A um passo...

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- Está fazendo o que aí, mãe? - digo entrando na cozinha, já preparada para ir à faculdade.

- Omelete de espinafre e queijo. - ela diz, virando-se brevemente para me olhar.

- Espinafre? - indago, fazendo um cara indiferente.

- Sim, é ótimo para saúde e você precisa comer. Pelo que vejo sua alimentação aqui não passa desses produtos industrializados e cheios de conservantes.

- Nem sempre.

- Sente-se aí e coma. - ela ordena.

- Ok, senhora. - digo sorrindo e me sentando na cadeira.

Corto um pedaço da omelete e levo a boca. Está muito bom. Minha mãe sempre foi ótima cozinheira, mas nem sempre tinha tempo suficiente para ficar cozinhando dos mais variados tipos de comida, por mais que gostasse muito.

Sentir o sabor de algo preparado por ela é tão bom. Sinto-me na minha verdadeira casa. Passa-me sensação de amparo e felicidade.

- Está muito gostoso, de verdade. - digo, comendo mais um pedaço.

- Eu sei disso. - ela diz, convencida.

- E cadê o outro?

- Ainda deve estar dormindo. - ela diz sentando-se ao meu lado.

- Ah. - digo, me levantando apressada. - Agora preciso ir, senão chego atrasada. - dou um beijo no rosto dela como despedida e saio em seguida.

***

Não me foge da cabeça a possibilidade de ter sido Edward quem ligou para minha mãe. Só pode ter sido ele, quem mais seria?

Agora eu me pergunto por que ele faria isso? Será que foi por causa de ter me encontrado "coincidentemente" naquele lugar?

Estou sentada no refeitório, não desviando o olhar nem sequer por um segundo de Edward. É como se eu quisesse encontrar ali em seu rosto a resposta para o meu insistente questionamento.

Ele está visivelmente incomodado com o quanto estou o observando, tentando ao máximo não olhar para mim, mas vez ou outra ele também me encara como se fosse um força maior que o impulsiona a fazer isso.

Ele fica sem olhar para mim por alguns minutos. Então, quando volta seu rosto novamente para minha pessoa, eu ainda estou olhando atentamente para ele. Edward ergue as sobrancelhas em sinal de indagação por estar encarando-o tanto. Em resposta, eu também levanto as minhas como se estivesse o desafiando.

Seu semblante continua sério, mas eu percebo que forma-se um quase imperceptível sorriso no canto dos seus lábios.

De repente endurece a expressão e levanta-se, quebrando nossas trocas de olhares.

Eu também me levanto e sigo-o para onde quer que esteja indo.

Ele caminha a passos largos, sem olhar para trás e entra na biblioteca. Eu faço o mesmo.

Há alguns alunos estudando ou procurando livros. Vejo vários rostos menos o de Edward.

Ando pelos corredores da biblioteca, caçando algum vestígio seu, mas não encontro ele.

Paro no final de um dos corredores e começo a pensar que ele já deve ter saído daqui...

- O que você quer comigo? - sinto o calor da sua respiração próxima ao meu pescoço.

Viro-me abruptamente, espantada com seu aparecimento repentino.

- Por que você gosta tanto de me assustar? - questiono, ansiando que minha respiração volte ao normal.

InalcançávelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora