Curiosidade

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Dou um passo em direção ao meu apartamento, dando as costas para Edward que está ali parado. Faço jeito de entrar, mas antes, me viro e olho para ele.

- Eu sei que você magoou muito Della. – faço uma pausa. – Se ela não quer conversar com você, então eu também não tenho nada para estar falando com você. – Digo com firmeza.

Ele franze a testa e balança a cabeça em sinal de negação, com se estivesse reprovando o que acabei de dizer ou a minha atitude. Depois dá um meio sorrisinho de lado, um passo para trás e vira-se, indo embora sem dizer mais nada.

Que cara mais estranho! Primeiro ele me segue, depois diz que precisa conversar comigo, para ajudá-lo. E em seguida, vai embora e não diz mais nenhuma palavra. Não que quisesse que ele insistisse. É claro que não! Só deveria dizer algo mais, só isso.

Após chegar, e ter comido qualquer besteira, pulo na cama, pois sinto um cansaço no corpo e na mente. Ouço o bip do meu celular, anunciando a chegada de uma nova mensagem, quando começava a cochilar. Estico o braço e pego o celular do outro lado da cama.

"Oi, filha! Estou com muitas saudades de você. Não te liguei porque aqui no banco tem muito trabalho acumulado e ando bastante ocupada ultimamente. Só queria te avisar que hoje à noite, eu prometo que ligarei para você, viu?! Beijos."

Muito esquisito minha mãe ter trabalho acumulado. Ela sempre faz questão de deixar tudo em ordem no banco onde trabalha como subgerente.

- Ah! Vá dormir Sophie, é disso que você precisa agora. – ordeno para mim mesma.

Abro os olhos devagar e avisto uma escuridão superficial que abrange todo o meu quarto. Me desperto rapidamente, abrindo completamente os olhos e me levantando da cama. Reparo que toda a extensão da casa está escura, então percebo que dormi a tarde toda e que agora já está anoitecendo.

Tomo um banho rápido e decido fazer uma caminhada pelo parque, que fica aqui perto do apartamento. Sempre que sinto vontade, me desloco para lá, com o intuito de caminhar um pouco.

Depois de ter vestido a roupa e calçado meus tênis, saio para a rua em direção ao parque.

Fico dando várias voltas por lá. Muitas pessoas também vêm aqui para realizar atividades físicas. Hoje não é diferente, alguns estão correndo, enquanto outros estão andando, assim como eu.

Após alguns minutos caminhando, resolvo me sentar em um banco que se encontra logo à frente. Vejo um cara andando, ele está de costas e não muito distante, mas a meu ver se parece com Edward. Talvez a forma de andar. 

Levanto-me, não sei o que estou fazendo, mas recomeço caminhar na direção deste. Ele se abaixa para amarrar os cadarços e me desloco mais rapidamente na tentativa de verificar se é quem estou pensando. Vou me aproximando, porém não o suficiente para certificar que é ele. Após ter levantado, seu celular toca, e ele diminui o ritmo de suas passadas.

Parece estar muito irritado com alguma coisa que conversa ao telefone. Posso ouvir sua voz daqui. A maneira como passa a mão pelos cabelos. Agora sim, posso assegurar que é Edward. Ele volta a andar mais rápido e profere uma última fala nervosa, antes de desligar o celular.

Dá alguns passos mais rápidos e em seguida começa correr. Afastando-se do perímetro do parque, em direção a uma rua qualquer. Por um impulso, começo a correr também, porém, paro de repente ao perceber que é inútil acompanhá-lo.

Chego e vou direto tomar um copo de água. Ainda ofegante pela caminhada, e mais ainda por ter visto Edward e seu comportamento inusitado.

Escuto meu celular tocando e lembro-me que nem o levei comigo quando sai. Ao pegá-lo em cima da mesa, me deparo com uma ligação esperada.

- Oi, mãe! – digo ao atender.

- Sophie, minha filha, que saudades!

- Também sinto a sua falta mãe. Espera ai! Por que deixou seu celular em casa, e me fez conversar com aquele canalha? – digo querendo uma explicação.

- Sophie! Já te disse para não falar assim de Roman. – ela me repreende. – E deixei o celular em casa, pois sai muito apressada e acabei me esquecendo.

- E por que a pressa? – pergunto.

- Nada de importante, nós não vamos falar disso né?! – ela desconversa.

- Outra coisa muito estranha é você deixar trabalho acumulado, é difícil acontecer isso... – digo desconfiada.

- Acabei tendo uns imprevistos, esse é o motivo. Tá ok?! – ela diz com a voz um pouco alterada.

- Por quê?

- Porque cai e me machuquei... e fui ao hospital fazer alguns exames. Satisfeita? – ela diz.

- Caiu? Você está bem?

- Estou bem! Não foi nada de mais.

- Roman não teve nada a ver com isso não, né? – falo apreensiva.

- Não! – ela responde rápido. – Que tipo de pergunta é essa?

A mesma pergunta que faço sempre quando aparece com alguma lesão corporal... Respondo-lhe mentalmente.

É sempre assim: minha mãe aparece com uma lesão, Pergunto o que aconteceu, e ela diz simplesmente que caiu, escorregou, bateu em alguma coisa, ou algo do tipo. Entretanto, como não confio no homem que vive com ela, desde os meus 9 anos, fico a duvidar da veracidade de seus relatos.

Converso mais algumas coisas com ela, sem tocar novamente nesse assunto, no entanto não deixei de pensar nem durante a conversa e nem depois sobre a possibilidade de Roman ter algum envolvimento em tais lesões. Um cafajeste desses é capaz de tudo...

***

Estou copiando o conteúdo que a professora acabou de escrever no quadro. Já me encontro na terceira aula. Esta aula que não tenho Della como colega, mas Edward sim.

Hoje quando vínhamos para cá, tentei perguntar para Della o motivo de tanta raiva do seu ex. E ela novamente me disse que não estava com humor para falar desse assunto, que em outro momento revelaria. E eu fiquei muito frustrada. Não consigo parar de martelar na minha cabeça essa questão. Nunca estive tão curiosa para saber de alguma coisa, não sei se tem haver com o fato de desvendar um pouco da pessoa que Edward possa ser ou somente uma simples e irritante curiosidade mesmo.

Ele está na fileira ao lado da minha, um pouco à frente. E como sempre usa jaqueta e botas de couro, e uma calça jeans meio desbotada. Seus pensamentos parecem estar longe, nem copiando ele está mais. E novamente surge uma angústia dentro de mim, em descobrir o quanto babaca ele foi para minha amiga.

Como se depois de alguns segundos percebesse que alguém estava o observando, ele vira o rosto na minha direção. Sinto minhas bochechas arderem de tanto constrangimento. Então sem pensar duas vezes, faço um sinal com a mão, para se dirigir até aqui. Ele estranha, pensa um pouco, mas logo se levanta e se senta ao meu lado.

- Eu aceito ouvir o que você queria falar ontem, mas só depois de me contar o que fez para magoar Della. - digo calmamente.

- Eu tenho um acordo melhor. Você promete me ajudar e eu te conto tudo o que aconteceu. - ele diz propondo outra coisa. Enquanto fixa seu olhar no chão.

- E como posso ter certeza de que depois de ouvir o que você fez, ainda vou querer te ajudar? - digo em tom interrogativo.

- Não precisa ter certeza de nada, é só dizer que sim e pronto. Afinal, tudo não passou de um mal entendido... - ele diz se virando para mim.

Fico com uma expressão confusa no rosto. Ele olha as horas no seu relógio e diz:

- Aqui não dá para conversar, te espero na lanchonete que fica aqui do lado, depois que a aula acabar. - ele diz com autoridade e se levanta.

- Não posso, tenho...

- Leve ela primeiro e depois volte. - ele me interrompe. Depois sai andando para sua cadeira e pega sua mochila no mesmo instante em que o sinal toca. E some pela porta afora.

*******
Esse Edward é muito misterioso, hein?!
Espero que tenham gostado. Votem e me digam o que acharam.
Bjss!!

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