THEOGENESIS | Livro Um | Os Deuses e o Mundo

Capítulo 33 | Vórtice Temporal

No fim da posse, as auras de Réia e Chronos explodiram juntas, esgotando suas energias. Graças aos punhos presos na encosta da montanha, a Senhora da Fertilidade permaneceu como estava. Já o Tempo caiu exausto no chão e, somente depois de muito esforço, conseguiu ficar de bruços, estender o braço trêmulo e tocar o vórtice, desaparecendo em um segundo.

Sem se surpreender com o sumiço de Chronos, Réia olhou para o alto e viu a noite terminar de cobrir o céu por completo.

Sobre um piso negro, riscado por incontáveis fios idênticos aos projetados pelo ventre de Archi, Chronos surgiu na mesma posição em que havia desaparecido. Perplexo, ele levantou devagar e, percebendo estar dentro de um longo túnel, virou-se para a esquerda, enxergando um pequeno ponto, do qual os fios nasciam como se fossem raios emitidos por um sol prateado.

— Aquele é a consolidação do passado. — O Tempo disse pensativo.

Em seguida, girando a cabeça, observou como os fios se expandiam a partir dali, correndo em paralelo pelas paredes do túnel, e se afunilavam à direita, morrendo em outro ponto brilhante.

— E aquele, a convergência do futuro.

Intrigado, o Senhor do Tempo se aproximou da parede diante de si.

— Então, cada um desses fios deve ser uma possibilidade. E apenas uma delas vai acontecer, tornando-se o destino. — Deduziu. — Será que consigo ver alguma? — Se perguntou enquanto pousava a mão, com cuidado, na superfície negra.

Reagindo ao toque de Chronos, os fios prateados brilharam, disparando uma descarga de energia, que machucou o braço do Tempo.

— Malditas Moiras! — Ele praguejou injuriado. — Vocês preenchem as etapas do meu domínio, mas não me deixam ter acesso ao seu.

Sem mais o que fazer ali, o Senhor do Tempo caminhou com determinação rumo à convergência do futuro. Porém, há um passo de sair do túnel, Chronos parou. Pesaroso, ele ergueu o punho fechado diante de seus olhos e disse:

— Quando eu atravessar essa passagem, meus filhos estarão unidos e prontos para me atacar com todas as suas forças, pensando que podem me impedir de aprisioná-los no Tártaro.

Contudo, ao lembrar-se da promessa feita aos Titãs, o Tempo recuperou a convicção, acendeu a aura e deu um passo a frente, desaparecendo.