Capítulo 66 | Décimo dia - Diferenças

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— Estou vendo! A ligação entre você e a terra! — Zeus anunciou impressionado enquanto observava as explosões de energia.

Primeiro, elas nasciam como uma pequena esfera dentro do peito de Gaia. Depois, se expandiam e, ao atingir os contornos do espectro da Senhora da Terra, estouravam, se desmanchando em labaredas para todos os lados.

— Olhe para você. — Gaia ordenou.

Zeus obedeceu e, naquele mundo escuro, ele descobriu ser uma silhueta negra, preenchida por uma variedade de coisas estranhas e complexas (as quais chamamos de ossos, músculos e órgãos) cujas formas eram delineadas pela pulsação esférica de sua energia branca que, ao invés de estourar em labaredas, permanecia presa dentro dos limites do seu corpo.

Agora entendo por que eu não posso aumentar de tamanho, o Filho de Chronos pensou logo em seguida. Depois, com decepção em sua voz, disse:

— Eu não tenho um domínio. Por isso, minha energia não emana como a sua.

— Não importa. — A Senhora da Terra desconsiderou o assunto. — Existem outras diferenças entre nossas energias que são mais relevantes. Uma é a cor, que você já conhecia antes de atingir o limiar. Qual é a outra?

Zeus olhou bem para Gaia e disse:

— Velocidade. Seus pulsos são muito mais rápidos que os meus, apesar da minha carga de força ter ultrapassado o nível máximo.

— Os de Erebos também são. — Informou. — Mas, o que você acha que poderia ser a...

— Nós. — Ele a interrompeu de maneira súbita. — Nós somos a causa das diferenças entre nossas energias. — Falou resoluto.

— Por que diz isso?

— Você me ensinou que a Energia do Universo se movimenta pelo espaço em um fluxo constante. Contudo, ao passar por um corpo ou, no seu caso, plasma, ela pulsa. Isso só pode significar que, dentro de cada um de nós, a Energia do Universo é alterada, ganhando velocidades e cores específicas.

— Eu não poderia ter explicado melhor. — Gaia disse cheia de entusiasmo.

Porém, Zeus não se alegrou com o reconhecimento e, desiludido, encarou o punho fechado.

— O que foi? — Gaia quis saber.

— Mais uma vez, você estava certa. — Ele respondeu com pesar.

— Do que está falando?

— Minha força. Ela não se compara a sua, a de Erebos ou dos Titãs.

— Sim. — Disse com a sinceridade de sempre. — A velocidade de seus pulsos é menor porque seu corpo frágil não suporta uma grande quantidade de energia. Mas essa condição não impede que você faça um uso extraordinário de sua carga de força.

— Extraordinário?

— Como você mesmo acabou de descobrir, todos podem alterar a Energia do Universo dentro de si. Porém, alterá-la do lado de fora, no espaço, é muito mais difícil.

— Você já fez isso?

— Não. Quase toda energia acumulada em meu plasma, eu uso para sustentar minha ligação com a terra. O pouco que sobra é apenas o suficiente para me manifestar como espectro.

— Então, como sabe que é possível?

— Depois de passar todos esses dias analisando minha própria condição, e elaborando um modo eficiente de atacá-la, cheguei à conclusão que tem que ser possível, ou você não vai conseguir destruir Erebos, já que disparos normais de energia só vão deixá-lo mais forte.

— Se é assim, o que devo fazer? — Disse determinado.

THEOGENESIS | Livro Um | Os Deuses e o MundoWhere stories live. Discover now