará furiosa quando souber disso, todavia, preciso ter essa conversa, já que as acusações que pretendo fazer no conselho da construtura são seríssimas.

Aproximo-me da loja e estaciono meu automóvel. Atravesso a rua em largas passadas e adentro o estabelecimento. Uma funcionária uniformizada abandona seu posto no balcão e caminha em minha direção. Apesar de já ter vindo aqui em algumas ocasiões, não consigo deixar de notar como a rotatividade de funcionários é impressionante. Deve ser difícil suportar Luiza como chefe.

— Olá, Boa tarde!  Meu nome é Sheyla, em que posso ajudá-lo? — pergunta, parando de frente para mim. 

— Oi, Boa tarde!  Eu marquei um horário com a Luiza.

— Qual é o seu nome?

— Leandro.

— Um minuto, por favor. — ela se vira e sai, deixando-me sozinho.

Coloco as mãos nos bolsos da calça, sentindo um desconforto ruim tomando conta de mim. Espero por alguns minutos e de repente Luiza aparece com um sorriso depreciativo nos lábios.

— Você veio meu lindo. Não sabe como estou feliz. — faz menção de se aproximar, porém me afasto e estabeleço uma distância segura. Quero terminar o mais rápido possível o que vim fazer aqui.

— Podemos começar?

— Claro, venha comigo — olha para funcionária e emenda, — Sheyla, se alguém vier me procurar, diga que não estou. De forma nenhuma quero ser interrompida. 

Acompanho-a até o seu escritório e entramos.

— Sente moreno, fique à vontade. Você já conhece a casa.

Luiza não tem jeito! Querendo acabar logo com isso, sento-me em uma das cadeiras de frente para sua mesa e a espero.

— Quer beber alguma coisa? Uma água? Um vinho, talvez? — ri, passa a língua pelos lábios e pisca para mim.

— Essa reunião é de cunho profissional, não um encontro.

Ela da de ombros, para na minha frente e diz:

— Você que sabe, mas se mudar de ideia é só falar. —  desabotoa o blaiser branco, senta em sua cadeira giratória e emenda: — Se me permite moreno, vou tirar meu casaco para ficar mais à vontade. O calor está muito intenso aqui. 

— Como quiser, minha visita será breve e direta.

Apoia os cotovelos no vidro da mesa, inclina o corpo em minha direção, sorri com malícia e declara:

— Vamos começar então. O que te trouxe aqui, moreno?

Como não estou afim de fazer rodeios, falo diretamente:

— Eu não sabia que você frequentava a CronstrUrban.

Seus olhos se expandem, surpresos. Ela foi pega desprevinida. Percebo uma certa tensão pairando em suas feições. Luiza se remexe desconfortavelmente em sua cadeira e estica os lábios em um sorriso que não me convence nem um pouco.