Declarações conturbadas

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Ele olha para mim e sorri. Não um sorriso que te acalma e alivia, mas um sorriso que disfarçadamente precipita o que está por vir.

- Senta aqui. - ele diz tranquilamente, batendo a mão ao seu lado no sofá.

Obedeço relutantemente.

- Agora, me diz o que está acontecendo. - diz, com o corpo virado para mim quase que completamente.

- É sobre minha mãe. - Resolvo confessar apenas uma parte do por que estou assim.

- O que tem sua mãe? - ele questiona me encarando profundamente, como que para analisar se vou soltar alguma mentira.

Então eu explico a situação da minha mãe para Edward. Digo que meu padrasto está agredindo ela, e que ela não entende que ele é um canalha, achando que este precisa de um tratamento e que não faz isso por querer.

Ele me escuta atentamente, sem nenhuma interrupção. Termino de falar, ocultando nessa história a minha experiência tenebrosa com Roman.

- Sua mãe deveria denunciá-lo imediatamente. - Edward diz com firmeza.

- Eu sei... - falo triste, imaginando que o que ela confessou pode ser pior do que o relatado. - Mas ela não quer enxergar a realidade. Ela acha que para tudo de ruim que existe nele, há uma razão cabível para isso. - abaixo a cabeça, sentindo o abatimento entrar em mim.

Edward instantaneamente levanta meu rosto com as duas mãos.

- Você tem que convencê-la. Ela não pode continuar nessa vida. - ele declara com bastante seriedade.

- Tenho medo de que quando ela se convença disso possa ser tarde demais.

Ele me abraça fortemente. Eu me aconchego em seus braços, deixando que por alguns segundos o calor de seu corpo traga-me um relaxamento profundo e me faça esquecer tudo que está acontecendo.

- Tem certeza que é somente por causa disso que está assim? - Desvencilho-me dos seus braços e o encaro espantada.

Já ia abrir a boca para falar qualquer coisa que viesse a minha cabeça, quando ele continua:

- Pensei que fosse alguma coisa comigo. - essa sua frase é como uma porta de entrada para verificar meu comportamento diante disso. Dessa forma, ele pode se certificar se vou mentir ou não.

Vejo que ele me conhece muito bem. Eu não teria coragem de negar que na verdade estava indiferente mais por causa dele. O máximo que consigo fazer é omitir. Então, fico calada e abaixo a cabeça.

- Sophie...

- Se tem alguém aqui que tem coisa a se explicar, esse alguém é você. - falo de cabeça baixa, da forma mais tranquila possível.

- Então eu não estava enganado, o problema é comigo mesmo. - afirma, me olhando intrigado. - Siga em frente. Conte-me o que está acontecendo.

- Você sabe muito bem. - declaro reunindo forças para afrontá-lo. - Eu é que não sei de nada. Portanto, eu que mereço explicações. - concluo.

- Não estou entendendo... - Edward diz balançando a cabeça.

- Edward, vou te pedir só mais uma vez. - o encaro, mostrando determinação. - Me diga o que te inquieta tanto, o porquê de suas atitudes estranhas. Revele para mim os seus segredos. - peço, mas não digo de forma a soar como um pressionamento e sim de uma forma que demonstra que só quer poder ajudá-lo.

Ele levanta-se abruptamente. Anda até o meio da sala, depois gira seu corpo, de maneira que fique de frente para mim.

- Você de novo com essa história?! - diz me olhando seriamente por um segundo, e em seguida virando as costas novamente.

InalcançávelWhere stories live. Discover now