XX - Matthew Burn

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Em um momento eu estou andando, noutro peço para os outros terem cuidado, logo depois ouço gritos, em seguida duas flechas acertam meu coração e tudo se apaga.

Aqui é tudo tão escuro, tão silencioso, tão vazio, não existe nada, uma hora você está respirando e em outra, você não existe mais, e falando em existir, será que realmente existo? Tudo acabou, e se acabou, minha existência não valeu de nada, talvez eu não tenha lutado o suficiente, eu tenha sido fraco, e a vida decidiu que eu não deveria existir. É tão triste pensar em como a vida é curta, e como eu a joguei fora por tão pouco, realmente, eu não merecia existir, tudo foi um desperdício, tantos momentos tristes, e poucos felizes, tudo jogado fora, tudo minha culpa. É difícil perceber que chega em um momento em que tudo acaba, que nada mais faz sentido, que você... você que não faz mais sentido.

Aqui não existe tempo, apenas um vazio, e depois de uma eternidade, ou talvez de poucos segundos, sinto algo estranho, algo chamado vida, ela toma conta de meu corpo, me fulmina por dentro, me destrói por fora, é uma dor horrível, talvez a morte não tenha sido tão ruim assim, mas a vida é, ela nos machuca, e depois, não sei o que vem depois, estou no meio de muitos que voltaram do nada, da morte. Meus olhos ardem com a luz forte vida de fora, mas pouco a pouco vou me acostumando, depois que me levanto, vejo Evelyn aos prantos do meu lado e o corpo morto de Max no chão ardendo em chamas e desaparecendo, deixando apenas cinzas e algo laranja no chão.

Depois que isso tudo de salvar o mundo começou, minha vida tem sido uma loucura, agora raízes brotavam do chão, e Max sai delas, me dando algo que parece uma espada, e me deixa para trás, dessa vez para sempre, junto a morte que agora sei que é seu pai. Talvez o destino dele seja aquele, viver, mas não viver, queria que esse fosse meu, meu destino.

Agora estamos todos reunidos ao redor de uma fogueira, isso que Max me entregou, é chamado de lâmina elemental, e isso só faz o fardo que devo carregar ficar mais pesado, pois aquilo era parte dele, enltão ele não me deixou para sempre, ele vai continuar comigo. Minha cabeça começa a girar por dentro, ela quer explodir -assim como eu- , sinto vontade de vomitar, mais informações chegando, agora de um mal que não conhecemos, e que vamos ter que lutar com ele para salvar a todos.

Melissa se prepara e volta a ler:

-ChernoBog é uma misteriosa divindade, cujo nome significa "deus negro". É um deus do caos, das trevas e do mal. Os povos acreditavam que todo o mal se originou a partir dele.
Os Habitantes da nova terra possuíam uma crença onde um deus benigno e um deus maligno travavam um eterno conflito.
Tem sido proposto que, se ChernoBog é o deus do mal, sua contraparte seria BeloBog ("deus branco"), BeloBog, como um princípio de luz e bondade, deveria ser o poder que contrabalança o impacto negativo das ações de ChernoBog.
O mundo foi criado por ChernoBog e BeloBog que, através do esforço conjunto, criaram o mundo com perfeição. Embora durante o processo de criação do mundo os dois deuses tenham entrado em conflito, as ações que um tomava contra o outro fizeram o universo ser como ele é. ChernoBog era o deus da metade do ano, em oposição à BeloBog - o governador outra metade. O governo de BeloBog, de acordo com essa crença, começa com o solstício de inverno, enquanto o governo de ChernoBog sobre a natureza começa com o solstício de verão. O próprio solstício de inverno era o dia da batalha entre esses dois deuses opostos, e nesse dia BeloBog obtinha a vitória.
ChernoBog tornou-se assim um deus do inverno e das trevas, uma terrível divindade que envolvia o mundo em escuridão.
Com medo do crescimento que ChernoBog estava tendo, BeloBog decidiu que o melhor a ser feito seria dividir-se em quatro partes, cada um governando uma parte da natureza e mostrando o quão poderosa ela era.
Os seres humanos daquele tempo tiveram acesso a materiais divinos de cada entidade e assim criaram a governante das sombras. As divindades uniram forças e aprisionaram ChernoBog, mas elas sabiam que não seria para sempre, então com uma magia muito forte, elas lançaram uma parte de seus poderes para futuros jovens que teriam o dever de salvar o mundo da escuridão eterna. Como os jovens iriam possuir literalmente uma parte de BeloBog, isso faria deles inimigos mortais de ChernoBog, que jurou voltar e acabar com tudo e todos.

Melissa foi interrompida por barulhos vindos da floresta, ficamos atentos pois poderiam ser outros monstros, em um movimento instintivo sem pensar, levantei a minha espada que agora emitia uma luz alaranjada na direção da floresta, vi um movimento nas folhagens, o ar agora estava com um cheiro diferente, esse cheiro fez eu me lembrar de quando eu era pequeno e saia para brincar depois que a chuva cessava, cheiro de terra molhada com um toque de citronela.

Pequenas criaturas surgiram das árvores, eles tinham o corpo feito de pedras redondas e a cabeça um pouco grande para o tamanho do corpo, eles seriam dóceis (por conta da aparência fofa) se não fosse pelas lanças que eles seguravam. Eles começaram a correr em nossa direção, nos preparamos para atacar, mas já era tarde, um deles (o que aparentemente era o mais velho) jogou uma espécie de pó esverdeado que nos paralisou.

As criaturinhas nos derrubaram e nos carregaram por um caminho dentro da floresta. Pouco tempo se passou e chegamos até uma imensa árvore, não sei como, mas eles entraram conosco dentro dela. Lá dentro era enorme, um grande salão se estendia por todo o interior da árvore, no centro estava uma grande poltrona com ela sentada, Dríade.

-Bem vindos meus pequeno heróis- Falou ela sorridente.

-Quanta falta de hospitalidade gente, por favor tirem esse encantamento deles- continuou um pouco brava com o pequenos seres.

-Desculpa- Disse um deles.

Eles removeram o encantamento com outro encantamento, mas dessa vez era um pó azul.

-Achava que não iríamos mais ver você- Disse Peter.

-Ah, pequeno garoto, vocês ainda vão me ver muito durante suas vidas-

-Tem algum motivo especial para nos trazer até aqui?- Perguntei.

-Não, não, eu só os trouxe aqui porquê fiquei muito feliz por vocês terem passado nesse tes... Quer dizer, por vocês ainda estarem vivos- Falou com um sorriso falso.

-E mais uma coisa, tenho um novo problema para vocês resolverem, o primeiro já se foi, e agora vem outro-

Ela ficou séria, levantou-se da poltrona e começou a flutuar, seus olhos emanavam um brilho amarelo e opaco. Da boca dela saíram palavras estranhas até que ela parou e Falou:

"Se você tiver a paciência da terra,
A justiça da água,
A força do fogo,
A pureza do vento
E a sabedoria das sombras,
Você esta livre!"

Luzes cintilantes começaram a rodar ao em volta dos nossos corpos, em cada um uma cor diferente, um a um fomos desaparecendo deixando apenas um brilho opaco para trás, e por último foi eu, tudo escureceu.

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