19 - MINHA INSENSATEZ - Estela

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A viagem pareceu levar anos-luz, mas enfim alcancei meu destino. A noite já avançara e as nuvens ocultavam o brilho dos astros celestes. Vez ou outra, descobriam a singela lua que, em seu estado minguante, lutava para trazer um pouco de luz, mas estava fracassando... O breu invadira o território no qual eu estava, mas por sorte minha eu já havia estado ali em uma noite quase tão escura quanto.

Por sorte o ônibus me deixara muito próximo do endereço e me apressei. Com tanta impaciência e correria, eu começava a suar, mas o suor era frio. Eu queria acreditar que eu estava daquele jeito devido ao meu estado catatônico, mas meu pressentimento era o pior...

Cheguei ao portão e chamei, toquei a campainha, berrei, mas nada... Não havia ninguém ali. Mas, para onde poderiam ter ido?

Eu não sabia o que fazer. Havia me distanciado da casa de minha tia e dos arredores do que eu conhecia para poder estar ali, uma atitude impensada, eu sei. O melhor seria ter voltado para casa e ligado para Daniel. Eu havia perdido meu tempo e ainda não continha a preocupação. Afinal, o que estava acontecendo comigo?

Apoiei-me na calçada em frente à casa dos irmãos e levei minhas mãos ao rosto quase em desespero... Não adiantava ficar me questionando a respeito de minhas atitudes insensatas dos últimos dias. Eu sabia o que estava acontecendo comigo, só estava difícil de admitir.

Eu estava apaixonada de verdade pela primeira vez na minha vida...

***

Não sei por quanto tempo fiquei ali na calçada, quando senti uma mão em meu ombro e uma voz familiar. Senti-me como em um dos momentos mais reconfortantes da minha vida.

- Estela é você? – Perguntou-me Vando, o vizinho. Eu não conseguia distingui-lo totalmente, mas pelo tom de voz ele estava realmente surpreso por me ver ali. – Eu vinha me aproximando e quase não acreditei. O que faz aqui?

- Não há ninguém na casa – falei apontando para ela, com o dedo indicador trêmulo. – O que houve?

Vando abaixou a cabeça, eu pude ver. Seu silêncio me pareceu quase que mortal. Aquilo tudo só podia indicar que...

- Adriel sofreu um ataque do coração e tiveram que o levar às pressas...

O forte vento que embaralhava meus cabelos não foi forte o suficiente para me fazer não ouvir o que Vando havia dito em tom quase de sussurro. Senti-me febril e, por um instante, achei que iria desfalecer. Gotas de chuva começaram a invadir minha face... Ou seriam lágrimas? Minhas lágrimas...

***

- Você não deveria sair tão mal agasalhada assim menina. Não percebe que poderia ficar muito doente?

Fiz um gesto sem graça de concordância, enquanto a mãe de Vando me recebia em sua casa. Eu estava tão distraída que pouco notei que o vizinho havia me convidado para ir até a casa dele para me proteger do breve temporal.

- Já não parece estar bem... Vou fazer um chá de gengibre. Sente-se logo, minha filha! – A dona... não sei o nome... falou-me de um modo bem afoito. Assim que ela se retirou, sentei em uma das cadeiras e questionei Vando:

- Como foi?

Embora a pausa no assunto, Vando sabia do que eu falava.

- Foi de repente. Ele estava no banho e se sentiu mal. Natiel e eu o vimos quase desfalecido.

- Para onde foram, Vando? – Eu estava sentindo minha face arder, enquanto falava de modo firme, quase que desesperado.

Para meu infortúnio, a mãe de Vando voltara com um chá e interrompera a conversa.

- Tome enquanto está bem quente – adiantou-me. – O que você veio fazer aqui criança?

- Ela veio visitar os irmãos mãe – falou Vando em minha vez, enquanto eu forçava o chá goela abaixo. Senti, por meio daquele ato, que minha garganta estava querendo fechar.

- Ah, pobres meninos... – falou a mãe em lamentos, enquanto se sentava em uma cadeira ao meu lado direito. – O sofrimento deles parece não acabar nunca.

Engasguei e tossi, quase que regurgitando tudo o que eu havia ingerido.

- Oh cuidado, tome devagar – preocupou-se a senhora, enquanto me oferecia uma toalha de pano.

- O que a senhora quer dizer? – Perguntei em meio aos engasgos e em sufocos.

- Ah minha filha... – falou enquanto passava um outro pano na mesa, próximo de mim. – Esses meninos passam por muitos problemas. O afastamento do pai, o assanhamento da mãe e agora o pobre Adriel... – interrompeu-se suspirando.

- O que tem ele? – Incentivei-a, já mais segura vocalmente.

- Pode ser algo ruim o que eu venha a dizer, mas, não dá para ter certeza se ele voltará com vida... Talvez fosse melhor que não. Ele sofre por demais...

- Não diga isso, coroa – enuviou Vando!

- Não. Não pode ser assim – alterei-me sem pensar e me levantei. – Não será assim!

Direcionei-me para a saída, sem me importar com meus modos rudes. Vando, no entanto, me alcançou e se expressou:

- Desculpe a minha mãe, você não sabe tudo o que se passou...

Interrompi suas desculpas de forma irritada:

- Ainda assim, eu...

- Ele está no hospital central, há quatro quadras daqui – Interrompeu-me, diminuindo o tom de voz. – Ele ficará bem.

- Eu sei que ficará – falei firme e observei a mãe dele que ainda estava sentada na cadeira, fitando a parede da frente, de modo triste.

Balancei a cabeça em agradecimento ao Vando e me retirei. Eu já estava ali e iria prosseguir. Minha cabeça há muito já não me guiava... era a vez do coração!

***

Oh não! O que será de Adriel agora? E o que Estela fará com essa nova paixão? Próximo capítulo virá em breve (acredito que ainda nessa semana). Muito obrigada leitores!  Fiquemos na torcida por nossos guerreiros!

DEBILITADO - Livro 1 [COMPLETO] - Trilogia dos irmãos AmâncioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora