Suspeito

1.2K 120 32
                                    

Minha pergunta ecoa dentro da minha cabeça. Mas nenhuma resposta chega aos meus ouvidos.

Edward me olha atônito, apertando o celular em suas mãos. Em seguida, desliza o aparelho para dentro do bolso, como que para disfarçar seu estado de nervosismo. Ou para assim atribuir um fingimento de não entendimento do que acabei de falar.

Eu sei que ele entendeu muito bem. O tom da minha voz e minha pergunta lhe pegou desprevenido. Seus olhos adquiriram uma expressão séria e seu corpo paralisou, se tornando tenso.

Iria pedir para que ele me falasse de uma vez por todas, mas me lembrei de que não gosta de ser "pressionado". Então continuei parada esperando qualquer gesto ou atitude da parte dele.

- Então, vamos? - diz me dando as costas e se direcionando até o seu carro.

- Edward, o que você está escondendo? - pergunto ao entrar no carro.

- Por que a pergunta? - fala calmamente, mas mesmo assim percebo seu desconforto.

- Por quê? - dou ênfase a sua resposta com outra pergunta. - Essa não é a primeira vez que você se afasta de mim para atender uma ligação.

Edward parece que está querendo se livrar de mim o mais rápido possível, dirigindo em uma velocidade considerada alta para essa ocasião.

- Você pode dirigir mais devagar? - peço.

No mesmo instante ele diminui a velocidade. Mas continua sem olhar para mim.

- Não é nada de mais. Não sei por que você se importa tanto com isso.

- Toda vez que seu celular toca perto de mim, você se afasta para atender. Você quer que eu pense o quê?

Já estamos em frente do meu apartamento. Ele desliga o carro e olha para mim.

- É uma mania que tenho quando vou atender o celular, não é nada relacionado com estar escondendo algo de você. - defende-se destravando a porta e saindo do carro. Logo em seguida dá a volta e abre a porta para mim.

- Também não é só isso. Logo após essas ligações você fica muito estranho... Como hoje. - afirmo parada encarando ele na calçada do prédio.

- Isso é coisa da sua cabeça.

Será que estou me precipitando ao confrontá-lo desse jeito? Talvez ele esteja certo, eu posso estar só alimentando coisas que não existe na minha cabeça.

Mas e a outra ligação que segundo Edward partia de sua mãe? Estarei eu também imaginando coisas?

Não. Eu tenho certeza que ele fica mais estranho. É possível perceber que antes e depois de atender o telefonema ele adquire uma expressão diferente.

- Acredito que não seja coisa da minha cabeça. Quem estava ligando para você hoje? Me diz! - o afronto.

Edward balança a cabeça discordando do que eu acabei de dizer.

- Ninguém importante... - arqueio uma sobrancelha, mostrando que não foi exatamente isso que eu perguntei. - Já vi que você desconfia de tudo também. - ele diz nenhum um pouco calmo.

- Eu não desconfio de tudo. Suas atitudes que me fazem perder a confiança em você.

- Então você acaba de dizer que não tem confiança em mim, é isso? - ele indaga levantando as duas sobrancelhas em um tom aparentemente irritado.

- O fato é que a cada dia que se passa minha confiança em você só vai diminuindo à medida que percebo que você também não confia em mim. Não é possível conviver em um relacionamento que não haja confiança um no outro. - digo em um tom de voz entristecido, abaixando a cabeça.

InalcançávelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora