Submissos do destino

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Existem duas coisas que podem estar consequentemente ligadas: O destino e a coincidência.

O destino pode levar à coincidência e esta provavelmente será por obra do destino.

Trazendo isso para o contexto do que acabei de descobrir, temos:

O destino levou Edward e eu a terrível coincidência de ter seu pai assassinado por meu pai. Enquanto que a coincidência disso tudo foi uma impiedosa e cruel obra do destino.

Estou mergulhada profundamente em devaneios a respeito dessa insensível ação da coincidência e do destino. E não consigo chegar a nenhum pensamento plausível.

Eu não conheço meu pai e não sei como ele é. Se eu o ver na rua, não me fará a mínima diferença, pois ele será como um cidadão qualquer; um desconhecido.

Edward quer acabar com ele. Quer tortura-lo e depois entrega-lo para policia. Eu não o conheço mesmo e não deveria estar me preocupando com isso.

Mas por que estou?

Por que estou com uma angústia interminável dentro do meu peito?

Pode ser simplesmente por ter descoberto um fato importante sobre ele: Meu pai é um traficante e assassino de pessoas.

Isso é, obviamente, um motivo suficiente para não estar tranquila desde ontem quando saí da casa de Edward.

E agora, mais do que nunca, atiçou-me um desejo incontrolável de conhecê-lo. Gostaria de pelo menos ver seu rosto, antes que ele fosse preso. Gostaria de ver toda a negritude do olhar desse homem tão fora da lei.

Eu me considero idiota por estar querendo isso. Sinto-me totalmente inoportuna por estar desejando conhecer um bandido...

Depois de ter me aprontado para ir à faculdade, entro na cozinha para tomar um café.

Como imaginei, encontro minha mãe debruçada sobre a mesa e com sua xícara de café na mão.

- Bom dia, filha - ela diz, percebendo minha presença quando me sento à mesa.

- Bom dia. - digo, me servindo do café.

Enquanto vou bebendo, uma coisa vem a minha mente e começa a me intrigar.

- O que houve, Sophie? - ela questiona. - Você está um pouco estranha.

Eu olho bem no fundo dos seus olhos, procurando evidências em seu olhar que expressem que eu estou errada.

- Mãe, se há alguma coisa que você omitiu e não me contou ontem por Edward estar aqui, agora é sua hora de falar. - digo, dando uma chance para ela.

- O que você está dizendo? Eu disse tudo. Não há mais nada. - afirma.

- Tem certeza? - olho-a, desconfiada.

- Não estou escondendo nada. - ela diz, receosa.

- Então, acredito que você não saiba que meu pai é um traficante, não é?

Ela imediatamente arregala os olhos, e engole em esforço o café.

- Como... Como você soube? - ela pergunta, espantada.

- Como eu soube não importa. Eu deveria saber por você, porque é evidente que sabia.

Seu semblante se entristece e ela abaixa o olhar.

- Você iria me esconder isso também. - falo, indignada.

- Não era pra você descobrir. Afinal, qual era a utilidade que isso traria para sua vida? Só iria te deixar mais angustiada...

InalcançávelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora