Capítulo XIII - Lígia no hospital

10 0 0
                                    

Wanderley entrou no escritório ainda com um pouco de dor de cabeça, mas estava bem. Todos já o aguardavam e Gustavo o cumprimentou um pouco tímido, mas o chefe o deixou bem à vontade brincando a respeito de mais um dia de serviço, graças a Deus era sexta-feira.

Sentou-se para trabalhar e começou vendo correspondências, ainda eram poucas, mas deveria haver algo importante. Não havia! Só cartas comerciais, a maioria de propaganda e folders de outras empresas.

Sentado então, na sua cadeira de rodinhas, começou a trabalhar realmente com o destinado ao dia. Gustavo entrou na sua sala e fechou a porta.

- Eu queria te falar... à respeito de ontem...

- Não tem o que falar, Gustavo - respondeu Wanderley olhando para o empregado. - Nada muda no escritório. Deixa de ser bobo.

- Não é isso - respondeu o empregado engasgado. - Eu estive pensando muito em você e queria de alguma forma poder lhe dizer que estou aí para qualquer coisa. Se precisar falar, sei lá. Ajudar a resolver, eu creio que não posso, mas sei ouvir.

- Tomaremos outras cervejas - agradeceu o chefe, sorrindo. - Não se preocupe. Gostei muito de conversar com você e se precisar vou alugar seu ouvido.

- Esteja à vontade - concordou o empregado satisfeito.

- Vamos trabalhar? - brincou Wanderley. - Preciso que me mande imprimir essas folhas que mandei no seu e-mail e preciso falar com o mestre de obras do meu apartamento. Você poderia providenciar para mim?

- Claro! Já já coloco ele na linha.

Saiu da sala e Wanderley ficou observando o empregado agir através da enorme parede de vidro que os separavam. Ele era muito bom de serviço. E observava ainda como era bonito e como marcava sua presença entre os outros. Estava satisfeito com o empregado.

- Wanderley - entrou depressa Gustavo na sala, - desculpe entrar assim, mas telefonaram da sua casa e sua mulher está passando mal.

- Quem ligou? - perguntou Wanderley.

- A empregada, ela está na linha. Quer falar com ela?

- Sim. Passe para cá.

Recebida a telefonema, Wanderley explicou aos funcionários que precisava sair, pois a empregada não conseguira acordar a sua mulher e chamara o médico. O mesmo constatou que ela tomara vários comprimidos na véspera e então a levara para o hospital. Ele iria para lá e se precisassem dele ligassem, dessem um jeito.

No carro, correu como pode para chegar o mais rápido possível no hospital e ao entrar foi recebido pelos sogros.

- Não sabemos ainda nada - disse a sogra, - o médico está lá com ela. Parece que ela vai perder o bebê.

- Não! - explodiu Wanderley. - Por quê? O que ela tomou, meu Deus?

- O médico não sabe e a empregada nada encontrou - explicou o sogro, - mas o médico disse que ela deve ter ingerido grande quantidade de soníferos.

- Ela tomava Diazepan, a conselho da própria ginecologista, mas será que ela tomou muitos? - perguntou-se a si mesmo Wanderley. - Por quê?

- Só ela vai poder nos contar depois, meu filho - disse a velha senhora. - Vocês brigaram?

- Não! Eu cheguei em casa e ela estava histérica, me xingando porque eu chegara tarde, o que não foi verdade ontem, pois cheguei cedo em casa. Aí, eu tive que sair outra vez para resolver algumas coisas da empresa e ela me disse que se eu saísse eu ia lhe pagar. A senhora conhece sua filha. Está tendo crises de ciúmes infundados. A única coisa que faço é trabalhar e viver para ela - explixcou Wanderley quase aos prantos.

O FILHO DE BERTAحيث تعيش القصص. اكتشف الآن