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  Sabrina, depois que chegou de Paris, passou por várias fases. No começo focou no trabalho, fez oito cirurgias em uma semana, atendeu vários pacientes novos e pediu comida pelo celular todos os dias. Depois passou pela fase do choro e das lembranças. Foi só quando viu uma foto do Thiago com a mão na barriga de Raíssa que percebeu o que estava acontecendo. O relacionamento dela havia acabado. A vida dela estava indo pro mesmo buraco. Ela precisava reviver e para isso tinha que visitar uma pessoa.
Os saltos ecoavam pelo recinto, ela seguiu a enfermeira até uma sala grande, com várias mesas e um piano, os pacientes ficavam dispersos, alguns jogam bingo, outros jogos de tabuleiro, mas Nicole estava sentada de frente para o piano, tocava a música preferida de Sabrina. Fur Elise do Beethoven. A loira fechou os olhos, contemplando a arte da ex amiga e se permitiu sorrir. Seguiu-se assim pelos próximos dois minutos, quando a melodia cessou e Nicole se virou para ver quem estava atrás dela. Ao ver Sabrina sorriu.
— Foi Deus que trouxe você aqui — ela diz.
Sabrina ri.
— Prefiro acreditar que foi uma decisão própria.
— Venha, vamos sentar — Nicole puxa Sabrina pela mão e as duas sentam em uma das mesas, de frente para a outra. — Eu orei tanto para que você me perdoasse. Acho que Deus finalmente me escutou.
— Eu não vim aqui porque te perdoei Nicole.
— Não? Então por que veio?
— Eu preciso entender porque você fez o que fez.
— Isso não importa mais. Jesus perdoou meus pecados, agora só falta você.
Sabrina olha para o letreiro, Sanatório Evangélico Radley. Seria possível que eles tenham feito lavagem cerebral na Nicole que ela conhecia?
— Se quiser meu perdão terá que me contar o que se passava na sua cabeça antes.
Nicole sorri.
— Tudo bem então. Você sabe o quanto eu gostava de jogar, mas os jogos sem você ficaram sem graça — ela faz beicinho — senti saudade.
— E resolveu ferrar minha vida?
Ela ri.
— Não. Só que você não gostava mais de jogos, talvez, se não tivesse namorado, voltasse pra mim.
— Você é doente — Sabrina sussurra.
— Só Deus pode dar o devido julgamento — ela diz em sua defesa — eu me arrependi — Nicole, pega a mão de Sabrina que sorri para ela.
— Vem — diz se levantando — vamos fazer algo a moda do Projeto X.
Nicole se levanta.
— Como pretende me tirar daqui?
Sabrina sorri cúmplice.
— Eu sempre tenho uma carta na manga. Não tenho?  

6 NÃO SOU DONA DO MORRO MAS SOU FILHA DO DONOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora