Hesitação

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Uma das piores dores do mundo é a dor do vazio, porque não conseguimos explicar o vazio, apenas sentimos de forma fervorosa entre nossos sentimentos. É como você sentir aquela angústia por todo o dia, aquela tristeza, e não saber o porquê. Ela te consome, te fere, pode até fazer você chorar, mas simplesmente não conseguimos decifrar e acabamos com aquilo dentro do peito.

É uma dor causada por estar sentindo a ausência de algo, e tendemos a ficar completamente sem saber o que está acontecendo dentro de nós mesmos.

No meu caso existem várias razões para estar assim. No entanto, eu não sei dizer qual delas está me causando a dor do vazio. É horrível se sentir assim.

Algo que pode estar me causando isso: Edward. Na verdade, a falta dele.

Eu não consigo expulsar da minha cabeça que para Edward eu fui apenas um brinquedinho, que estava divertido enquanto não me interferia em sua vida, mas que depois perdeu toda a graça, quando deu para querer se atribuir a função de mais do que um "brinquedinho".

Ele nunca disse que me amava. Eu também nunca disse isso pra ele, mas eu já estava considerando a ideia de dizer, já que eu estava quase certa que o amava.

Minha confirmação absoluta só aconteceu quando já estávamos separados. Dói muito amar uma pessoa que te trata com indiferença.

Como faço para expulsar esse sentimento por ele de dentro de mim?

Será que se eu tivesse dito antes que o amo, ele retribuiria? Ou não? E se retribuísse seria de forma verdadeira?

Quando ele disse que estava apaixonado por mim, ele dizia a verdade?

A resposta simultaneamente vem do meu cérebro e do meu coração: Não!

Eu só queria poder continuar deitada na minha cama e não sair nunca mais. Não queria ver como o mundo é injusto estampado em uma única pessoa.

Porém não posso ficar aqui. Tenho que comparecer, mesmo que sem querer, às aulas.

Vou para o banheiro com a preguiça e o desânimo tomando conta de mim. Tomo um banho gelado, pois logo pela manhã o calor já está impregnado na cidade.

Olho-me no espelho. Minha aparência não está nada boa, meus olhos denotam tristeza e ressentimento.

Hoje não irei deixar meu cabelo solto, ele irá ficar preso em um rabo de cavalo. Incomoda-me em ver minha cara lavada, sem um ar de alegria e sem uma cor que demonstre vida.

Pego meu estojo de maquiagem. Passo um lápis e uma sombra leve. Verifico minha imagem no espelho e fico satisfeita com a pequena diferença que deu ao meu rosto.

Tomo meu café rapidamente, coloco a ração para Edhie e desço para a garagem.

Saio lentamente para a rua com um desejo de mudança. Uma mudança que partirá de dentro de mim, que me fará camuflar esse vazio e, por conseguinte acabar com ele. Uma mudança que revitalizará minhas forças para não ser mais esta garota que chora pelos cantos e que fica deprimida. Uma mudança que se chama esquecer tudo de ruim que aconteceu no passado. Esquecer tudo que me traga dor...

Um menino entra de repente na frente do meu carro. Ele ergue e balança os braços, fazendo sinal para eu parar.

Eu freio bruscamente, sentindo um enorme alívio quando o carro para a poucos centímetros do garoto e que seu ato imprudente não tenha ocasionado seu atropelamento.

O menino está vestido com roupas esfarrapas e sujas. Seu cabelo está todo despenteado. Deve ter aproximadamente de 8 a 10 anos.

Ele vem até a lateral do carro e bate no vidro que está fechado. O que será que ele quer?

InalcançávelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora