Capítulo XVI - O casamento de Giuliano

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Giuliano tivera uma vida diferente daquela de Wanderley. Enquanto estudava, não tivera um milhão de namoradas, nem paixões arrasadoras que o fizessem perder a cabeça.

Quando era adolescente, convivia com amigos e tivera relações com um ou outro. Talvez não mais que três amigos. Passada essa fase, preocupado também com o estereótipo de "bicha", conteve-se um pouco e foi aí então que apareceu Carmem. Amiga de longa data, a moça resolveu que poderia ajudá-lo a ser feliz de alguma forma. Enamorou-se do rapaz e ele até gostou de ter uma mulher ao lado. Ficaram juntos muitas vezes e ele se mostrava um excelente parceiro na cama. Enfim, namorados, noivos, aproximou-se o casamento.

Algumas amigas de Carmem tentaram lhe mostrar que ela estava errada. Que ele realmente era o que diziam, que eles não seriam felizes e que ela deveria prestar atenção no que estava fazendo.

- Gente, eu gosto dele - explicava, - ele de mim. Podem ficar tranquilas que tudo vai ser ótimo.

- A gente sabe que você se envolve demais com as pessoas, Carmem - disse-lhe uma vez Sônia. - Eu tenho medo, eu não, todas as suas amigas, que você quebre a cara.

- Meu Deus! Quebrar a cara... Só porque o cara tem fama de gay eu não posso namorar com ele. Olhem, ele é ótimo na cama. Talvez tenha sido o cara que mais me deu prazer numa cama.

- Tudo bem - aquiesceu Sônia, - eu gosto dele. Mas você tem que tomar cuidado.

- Tudo bem, Sônia. Qualquer coisa eu te falo.

No dia do casamento todos os amigos foram à igreja. Ela estava lindíssima e ele, é claro, numa elegância de causar inveja. Futuro dono das grandes empresas do pai, Giuliano não tinha preocupação com dinheiro.

Músicas clássicas durante as bodas. Lágrimas de mães. Enfim tudo o que se tem direito em um casamento.

- Onde vocês vão passar a lua de mel? - perguntou uma velha convidada.

- Em Mar del Plata, senhora - respondeu Giuliano. - Ficaremos um tempo na Argentina, Paraguai, Uruguai, essas coisas todas...

- Que bom, meu filho. Parabéns.

A fila interminável. Giuliano estava já cansado quando viu a poucos metros dele um antigo namorado. Sentiu-se envermelhar, mas manteve-se firme e recebeu os cumprimentos do amigo sem mais delongas.

- Que bom que você veio, Silvestre. Espero que tenha gostado.

- Claro, Giu, boa sorte, hem? - sorriu e se afastou.

Giuliano ficou pensando no que teria ido fazer ali Silvestre. Há quantos anos não se viam. Há quantos anos brigaram por ciúmes dele mesmo. Será que ele ainda gostava de Giuliano? O noivo jamais procuraria saber. Estava feliz em se casar e adorava Carmem. Queria fazê-la feliz e isso bastava.

Enfim a fila de cumprimentos acabou e puderam relaxar um pouco e mais que esperado, viajar. Partiram de carro no meio da maior algazarra. Com certeza os convidados beberiam e fariam festa até muito mais tarde.

O FILHO DE BERTAWhere stories live. Discover now