Declarações conturbadas

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Tudo que queria agora é que essa angústia; esse desconforto; essa desconfiança, que está me corroendo por dentro fosse um terrível pesadelo. Mas que ainda assim não faria parte de realidade.

Se tudo que estou sentindo fizesse parte de um pesadelo, eu não estaria agora alternando pensamentos preocupados com minha mãe por desconforto em estar ao lado de Edward.

Durante o caminho para a faculdade passei a maior parte do tempo calada, presa aos meus temores e inquietações. Respondia ou comentava vagamente alguma coisa que Edward perguntava ou falava.

Na sala de aula foi a mesma coisa.

Eu estou olhando fixamente para meu suco de laranja que ainda está quase que todo no copo, pois ainda não bebi quase nada.

Fico mexendo no canudinho sem conseguir encarar Edward depois do ocorrido de ontem.

- Sophie, não vai tomar seu suco? - a voz levemente rouca dele chega aos meus ouvidos.

Olho para ele de forma automática. Dou de encontro com seus olhos questionadores. Com certeza ele já deve ter percebido que há algo de errado comigo.

- Sim. - digo levando minha boca até o canudinho e sugando um pouco do suco.

Os próximos minutos continuam silenciosos. Fico raciocinando e analisando as conclusões que devo chegar sobre Edward. Tudo só me direciona para algo, por mais que eu force meu cérebro a martelar em outras hipóteses, não é possível.

A resposta para suas atitudes, essas ligações, sua mudança de humor repentinamente e seu encontro com aquele homem, já está formulada em minha cabeça.

Dou uma olhadela para Edward de forma desconfiada. Ele já estava me encarando. Não sei por quanto tempo, talvez o suficiente para notar minha estranheza.

Fico perdida dentro de seus olhos, tentando procurar algo que transpareça minhas dúvidas. Ele, da mesma forma, me olha de uma forma penetrante, sufocadora. Como se seu olhar tivesse o poder de descobrir tudo que estou pensando.

- O que você está pensando? - ele finalmente pergunta de um modo calmo.

- Nada...

- Você não quer me dizer, não é? - prossegue, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

Fico calada. Não respondo nem que sim, nem que não.

***

Abro a porta do apartamento com Edward atrás de mim. Tenho um forte pressentimento que não será nada agradável estar no mesmo lugar que ele. Ainda mais quando uma bomba dentro de mim está prestes a explodir, e dirigir-lhe todas as acusações e suspeitas que tenho.

Ao entrar ele vai direto para a sala sentar-se no sofá. Eu, ao contrário, sigo para cozinha. Edhie logo chega aos meus pés, miando baixinho.

Bebo um copo d'água. Abro o armário e pego um barrinha de chocolate. Estou muito nervosa que acho que isso pode me ajudar um pouco. Infelizmente, estou errada. É inevitável acabar com meu nervosismo.

Quando vou jogar a embalagem do chocolate no lixo, vejo ali o bolinho de papel que depositei raivosamente pela manhã. Tampo a lixeira e ignoro totalmente aquele pedaço de papel amassado.

Aviso para Edward que estou indo tomar banho e ele assente, continuando a me esperar.

Queria poder enrolar o máximo possível no banheiro. Mas, não devo fazer isso. Sinto que preciso enfrentar meus medos e encarar Edward de frente.

Vou para onde Edward está e me sento no braço do sofá ao seu lado.

- E ai, o que vamos fazer?

InalcançávelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora