Capítulo XXI - Chegada a Roma

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No aeroporto Fiumiccino di Roma, passados os trâmites normais de desembarque, nossos amigos encontram Berta, a amiga de tanto anos. Wanderley notara que a amiga estava mais amadurecida, como eles também, mas continuava muito bonita.

- Ciao, cari – quase gritou ela em italiano. - Sono qui.

- Ma che ciao, cara? - brincou Wanderley. - Aqui quem fala italiano é só o Giuliano.

- Há quanto tempo a gente não se vê? - perguntou a mulher olhando bem cada um dos amigos. - Que prazer recebê-los.

Beijam-se e saem do aeroporto. No carro de Berta continuam conversando:

- Mas vocês estão bem? - perguntou ela. - A viagem é cansativa, não?

- Não - respondeu Giuliano. - Eu consegui dormir um pouco.

- E eu acho - concordou Wanderley - que a nossa excitação por ver Roma era tanta que nem pensamos em cansaço.

- Vocês continuam juntos... – ela sorriu para eles. - Que bom ver isso. Gosto muito dos dois e torço muito pra que sejam muito felizes.

- Eu acredito que somos muito, Berta – corroborou Giuliano a ideia da amiga. - Acho até mesmo que nossas vidas separadas estariam um caos absoluto.

- Que ótimo - respondeu a mulher dirigindo e mostrando alguma coisa de Roma aos amigos. - Vocês terão tempo de rastrear cada palmo desta terra maravilhosa depois.

- O que você está fazendo, Berta? - perguntou Wanderley. - Já se casou?

- Não! Ma che? Eu acho que não me casarei nunca. Não consigo ser muito fiel e nem ter persistência pra ficar junto com ninguém – gesticulou como os italianos ela rindo.

- Continua a mesma - percebeu Wanderley.

- A mesmíssima, querido. Não se pode mudar muito depois de certa idade.

- Ih, ela tocou no calo do Wanderley - brincou Giuliano.

- É mesmo? Por que, Wanderley, você tem medo de ficar velho? - perguntou ela.

- Não é medo, acho que não gostarei muito de ficar velho...

Riram e continuaram conversando outras coisas até chegarem ao apartamento de Berta.

- Moro aqui. Moro sozinha, apesar do apartamento ser grande. Não quis ninguém comigo. Tenho uma empregada que vem todo dia, menos sábado e domingo e me faz tudo aquilo que detesto, tipo lavar, cozinhar, arrumar casa, etc. Trabalho muito, geralmente das nove da manhã às seis, sete da noite. Tenho um serviço ótimo. Trabalho diretamente com edição de modas e só vejo gente bonita, bem vestida – explicou ela.

- O italiano se veste muito bem de modo geral – falou Giuliano.

- Muito bem ao triplo, meu querido. São extremamente elegantes e sabem como ninguém usar um black-tie. Coisas que no Brasil nem o clima contribui – ela sentou-se na poltrona à frente deles. – Hoje, por exemplo, temos um dia ameno, mas normalmente nessa fase do ano está bem frio.

- Eu achei que já estivesse frio - brincou Wanderley.

- Ainda não conhece neve o rapaz, Berta - zombou Giuliano passando a mão nos cabelos de Wanderley. - Vai ver como é bom, querido.

- Imagino. Eu acho que se cair neve eu nem saio de casa - respondeu Wanderley.

- Bobo, não é assim não - riu Berta.

Dentro de casa a temperatura é comandada pelo aquecimento central. Todos eles puderam então, tirar os casacos que pareciam insuficientes lá fora.

- Bonito seu apartamento, Berta - observou Giuliano.

- Meio prático - explicou Berta. - Eu não posso ter um monte de tranqueiras que precisam do cuidado que uma mulher como eu não pode dar. Tento ter tudo de mais simples e que resolva minha vida. Na sala, vocês podem ver, é só a mesa de jantar, o computador e minha prancheta de trabalho.

- Ótimo, pra que mais? - concordou Wanderley.

- Eu vou mostrar-lhes o quarto de vocês. Também é na mesma linha e vocês terão de se contentar com duas camas de solteiro.

- Não se preocupe - Giuliano piscou o olho esquerdo para o marido rindo. - Não estamos aqui também pra namorar o tempo todo.

Rindo os três passearam pelo apartamento de Berta que era extremamente simples e aconchegante. O quarto do casal era perfeito.

- Vocês querem trocar de roupas, tomar banho? Qualquer coisa fiquem à vontade – ofereceu ela. - Temos tempo ainda antes de sairmos pro almoço. Hoje é sábado e a Margherita não veio. Temos que comer na rua.

- Sem problemas - acveitou Giuliano. - Assim já começamos a andar nessa terra velha.

- Velha a piú non posso - concordou Berta. - Vai ser bom o almoço. Vou levá-los numa cantina de um amigo meu que vai deixá-los perdidos sem saber o que comer.

- Podíamos parar de falar de comer - pediu Wanderley, - pois eu já estou com fome.

- Então se preparem e saímos logo - definiu Berta, deixando os amigos no seu quarto por essa temporada.

Sem muito o que dizer ainda, os amigos trocaram alguma blusa mais pesada e em poucos minutos estavam prontos pra sair nas ruas e no frio de Roma. Enfim iriam conhecer a cidade.

O FILHO DE BERTAWhere stories live. Discover now