Capítulo XLVIII - um caso do passsado

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- É sério, Giu? - perguntou Wanderley ao telefone. - Você acha então que ela sai viva de lá?

- Claro, querido - disse Giuliano do outro lado da linha. - Aquela mulher tem uma força que a gente não conhece. Não dá pra supor do que ela é capaz.

- Eu gosto muito dela por causa disso. E o que ela disse da criança?

- Nada! Ela nem conhece o filho ainda. Eu disse a ela que você irá vê-la a tarde.

- Claro que vou! Você, não?

- Eu não te disse que eu hoje tenho uma reunião após o expediente? Devo ficar no escritório até bem tarde.

- Eu sei, desculpe-me - lembrou Wanderley, - mas eu me empolguei com essa recuperação de Berta que nem me lembrei. Você vai me deixar sozinho de novo, não é mesmo?

- O que que eu posso fazer, querido? Você também não me deixa tanto tempo só?

- Eu? - brincou Wanderley ante a reclamação do amigo. - Mas eu não paro de pensar em você.

- Bobão, nem eu - Giuliano mandou um beijo terminando a ligação para o marido.

Sozinho no escritório, sem muito o que fazer, Giuliano começou a pensar em coisas que há muito tempo esquecera, ou fazia questão de não se lembrar...

Sentado uma vez num bar de um amigo, viu um rapaz em uma outra mesa muito interessante. Bonito rapaz, de porte atlético, cabelos castanhos, olhos verdes, tinha uma pose ao se sentar e olhava insistentemente pra Giuliano.

Giuliano, já namorando Carmem, não queria de forma alguma se interessar pelo rapaz, mas ele era muito bonito e insistente no olhar. Giu sentiu-se atraído e retribuiu o olhar e logo o moço se sentou à mesa de Giuliano.

Atraído talvez, pelo fato de Giuliano estar sozinho, o rapaz se apresentou e começou a conversar:

- Eu me chamo Eduardo. Estou aqui a serviço, e achei que poderia conversar com você. Você é daqui mesmo?

- Sou - respondeu Giuliano, - estou tomando uma saideira pra poder ir pra casa dormir...

- Mas ainda é tão cedo... Eu acabei de chegar ao bar...

- Eu estou aqui há mais tempo - explicou Giuliano percebendo a mentira que o outro dissera. - Estou tentando relaxar de um dia cansativo.

- É, eu também, trabalhei demais hoje e aí saí pra dar uma relaxada. Você faz o que?

- Eu trabalho numa empresa...

- Eu sou representante comercial de uma grande multinacional que está querendo se instalar aqui.

- É mesmo? Que coisa boa. Vocês trabalham com o que?

- Com roupas. Isso é o que está pegando - começou o rapaz. - Vocês em Juiz de Fora têm as melhores fábricas de roupas da região.

- É - Giuliano concordou. - Que tipo de roupas vocês fazem?

- Principalmente jeans. E isso Juiz de Fora dá de mil.

- Infelizmente pra vocês...

- Você é casado? - perguntou Eduardo.

- Não, ainda não. Por que?

- Porque eu também não. E eu estava justamente te olhando porque você é um cara muito bonito.

- Obrigado - respondeu Giuliano sabendo onde o rapaz queria chegar. - Você também é.

- Que bom que você acha. Eu estou muito sozinho nessa terra e até estava procurando alguém pra trocar um pouco de carinho...

- Carinho é uma coisa muito importante - concordou Giuliano até um pouco excitado. - O que você gosta de fazer?

- Olha, eu vou te ser franco, eu gosto de homem. Eu não te olhei assim atoa. Você está a fim?

- Você é muito direto, cara. Que coisa doida, de repente você se assenta comigo e me canta assim...

- Não teria falado nada se você não me tivesse olhado também. Você está tanto precisando de carinho e de um amasso quanto eu.

- Você é muito perspicaz - observou Giuliano. - Eu estou noivo e estou só uma quantidade. Acho mesmo que preciso de um pouco de carinho.

- A gente podia ir pra um motel, sabe lá onde, você conhece a cidade, eu não.

- Eu acho que tudo bem, mas a gente precisa se conhecer um pouco mais, não?

- Olha, eu acho que se conhecer muito vira amigo e não se tem tesão por amigo - brincou Eduardo brindando com o copo de cerveja.

- Você é legal, cara - riu Giuliano. - Vamos tomar mais uma cerveja e depois a gente pensa nisso.

- Claro - concordou Eduardo. - Mas eu quero você de qualquer jeito... Você tem uma boca que me deixou louco à distância...

- Eu fico até um pouco perdido nisso tudo, Eduardo, e olhe que não sou nenhum principiante...

- Me chame de Edu. Se não é principiante, tanto melhor. Sabe bem o que acontece entre quatro paredes e dois homens.

Giuliano riu e já não dava mais pra pensar em Carmem naquela altura do campeonato. Queria aquele cara o mais rápido que pudesse e não sabia muito onde levá-lo. Pra sua casa, com pai e mãe no outro quarto era impossível. Precisava pensar em um motel legal. Ótimo, lembrara-se de um bom e pronto! a noite estava resolvida.

Saíram do bar muito depois da saideira. Entraram no carro de Giuliano e se dirigiram pra fora da cidade. Todo motel fica fora da cidade.

Ficaram juntos a noite toda, ou o que sobrou dela e no dia seguinte Eduardo se despediu de Giuliano com um sorriso imenso nos lábios dizendo que deveria partir, mas que voltaria.

Não voltou e Giuliano pensou nele também por uma semana somente e agora se lembrara dele não sabe nem por que.

Fora mais um de seus namorados sem pé nem cabeça e que ele acreditou. Meses mais tarde se casava com Carmem e pronto, podia esquecer Eduardo... Podia? Queria? Devia!

O FILHO DE BERTAUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum