Wanderley entrou no escritório ainda com um pouco de dor de cabeça, mas estava bem. Todos já o aguardavam e Gustavo o cumprimentou um pouco tímido, mas o chefe o deixou bem à vontade brincando a respeito de mais um dia de serviço, graças a Deus era sexta-feira.
Sentou-se para trabalhar e começou vendo correspondências, ainda eram poucas, mas deveria haver algo importante. Não havia! Só cartas comerciais, a maioria de propaganda e folders de outras empresas.
Sentado então, na sua cadeira de rodinhas, começou a trabalhar realmente com o destinado ao dia. Gustavo entrou na sua sala e fechou a porta.
- Eu queria te falar... à respeito de ontem...
- Não tem o que falar, Gustavo - respondeu Wanderley olhando para o empregado. - Nada muda no escritório. Deixa de ser bobo.
- Não é isso - respondeu o empregado engasgado. - Eu estive pensando muito em você e queria de alguma forma poder lhe dizer que estou aí para qualquer coisa. Se precisar falar, sei lá. Ajudar a resolver, eu creio que não posso, mas sei ouvir.
- Tomaremos outras cervejas - agradeceu o chefe, sorrindo. - Não se preocupe. Gostei muito de conversar com você e se precisar vou alugar seu ouvido.
- Esteja à vontade - concordou o empregado satisfeito.
- Vamos trabalhar? - brincou Wanderley. - Preciso que me mande imprimir essas folhas que mandei no seu e-mail e preciso falar com o mestre de obras do meu apartamento. Você poderia providenciar para mim?
- Claro! Já já coloco ele na linha.
Saiu da sala e Wanderley ficou observando o empregado agir através da enorme parede de vidro que os separavam. Ele era muito bom de serviço. E observava ainda como era bonito e como marcava sua presença entre os outros. Estava satisfeito com o empregado.
- Wanderley - entrou depressa Gustavo na sala, - desculpe entrar assim, mas telefonaram da sua casa e sua mulher está passando mal.
- Quem ligou? - perguntou Wanderley.
- A empregada, ela está na linha. Quer falar com ela?
- Sim. Passe para cá.
Recebida a telefonema, Wanderley explicou aos funcionários que precisava sair, pois a empregada não conseguira acordar a sua mulher e chamara o médico. O mesmo constatou que ela tomara vários comprimidos na véspera e então a levara para o hospital. Ele iria para lá e se precisassem dele ligassem, dessem um jeito.
No carro, correu como pode para chegar o mais rápido possível no hospital e ao entrar foi recebido pelos sogros.
- Não sabemos ainda nada - disse a sogra, - o médico está lá com ela. Parece que ela vai perder o bebê.
- Não! - explodiu Wanderley. - Por quê? O que ela tomou, meu Deus?
- O médico não sabe e a empregada nada encontrou - explicou o sogro, - mas o médico disse que ela deve ter ingerido grande quantidade de soníferos.
- Ela tomava Diazepan, a conselho da própria ginecologista, mas será que ela tomou muitos? - perguntou-se a si mesmo Wanderley. - Por quê?
- Só ela vai poder nos contar depois, meu filho - disse a velha senhora. - Vocês brigaram?
- Não! Eu cheguei em casa e ela estava histérica, me xingando porque eu chegara tarde, o que não foi verdade ontem, pois cheguei cedo em casa. Aí, eu tive que sair outra vez para resolver algumas coisas da empresa e ela me disse que se eu saísse eu ia lhe pagar. A senhora conhece sua filha. Está tendo crises de ciúmes infundados. A única coisa que faço é trabalhar e viver para ela - explixcou Wanderley quase aos prantos.
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O FILHO DE BERTA
الفكاهةGiuliano e Wanderley são casados. Depois de vários desacertos nas suas vidas, inclusive casamentos heterossexuais, os dois, com os corações partidos, se encontraram em uma manhã, enquanto corriam na praça do Bairro Bom Pastor em Juiz de Fora. Amor a...