27 - CORAÇÃO EM CHAMAS - ESTELA

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Eu estava na casa da minha tia, mas não estava de volta. 

Queria muito ver Adriel novamente, mas a visita a Mikaela me deixou atordoada.

Ele receberia alta naquela tarde e voltaria para as aulas de natação então, oportunidades em vê-lo não faltariam, mas eu estava aflita.

Pensei em passar alguns dias com meus pais, no entanto eu tinha obrigações a cumprir. Não era hora para perder o juízo de todo.

Mas, o que eu poderia fazer? Tenho o peito oprimido. Sei que a função desse sentimento é informar. Vejo sinais que informam que as coisas vão mal. Ah, pobre coração! É meu dever informa-lo de que não adianta chorar. Lamento, mas é sua função informar-se*.

Estava na aula e foram distribuídas tarefas para a conclusão do semestre. Em outro momento eu teria vibrado em alegria pela que me foi designada, mas naquele instante eu olhei para o papel que descrevia minha atividade de modo indiferente. Eu teria que fazer uma matéria ficcional, algum tipo de história da carochinha ou qualquer dessas. Eu não estava animada... Queria e ao mesmo tempo desqueria voltar para meu foco. Foi quando uma ideia iluminou meu semblante.

Estava de volta ao cenário que parecia dos meus favoritos nas últimas semanas. Eu entrara pela recepção e me dirigi ao café, sem notar qualquer ser vivo. Eu havia chegado com duas horas de antecedência a fim de me preparar para o que eu faria, quando fui interrompida por alguém. Interrompida pela única pessoa capaz de me tirar o intuito daquele instante e me fazer esquecer de todo resto...

Eu podia sentir o aroma suave daquela estação. Era Outono! Eu não estava congelando por dentro desta vez, mas estava inquieta. Sentia-me como se estivesse sonhando novamente. Era o que me faltava! Não conseguir distinguir a realidade da ficção.

Ele estava lá! Adriel não me disse nada a princípio, mas me encarou, ainda em pé, a frente da mesa em que eu estava. Eu não conseguia desviar meus olhos dele, mas em um ímpeto me levantei, me lembrando de que ele não conseguia se sentar sozinho. Porém, ainda amparado pelas muletas, ele gesticulou, interrompendo minha ação, ele não se sentaria. Meu coração estava acelerado... Era a realidade! O que ele queria?

Estávamos na mesa próxima a parede de vidro. Adriel usou do amparo dela e eu, continuei em pé, tentando acompanha-lo.

Antes que eu pudesse tentar balbuciar qualquer silaba, ele falou-me de modo enfático:

- Preciso falar com você!

Engoli em seco e me desviei de seu olhar, que me fitava de modo firme. Olhei a minha volta e percebi o ambiente lotado. Porém, não vi sinal de Daniel ou Vando... De Jadir ou Emerson... De Helena ou qualquer pessoa que pudesse interromper aquele momento. Por que eu estava agindo daquela maneira? Eu queria tanto falar-lhe, mas não estava preparada ainda e nem sabia como estar.

Não sei quanto tempo passou sem que houvesse diálogo. O tempo com Adriel era diferente para mim... Eu não conseguia conta-lo com a mesma precisão do que em companhia de outras pessoas. Eu agora estava suando frio e o ar começava a me faltar.

Voltei a fita-lo e ele se mexeu de modo a buscar algo no bolso de sua jaqueta. Curiosa acompanhei quando, de lá, ele retirou algo que me fez sobressaltar.

- Helena pediu que te entregasse... – Falou de modo baixo, mas bem audível. Helena havia entregue meus óculos para Adriel?

- Ah – expressei-me tentando me aliviar. – Eu devo ter esquecido deles na última aula.

- Você nunca vem para as aulas de óculos. – Contestou-me de modo seguro, para meu espanto maior. O que ele estava querendo me dizer?

- Foi uma distração – respondi, desviando, novamente o olhar. Covarde!

Adriel esperou que eu voltasse a fita-lo para, novamente, falar:

- Esqueça Estela! – Expressou-se me fitando nos olhos e aumentando meu espanto. – Você não pode ajudar.

Ele esperou que suas poucas frases me fizessem efeito. Minha expressão aturdida deve tê-lo incentivado:

- Não volte a se aproximar.

Finalizou ele, desviando enfim seu olhar inquisidor e se retirando lentamente, roboticamente, sem nem olhar para trás, deixando-me arrasada, sem chão, sem ar, com o coração em chamas e pulsando à medida que seus passos tocavam o chão - o golpeando.

*Frase de Ibraíma Dafonte Tavares para o curso de Preparação e Revisão da Unesp.

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Comovida pelo momento e com tudo que Estela e Adriel, Mikaela e Emerson, Jadir e Natalie têm passado, precisei de um tempo para continuar a história. Agradeço muito pela companhia de vocês, que são meus cúmplices e testemunhas de que o amor pode se manifestar de diversas maneiras e a falta dele destrói mais do que qualquer bomba nuclear. 

Até breve queridos! ;)

DEBILITADO - Livro 1 [COMPLETO] - Trilogia dos irmãos AmâncioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora