A FILHA DO GENERAL

Não me Deixe Cair

Naiáde segurou o nervosismo diante da imagem, três criados do palácio imperial estavam à sua frente, lado a lado, cada um segurava uma caixa grande e claramente pesada. Não pode negar receber os presentes, mesmo que sua situação com James fosse incerta, poderia ser uma artimanha para amolecer seu julgamento ou um presente de despedida, só poderia saber ao certo quando soubesse de mais detalhes.

— É um presente de Sua Alteza, o príncipe herdeiro. Ele pede que use no baile que acontecerá no palácio em quatro dias.— disse um deles, Naiáde o reconheceu, este costumava estar seguindo o imperador com uma pilha de papéis nas mãos.

— Eu não sabia que haveria um baile, não recebi um convite.— disse surpresa, não havia aceitado nenhuma carta que chegara a vários dias.

— Na verdade, um convite chegou anteontem, o seu também, afinal é uma convidada ilustre Lady Naiáde.— disse o duque com a voz calma e constante, parecia até um pouco melancólica.

— Ora, nesse caso imagino que eu não possa recusar, dado a quanto devo ao imperador.— afirmou com humor amargo.— Me permita.— declarou andando até um dos servos e levou as mãos para abrir a caixa que ele segurava. Depois da sala do tesouro de Cargia e dos presentes anteriores de James, ouro ou jóias não a surpreendiam muito mas aquele colar não era só ouro. A pedra solitária no centro chamou sua atenção, de um azul cristalino e a corrente fina e delicada, como se fosse se partir ao mínimo toque, sequer parecia pertencer a este mundo.— É maravilhoso.— murmurou sem pensar, o servo deu uma risada baixa orgulhosa.

— Fico feliz em saber disso, senhorita. Sua Alteza vai ficar satisfeito em saber que foi do seu agrado.— disse.— Agora que já entregamos, vamos nos retirar, os preparativos para o baile demandam muito atenção.— informou se curvando.

— É claro, tenham uma volta segura.— disse o duque com um sorriso bonito iluminando o rosto. Naiáde encarou as caixas por um tempo e só voltou a si quando Erick voltou para o seu lado.— O que está te preocupando?— disse subitamente fazendo o corpo da mulher ter um solavanco pelo susto.— Oh me desculpe.— completou rindo.

— Eu preferia não ir.— disse fazendo uma careta.— Minhas opções diminuem a cada dia que passa, logo nenhum espartilho vai poder disfarçar o volume da barriga.— declarou pensativa.— O que faria no meu lugar?— questionou, Erick a olhou surpreso, já havia se imaginado em muitas situações mas nunca em ser uma mulher grávida.

— Bom, se eu estivesse no seu lugar, Lady Naiáde, eu casaria com o duque Wharton, me tornaria duquesa e daria a criança uma família com a qual ela poderá contar. Ouvi dizer que ele é um homem excelente e um ótimo candidato a esposo, é rico, inteligente e um exímio cavaleiro real.— explicou com ar pensativo, Naiáde não pôde segurar o riso.

— Eu tenho uma sorte assustadora, não é?— brincou, mas estava nervosa, com o baile, o casamento real, com o seu bebê.— A propósito, e a a baronesa ? Ela não apareceu desde que aquilo aconteceu.— perguntou.

— Nós interrompemos a tutoria usando o pretexto do seu envenenamento. Ela foi investigada e está em prisão domiciliar por tempo indeterminado.— explicou, chamou alguns servos e apontou as caixas.— Levem para os aposentos de Lady Naiáde.— ordenou.— Mas por que pergunta?

— Eu me dei conta de que não tenho visto nenhum tutor, nem mesmo o de dança. Por sorte eu aprendi o suficiente, eu acho.— brincou, com uma risada desajeitada mas algo chamou sua atenção, uma das criadas estava andando mais devagar que as outras, e a feição no rosto parecia estranha, pensou ter identificado hostilidade mas relevou.

— Não se preocupe. Imagino que esteja nervosa, mas eu estarei com a senhorita, dou minha palavra. Nada vai te prejudicar ou envergonhar.— garantiu, o tom firme e a face confiante davam as palavras do duque o mesmo peso que teriam as palavras de um rei.