Algo está oculto

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Mãos entrelaçadas, passos lentos e uniformes. O vento sopra por nossos corpos, amenizando o calor da noite abafada.

Edward aperta minha mão, demonstrando afeto. Tudo está tão diferente do dia anterior em que acabamos discutindo por sua súbita viagem e posteriormente por causa do bilhete que acabei acusando-o de ser o redator destes. Depois deduzi que Edward estaria sendo sincero e preferi dar um voto de confiança a ele.

Há paz e tranquilidade. Não quero me lembrar de que tem um maníaco me atormentando com mensagens de arrependimento que para mim não fazem sentido algum. Quero somente poder aproveitar este momento ao lado do meu namorado.

Permanecemos de mãos dadas, andando pelo parque. Isso é tão maravilhoso, um passeio ao ar livre, nada melhor para poder relaxar e esquecer um pouco dos problemas da vida.

Várias pessoas já trafegam por aqui, e a tendência é aumentar mais. Como sempre há algumas que vem andar, correr; outras alternam seu tempo caminhando e sentando-se em um dos bancos; enquanto outros, como chamo "os preguiçosos", só ficam sentados, acompanhados ou não, comendo besteiras, olhando o tempo e/ou mexendo no celular.

Aperto a mão de Edward, por um simples prazer que tenho em fazer isso, não para chamar sua atenção. Ele olha para mim e sorri, e eu retribuo.

Percebo que muitas garotas passam por nós e ficam o encarando e umas nem ligam para o fato de que ele está acompanhado, e mesmo assim continuam a "comê-lo" com os olhos.

- Vamos correr? - Edward me desperta dos meus devaneios ciumentos, enquanto andamos ainda de mãos dadas.

- Correr? - faço uma cara de desânimo só de pensar no quanto ficarei exausta.

- Sim. Você não costuma correr?

- Na verdade foram poucas as vezes que fiz isso. Eu até que sinto vontade, mas só de me pensar correndo já me sinto cansada.

Ele abre um sorriso e exalta um olhar repreendedor.

- Deixe de preguiça! Nós só vamos correr até onde seu limite aguenta.

Então me lembro de que Edward me disse no dia em que resgatamos (ele resgatou) a gatinha da árvore, que sempre vinha correr quando estava bastante irritado e mal humorado. E que ao realizar tal atividade isto lhe ajudava a desenvolver um estado de menor stress.

- Não me diga que está irritadíssimo? - indago irônica com exagero, parando de andar e fixando meu olhar sobre ele.

Ele franze a testa. Em seguida sorri.

- Hoje não. Só quero correr um pouco mesmo.

- Ok. Vamos então.

Desentrelaçamos nossa mãos e corremos lado a lado, iniciando uma corrida lenta e equilibrada. Cada pisada que dou é uma aproximação progressiva do meu estado de esgotamento. Pode ser um exagero da minha parte, mas é como me sinto.

- Mais devagar, Sophie. Senão vai se cansar muito rápido. - Me instrui ao ver que estou correndo mais rápido do que deveria.

Faço o que ele pediu e diminuo a velocidade. Enquanto que meu corpo já começar a se amolecer pelo cansaço que começa a surgir, ele parece ainda ter fôlego para correr uma maratona.

Gotículas de suor se formam sobre minha testa. Minha respiração torna-se ofegante. Mas mesmo assim quero continuar, porque já se sentir cansada em poucos minutos de corrida é definitivamente vergonhoso.

- Respire fundo. - ordena sorrindo de lado.

Eu até imagino que devo estar feito um cachorro com a língua de fora, correndo igual uma preguiça, que teve que aprender a correr por alguma emergência e se locomove com rapidez e ao mesmo tempo com lentidão e moleza.

InalcançávelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora