Possessivo

79 9 0
                                    

Reed a estava seguindo de perto enquanto caminhavam de volta ao castelo, o clima estava mais leve agora e ele parecia mais cuidadoso com cada palavra que dizia, era adorável mas de alguma forma assustador. Um homem com porte de guerreiro, presença arrebatadora e um olhar que parecia lotado de autoridade, não deveria parecer um filhote. Matou o sorriso bobo que tomou seus lábios ao perceber seus próprios pensamentos com relação a Reed, mas agora não parecia tão impossível como parecia ontem.

— Você tem família ?— disse Naiáde questionando o homem, andando mais devagar esperando que ele a alcançasse.

— Tenho, pai e irmãos.— respondeu desacelerando também até perceber, em um estalo, a intenção da moça.— E a senhorita?— devolveu a pergunta educadamente.

— Tenho meu irmão, sua esposa e dois sobrinhos.— disse sorrindo ao lembrar dos pequenos e do contrabando de doces que fazia com o menino mais velho.— Eu estou aqui por causa deles.— admitiu tentando conter a tristeza na voz, mas falhou.

— Lamento que tenha que passar por essa provação, mas fazer tal coisa pela família é certamente uma atitude nobre, deveria estar orgulhosa de si mesma, eu me orgulharia.— disse ele sem pensar e olhou para Naiáde esperando não ter cometido outro ato impulsivo.

— Obrigada.— disse ela baixo com um sorriso que fez o coração do homem errar uma batida e seu corpo transpirar.— O rei me chamou essa manhã.— começou voltando a olhar para frente.— Parece que eu não vou ser concubina.— completou com a voz alegre. O homem sorriu com a frase dita na voz risonha, Naiáde suspirou surpresa ao ver a cena, o sorriso largo não era comum naquele rosto, muito pelo contrário. Tinha visto poucas vezes mas estranhamente, ele não sorria quando falava com outras pessoas.

— É uma ótima notícia.— disse em falsa surpresa.— Deve conseguir ficar ao menos um pouco mais tranquila agora, não é ?— perguntou mantendo o passo.

— Sim, é verdade.— Só que agora não terei mais motivos para ficar aqui.— disse com ar divertido mas não pôde segurar a curiosidade ao ver o olhar verdadeiramente surpreso de Reed.— O que foi?— perguntou tentando captar alguma reação da parte do homem, fosse interesse ou o contrário.

— Ora, não é nada, senhorita.— disse voltando do seu estado alterado.— Apenas me passou pela cabeça a possibilidade da sua partida.— completou ele.

— Parece que não gostou de tal possibilidade.— riu Naiáde.

— De fato.— admitiu fazendo a mulher corar envergonhada.

— Bom, mesmo tendo Otto e sua família, não há mais nada para mim em Cargia, talvez eu acabe por me estabelecer aqui em Belfort.— exclamou.— Se Otto finalmente desistir de me arranjar um marido.— completou se lembrando, a cada poucos meses Otto tentava firmar um compromisso entre ela e algum filho de família nobre ou influente mas não teve sucesso graças a teimosia de Naiáde e a sua bravura, soltou uma risada mas foi cortada ao sentir o impacto empurrando seu corpo para trás até colidir com o tronco de uma árvore. O contato repentino a pegou de surpresa e fez todo o seu corpo entrar em alerta, tentou empurrá-lo antes de perceber que mãos fortes seguravam seus pulsos acima da cabeça, com os corpos colados não conseguiria escapar por nenhum dos lados.

— O que acha que está fazendo?— indagou recusando-se a parar de tentar se soltar, sentiu então o hálito quente contra seu pescoço e todo o seu corpo se arrepiou em resposta, se dando conta do que estava acontecendo, ninguém nunca estivera tão perto. O coração acelerou e a respiração se tornou ofegante.

— Isso seria terrível.— Reed sussurrou contra sua pele, prendeu a respiração para segurar o suspiro.— Se o general insistir em te prender em um casamento arranjado... “eu te seguirei e trarei de volta para o meu lado.”— completou ele sem ousar dizer a última frase, fazendo faíscas explodirem na mente da mulher com as possibilidades que acompanhavam a frase.

— Me solte.— cuspiu as palavras, mesmo que houvesse alguma atração, que seu corpo estivesse quente ou suas pernas perdendo as forças, aquela atitude estava errada.— Reed...— pediu num sussurro ofegante ao sentir o toque dos lábios dele contra seu pescoço, a proximidade era tanta que podia até mesmo ouvir as batidas do coração do homem, tão rápido quanto o seu próprio.— Por favor.— sussurrou uma segunda vez contra a pressão insistente dele, estava indefesa, numa situação que sempre odiou, completamente a mercê das vontades de outra pessoa. Mas estranhamente, não sentia medo, não soube ao certo se era porque a pessoa era Reed, em todo caso, precisava controlar a situação.— Reed, me solte agora mesmo ou eu vou garantir que você nunca seja capaz de ter filhos.— ameaçou tirando-o do estado entorpecido, as mãos dos seus pulsos se afrouxaram e o corpo se afastou, deixando uma sensação fria onde haviam estado. Naiáde finalmente conseguiu respirar novamente.

— Me... Me desculpe. Eu não sei o que deu em mim, merda.— disse ele atropelando as palavras, levou as mãos ao rosto, inquieto, seu semblante assustado e a postura completamente diferente de alguns segundos atrás quando parecia prestes a devorá-la.

— Reed, fique quieto.— murmurou recompondo-se e voltando a caminhar, as pernas estavam trêmulas e sua respiração ofegante e urgente.— Vamos voltar.

O homem a seguiu como no princípio, mas era diferente agora, parecia ter medo de olhá-la, quis rir dele. Mas mesmo que não tivesse ficado apavorada, o ocorrido dificilmente poderia ser esquecido. A pressão nos pulsos, o toque dos lábios e a frase possessiva, o olhar mal intencionado.

Seu primeiro contato tão íntimo com um homem, o primeiro que não lhe causou repulsa, e não havia sido com seu marido, como pensou durante toda a vida que seria, mas sim com um dos guardas reais de Belfort. Abafou um sorriso ao se dar conta, havia gostado, a atitude enciumada do homem com a possibilidade dela se casar foi puramente impulsiva, mas completamente verdadeira e carregada de desejo.

A FILHA DO GENERAL Where stories live. Discover now