Feitiço da Ninfa

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James

- Não sei o que pretende com um pedido desse, mas te aconselho a ter mais cautela, filho.- disse o rei Albert olhando pelas grandes janelas da sala, a mulher, irmã do general lembrava um pouco sua falecida esposa, mas seu olhar não era doce como a rainha Tássia, muito pelo contrário, havia selvageria e atrevimento, como os guerreiros que marchavam sob seu estandarte.

- Nem eu estou certo disso, mas não pude parar de pensar nela desde o dia do acampamento.- declarou James apertando a cabeça, o filho primogênito do rei de Belfort. O pai o encarou com julgamento, estava com cansaço estampado no rosto e parecia ter perdido a sanidade.- Ela me enfeitiçou, preciso saber como.- disse, depois de ter se esgueirado pelo exército inimigo numa tentativa de desestabilizar as tropas matando o general, a última coisa que imaginava era que antes que o general entrasse na tenda, uma mulher aparecesse e fizesse seu coração descompassar tão violentamente como nem a batalha fazia. Foram poucos minutos, mas o suficiente para acender o interesse, tanto que recuou as tropas e enviou uma mensagem a capital pedindo pela presença da maior autoridade do país, felizmente, seu pai.

- Geralmente interesses pessoais costumam se misturar com assuntos de estado. De qualquer forma, a guerra contra Cargia está apenas em pausa, é inevitável.- disse caminhando e se sentando atrás da mesa luxuosa e alcançando a pena e papel.- Isso é absurdos, você me convocou para atender seus caprichos como um maldito inútil. Se queria uma mulher devia ter pego.- desabafou o velho, estava cansado.- Vou reforçar as defesas nos postos de controle na fronteira por enquanto.- completou e começou a escrever instruções no pergaminho oficial.

- Nossas defesas já não são as melhores do continente?- perguntou sem se virar para o pai.

- Sim, são as melhores desde o fantasma de bruma.- disse o rei ainda concentrado na escrita. O fantasma era uma história contada nas fileiras durante a batalha que Belfort venceu na adolescência do príncipe James.

- Se refere ao ladrão que invadiu o acampamento por várias semanas?- perguntou James finalmente desviando os olhos da bela mulher de cabelos escuros.

- Certamente, ele conseguiu invadir mesmo quando reforçávamos os vigias e as defesas. Nos obrigou a chegar no nível que estamos agora.- disse ele.

- Mas pelo que lembro esse fantasma não foi o garoto que o coronel Kenneth capturou antes da última batalha na campanha contra a antiga nação de Lewart ?- questionou com interesse, pelo que se lembrava daquele dia, o garoto foi pego tentando roubar do estoque de suprimentos da cozinha do acampamento, mas foi descuidado e capturado. Só foi solto porque outro garoto assumiu a culpa e recebeu a punição, três açoites nas costas. Depois se levantou, pegou o outro menino pelo braço e entrou na floresta.

- Foi o que todos pensaram, filho. Mas não lhe parece estranho que depois de tantas invasões, o garoto fosse pego por um erro tão trivial ? Talvez realmente tenha sido ele ou ele foi uma distração.- disse o rei Albert pensativo, este segredo estava guardado a muitos anos, e desistiu de levar adiante já que nada muito importante foi roubado naquele dia.- Entregue isso ao coronel e diga para que essas instruções sejam seguidas imediatamente.- continuou.- Soube que a moça é boa com o arco, use isso para se aproximar dela.- provocou Albert.

- Não é a minha primeira vez falando com uma mulher, pai.- retrocou James com humor mas não estava tão confiante.

- Mas é a primeira vez que recua o exército em uma batalha que já estava ganha, por uma mulher. Ela está aqui por sua própria escolha mas não significa que está feliz com isso.- disse o rei.

- É evidente que ela está irritada, em parte por ter sido trazida como concubina.- murmurou James com culpa, na maioria dos lugares concubinas eram consideradas quase prostitutas. Mesmo não sendo algo corriqueiro alguns nobres mantinham uma segunda esposa ou uma concubina, mas não havia no palácio a duas gerações.

- Direi a ela que está livre da função em breve, por enquanto conheça-a.- disse.- Me reunirei com os conselheiros e os ministros e decidiremos como prosseguir com a questão de Cargia e a você desejo sorte.- comentou se retirando e deixando o filho.

James observou o rei sair do estúdio e foi logo em seguida, Cargia não foi a primeira ameaça a Belfort e não seria a última, mas sua função como general do exército era apenas guiar os seus soldados e trazer a vitória para a casa real e isso estava em discussão no momento. Tudo que poderia fazer agora era cumprir a ordem de Sua Majestade e depois poderia se aproximar de Naiáde. Sorriu levemente com o sentimento de posse aflorando em seu ser, Naiáde, como as sereias das lendas, e com olhos tão misteriosos que era difícil desviar o olhar, era lindo. Mas o brilho que vira nos olhos dela dentro da tenda do general já não estava presente, ela estava triste e infeliz em Belfort.

James caminhou até a entrada do grande jardim real e observou por um tempo, sua exigência em tê-la e seu interesse repentino aconteceram sem que pudesse pensar e se sentia culpado agora pela escassez de sorrisos vindos dela, talvez pudesse resolve...

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James caminhou até a entrada do grande jardim real e observou por um tempo, sua exigência em tê-la e seu interesse repentino aconteceram sem que pudesse pensar e se sentia culpado agora pela escassez de sorrisos vindos dela, talvez pudesse resolver essa parte do problema e como adicional, poderia saber mais sobre ela. Examinou as roupas que vestia antes de se aproximar, o uniforme oficial da guarda de Sua Majestade, parecia um verdadeiro guarda real, tanto que desde que ela passou pelos portões da cidade ele estava por perto, disfarçado mesmo dentro do seu próprio castelo. Almejava de aproximar dela, descobrir porquê ela o cativou sem nem mesmo lhe dar um olhar.

Andou pelos corredores de pedra sentindo o cheiro das flores e das frutas que já havia sentido durante boa parte da infância mas nunca com tanta ansiedade e temor. Olhou para as duas mulheres a alguns metros e só então pôde diferenciá-las, eram muito parecidas e até se vestiam de forma semelhante. Decidiu não pensar demais, se começasse a analisar meios para se aproximar acabaria nunca conseguindo. Sim, era sua primeira vez fazendo tal coisa, a vantagem de ser o príncipe herdeiro do reino, nunca ou pelo menos desde que poderia se lembrar, faltaram mulheres dispostas a seduzi-lo ou pular na sua cama. Chegava a ser incômodo, ainda mais quando a obrigação de um casamento começou a pressioná-lo, a disputa por sua atenção entre as jovens de nascimento nobre era irritante.

Quando voltou a realidade e voltou o olhar ao local que as duas estavam só uma ainda estava lá, sentada no banco os pés da macieira, andou até ela confuso, atento ao redor mas não encontrou o seu alvo principal em lugar nenhum, por mais que olhasse.

- Senhorita, não havia outra mulher aqui com você a um instante ?- perguntou para a moça com olhar temeroso que o encarou e sentiu o sangue gelar por instinto no segundo seguinte, quando sentiu a ponta de uma lâmina encostar nas suas costas mesmo através das roupas, mas não com força o bastante para ferir, não usou se mexer, no entanto.

- Parece que tem me vigiado desde que eu pus os pés aqui, não seria melhor ter vindo logo falar comigo, senhor guarda real?- ouviu a voz desafiante ressoar e sentiu uma pontada de satisfação imediatamente. Essa com certeza não era igual a nenhuma outra, um desafio de verdade que estava ansioso para vencer.

A FILHA DO GENERAL Where stories live. Discover now