Capítulo LII - Resoluções de Berta

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Berta recebeu o seu médico com um sorriso imenso e o mesmo não teve a mínima dúvida de que ela estava bem.

- Deu-nos um susto, senhora Berta, mas agora creio que já está bem - disse o médico ao vê-la.

- Eu estou me sentindo ótima, doutor. Apenas um pouco desanimada e ainda cansada, mas faz parte, eu creio.

- Sim, você ainda é uma convalescente de uma tourada, querida. Mas eu acredito que você pode sair do CTI agora. Vou providenciar pra que você vá para seu quarto.

- Que ótimo, doutor. Mas quanto a ir pra casa...

- Que casa? Aqui ou em Roma?

- Aqui - explicou Berta sorrindo.

- Aqui, talvez dois dias. Roma ainda não sei.

- Não se preocupe, farei tudo o que o senhor mandar.

- Ótimo. mas ainda assim, há pessoas que a gente manda fazer algumas coisas e que na realidade não fazem nada direito. Eu espero que não seja esse o seu caso.

- Claro que não - riu Berta. - Eu nunca fiz nada que meus médicos mandaram, mas desta vez farei.

- Eu espero, Berta - observou o médico. - Já vou. Amanhã te vejo de novo.

- Obrigado, doutor...

O médico saiu e Berta começou a pensar no que lhe havia acontecido nesse tempo todo. Não dava pra imaginar a mulher de negócios bem sucedida na Itália ali naquele CTI. Por que razão afinal aceitara ter aquele filho? Que loucura era mais essa na sua vida? E agora, indo pro quarto, teria que ver o bebê. Ela queria ver o bebê? Não sabia ao certo se aquele problema que arrumara pra sempre, era uma coisa que ela queria ver. E se a criança fosse feia? Mal acabada? Riu ao pensar nisso. Mas e se não fosse nenhum de seus modelos italianos? E se fosse deficiente? Acho que toda mãe tem essas neuras no pós-parto.

Ela tinha que ser forte. Agora era mãe e tinha que viver pra criar essa criança da melhor forma possível. Não podia estragar sua vida por ela e nem deixar que a pobre criança ficasse ao léu e perdesse o que de bom a vida pudesse lhe oferecer. Precisava criar essa criança da melhor forma possível. Não tinha como deixar esse menino pra ser criado pelos amigos. Por que dissera que era deles? Poderia desfazer o que havia dito. Poderia dizer e até provar que era de outro homem? Não lhes interessaria quem, mas ela diria e pronto! Resolveria um monte de problemas que havia criado e sabia disso. Bastava dizer que o filho não era deles e pronto. Recuperar-se-ia e retornaria a Itália linda e maravilhosa como sempre.

Estava causando mil problemas na vida de Wanderley e Giuliano. Não queria de jeito nenhum atrapalhar aquele casamento de ideais e paixão como ela nunca houvera visto. Não tinha o direito de roubar a felicidade dos dois por simplesmente querer que assumissem seu filho. Bastava lhes dizer que não era deles. Que lhes quis pregar uma peça e agora tinha que assumir até mesmo a raiva dos dois. Faria isso por amor aos amigos? Não sabe. Precisaria pensar um pouco mais e talvez quando fosse pro quarto e estivesse em melhores condições resolveria.

- Senhora – chamou sua atenção um maqueiro que se aproximou do leito, - conseguiram liberar um quarto pra senhora e vou levá-la agora.

Ela olhou pro maqueiro. Que homem lindo! Um ser bruto na compleição, um ser musculoso por fazer tanta força. Um homem enfim, que ela gostaria de levar pra cama. Mas você já está é curada, hem Berta? pensou e sorriu e o jovem maqueiro a ajudou a se mudar da cama pra maca que levá-la-ia ao quarto onde certamente, a esperavam as irmãs, o periquito, o papagaio, como dizia. Esteve até mesmo feliz de estar ali, naquele CTI em paz, sem ninguém. Mas agora já era hora de voltar à realidade e mudar a realidade, se conseguisse.

O FILHO DE BERTAWhere stories live. Discover now