Memórias

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Edward

Flashback

Della puxa-me para mais um beijo. Nossas bocas se encontram com voracidade, com uma necessidade suplicante.

Ela faz com que meu corpo caia bruscamente no banco do carro. Em seguida sobe em cima de mim e me olha com malícia, grudando mais uma vez sua boca na minha.

Tudo que sinto é desejo e ela só me atiça ainda mais, fazendo com que eu perca todo e qualquer pensamento racional.

Beijo-a com a mesma intensidade em que ela me beija e vou passando minha mão impensadamente por suas costas. Della logo reage puxando minha camisa para fora do meu corpo e a jogando para um lado qualquer do carro.

Meu celular vibra dentro do meu bolso. Eu ignoro aquilo, pois seus incessantes beijos estão me deixando louco.

Quando a vibração no meu celular passa a ser ininterruptamente, eu finalmente desperto, me lembrando de que só pode ser meu pai.

- Della, espera. - digo livrando-me dela, para conseguir alcançar meu aparelho.

- Ah, logo agora. - ela diz frustrada, sentando-se normalmente.

Recupero parcialmente minha respiração normal e atendo o telefonema.

- Oi, pai!

- Edward, onde você está?

- É... estou na rua... - falo, omitindo que estou com minha namorada, a qual ainda não conhece, e em que local específico me encontro, que no caso seria estacionado ao lado da praia.

- Venha me buscar aqui. - ordena.

- Onde? - pergunto, sentindo uma pontada de preocupação se apossar de mim.

- Você sabe...

- Pai, não acredito!

- Edward... estou... te esperando. - finaliza com a voz embargada, demonstrando que mais uma vez não cumpriu com o seu prometido.

Guardo o celular no bolso e apoio meus cotovelos no volante, afundando meu rosto entre as mãos.

- Edward, o que foi? - Della pergunta, tocando levemente meu ombro.

- Nada. - afirmo, desafundando minha cabeça e não a olhando nos olhos.

- E por que você está assim? - ela insiste.

- Eu já falei que não é nada! - digo com rispidez, me arrependendo no mesmo instante, mas não faço um pedido de desculpas.

- Também não precisa falar assim.

- Vou levá-la para casa.

Ela não diz nada, provavelmente está emburrada por esta interrupção em nossas carícias e a forma que acabei de tratá-la.

Viajo com minha visão por todo carro até encontrar minha camisa que foi parar no banco de trás. Visto-a em seguida.

- Estava melhor sem ela.

Mesmo com um humor para baixo, eu sorrio fracamente.

- É, eu sei. - brinco sem vontade e giro a chave de ignição, partindo dali.

Eu me sinto um lixo por ter vergonha do meu pai. Não é vergonha da pessoa que ele é, e sim da pessoa que ele está se tornando ou posso dizer da pessoa que ele se tornou...

Seria um abalo para nossa família se todos descobrissem o que meu pai, o senhor Hector Scott, anda fazendo. A mídia possivelmente faria um escândalo e a notícia se repercutiria por toda cidade.

InalcançávelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora