Pedaços desamparados

1.1K 123 20
                                    

Sinto uma tristeza profunda que parte do meu coração e percorre todo o meu espírito emocional. Não é algo passageiro. É um ciclo que não acaba nunca, dando continuidade, me afetando e me corroendo por dentro à medida que vai se repetindo.

Quando acordei uma pequenina porção de esperança se iluminou bem no meu interior. Eu acreditei que quando Edward viesse me buscar ele estaria mais calmo e pediria desculpas por ter sido tão grosso comigo; assim, eu acabaria pedindo perdão por tê-lo seguido, e conversaríamos bastante e tudo se resolveria entre nós.

Meu senso de esperança e ilusão estava totalmente equivocado. E só quando esperei igual uma idiota por ele, é que despertei tardiamente e vi que aquela pontada de esperança era inútil.

Olho as horas novamente. Sim, estou atrasada. Fui "sonhar" demais, deu nisso. Edward nunca que viria depois de ter saído daquela forma pela porta. Eu mesma pedi que ele não me procurasse e nem olhasse nunca mais na minha cara...

Dirijo para a faculdade lembrando-me da nossa conversa de ontem. Será que ele tem razão ao dizer que eu não deveria está me metendo em seus assuntos?

Talvez eu tenha agido de forma precipitada. Mas eu fiz isso em preocupação a ele.

Agora mesmo com certa raiva e mágoa, ainda continuo apreensiva com o fato de ele poder estar usando drogas.

Quando perguntei para Edward, ele simplesmente agiu surpreso, nem negou, como obviamente também não confirmou.

Fugindo de todas minhas deduções relacionadas a drogas, me pergunto: Afinal, o que ele estava fazendo com aquele homem?

Desço do carro e corro para a minha sala. Quando chego lá o professor já iniciou a aula.

Constrangida, eu peço licença, e entro no local. No primeiro olhar que passo pelo ambiente, encontro os olhos de Edward que desviam subitamente, assim que nossos olhares se esbarram.

Paro por um pequeno instante, sentindo um frio na barriga e o fortalecimento do ciclo de tristeza crescer dentro de mim.

Ele está em uma das cadeiras à frente, o que significa que quer ficar longe de mim.

Passo devagar por Edward. Ele nem sequer levanta os olhos na minha direção, continua de cabeça baixa, procurando algo em seu caderno, com certeza para disfarçar.

Era tudo que eu queria, que ele não olhasse nunca mais na minha cara. Mas na hora do impulso, a raiva fez com que as palavras saíssem descontroladas por minha boca. E não pensei que agora fosse machucar tanto.

Durante a aula, Edward não me olha nem para jogar sobre mim um olhar acusador e de ódio.

Sento-me sozinha em uma das mesas do refeitório. Não se passa nem um minuto e Della também se senta ao meu lado.

- Que cara é essa? - Della pergunta comendo seu sanduíche.

Antes que eu possa respondê-la, avisto Edward vindo nesta direção, fazendo com que as palavras travem na minha boca. Ele vem andando rapidamente, olhando para qualquer lado que não seja para mim.

Della percebe meu olhar e vê ele também, que passa por nós como se não nos conhecesse.

- Ei, Edward! Aqui! - Della grita para ele que está indo para o outro lado do refeitório.

Mal sabe ela que ele, sem dúvidas, nos viu. Só não quis demonstrar isso. E muito menos vai se sentar aqui.

Quando ele escuta o grito de Della, para de caminhar e olha exatamente para onde está nossa mesa. Primeiro ele pousa o olhar sério sobre Della, depois desloca os olhos para mim. Nossos olhares se encontram por um mero segundo, meu coração dá um pulo bem forte que chega até doer no peito. Sua expressão torna-se ainda mais séria.

InalcançávelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora