23 - ENFIM PAZ, CÉLICA PAZ... - Mikaela

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Eu não aguentava mais, precisava fugir!

Foram inúmeras discussões ao longo dessa minha curta vida... Como poderia tomar partido?

Meus pais viviam em discussão e, muitas vezes, beiravam as agressões físicas, sobrando até para mim.

Eles eram infelizes, era fato, mas por que não se separam? Engana-se quem pensar que era por minha causa. Aparentemente a partilha de bens era o maior problema...

Nós vivíamos uma vida familiar até que tranquila. Meu pai que trabalha no ramo de transportes de mercadorias fez um investimento no setor de transporte público. Poucos anos depois o investimento começou a dar lucros substanciais então, as discussões começaram. Suspeitas de infidelidade por parte de minha mãe acaloraram essas discussões e, então, minha vida se infernizou. Eu já não existia para eles.

Ainda assim, o problema maior ainda não havia chegado, mas estava prestes a ruir... Meu irmão mais novo, de 10 anos, foi diagnosticado com leucemia. Meus pais e eu fizemos o teste para a doação, mas nós três nos mostramos incompatíveis. Ao invés de se preocuparem em achar um doador, minha incompatibilidade em específico foi pauta para maiores discussões. Infelizmente, meu irmão não pôde esperar que estas cessassem...

Faz dois meses que já não temos o pequeno Hugo conosco e, minhas tentativas de "fuga" física e mental passageiras não são suficientes para afastar de mim toda a dor que meus genitores têm causado.

- O que você pensa em fazer?

Emerson tem me dado muito apoio. O conheci enquanto "fugia" de casa, para mais alguma atividade de preenchimento mental que já não surtia efeito.

- Eu vou embora...

Estávamos no café da academia em que eu fazia aulas de natação e Judô. Era uma tarde ventosa.

- Para onde?

Ele estava preocupado e eu me preocupava por sua preocupação... Confuso, eu sei! Eu havia me apegado a alguém... No entanto, não me era suficiente. Nada mais me era o bastante para tirar de mim toda a aflição que me destroçava.

- Para longe...

Mecanicamente me levantei. Peguei minha mochila e saí em direção a saída lateral do café que dava para uma rua oposta à minha. Há muito tempo eu caminhava por ela e sentia-me segura em nela estar. Oposta, distante...

Saí sem olhar para trás, abafando meus ouvidos para todo o som a minha volta, apenas relembrando as palavras ofensivas pelas quais meus pais se dirigiam mutuamente e as concentrava para mim sempre que me viam. Estas eram altas o suficiente para fazer com que eu não conseguisse distinguir qualquer outro som.

Assim que abri a porta senti o baque do vento. Algumas lágrimas que escorriam por minha face foram espalhadas e levadas para minha oposta. Sentia que poderia ser um sinal. Minha velha vida eu estava deixando e estava pronta para uma nova... Assim como minhas lágrimas, minhas aflições estavam ficando para trás. Estava pronta para uma nova vida em que eu não mais sentiria dores, que as pessoas fossem amistosas umas com as outras, altruístas, dispostas a partilhar o bem, o amor, o perdão...

Eu estava tão tomada pelos meus pensamentos que, talvez, devesse ter direcionado devida atenção aos alertas que faziam a minha volta. Não sei bem... Algo tentava me tirar daquela minha mentalidade fixa, como se minha vida fosse uma folha de papel com alguém balançando-a para secar depois de ter sido umidificada por acidente.

O tempo para mim parecia andar lentamente, como se cada segundo representasse minuto e cada minuto representasse hora. Sendo assim, estive sensível para perceber que o vento mudara sua direção de modo repentino e uma lufada estrondosa estava para me alcançar como uma onda do mar.

Foi quando eu desviei minha face e olhar do meu horizonte e olhei para um dos meus lados. Não sei definir bem se olhei para esquerda ou para a direita no momento... Mas, vi uma luz bem forte se aproximando, me envolvendo, me consumindo.

Não sei bem onde estou agora, porém lhes garanto que o meu desejo foi atendido. Nunca senti uma paz tão grande na minha vida... Aqui não há discussões!

Vou procurar o Hugo, ele deve estar brincando de esconder novamente.

***

Estela

"Desculpe não poder te encontrar, mas meu irmão teve um desmaio, nada muito grave. Eu só queria te avisar que sua amiga Mikaela está hospitalizada gravemente, pediram para eu te avisar. " – Daniel.

Mikaela? Internada? O que estava acontecendo? 

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Muitas vezes enfrentamos grandes desafios... Seja em casa, no trabalho, família, amigos, namoros, em tudo! Mas, temos sempre a chance da escolha - o que devo fazer? Deixar tudo ou enfrentar tudo?


Obrigada pelo carinho de vocês e perdoem o atraso! Em breve mais capítulos virão!!! 

DEBILITADO - Livro 1 [COMPLETO] - Trilogia dos irmãos AmâncioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora