Capítulo 1

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CHRIS POV


Meu nome é Chris Anderson, tenho 16 anos e estou no 3º ano do Ensino Médio. Isso mesmo, eu estou um ano adiantado, mas é uma mera informação inútil. Moro numa cidadezinha pacata no Amazonas. Tenho estatura mediana e não sou musculoso. Sou um típico adolescente normal, mas tenho uma enorme dificuldade de me enturmar com as pessoas. Meu pai faleceu há dois anos, então eu moro apenas com minha mãe e meu irmão mais novo.


A minha vida é bem entediante e sem graça... Do tipo de se entediar mesmo. A mesma rotina chata, as mesmas pessoas reclamando de tudo. Ligo a TV e sempre as mesmas notícias de sempre: assassinato, estupro, mais assassinato... E minha mãe com aquele mesmo olhar perplexo e o mesmo comentário de sempre, que já me canso de escutar:


— Que horror! Será que nunca vamos ter paz em nosso país?!


Na escola era pior ainda: eu conversava com algumas pessoas, mas não me considerava amigo de ninguém. Não que eu não quisesse ter alguém próximo, mas eles eram apenas... Entediantes. A maioria dos assuntos de suas conversas eram todos sobre como estavam entusiasmados por estarem no ensino médio, fofocas, músicas sem graça, garotos ou vice versa, futebol e não menos importante, se tinha alguma tarefa escolar.


A melhor parte do dia era quando eu finalmente chegava em casa, afinal, era a hora em que eu não precisava ver o rosto de nenhuma pessoa estúpida perguntando sobre algo estúpido. E céus, quando o sinal bateu avisando-nos que já era hora da saída, foi um alívio. Chegando em casa, descobri que minha família não estava lá e me senti com sorte, pois minha mãe vive pegando no meu saco. Fui me aconchegando em minha cama e decidi jogar alguns games que eu tinha.


Depois de finalizar o segundo game, percebi o quão estava tarde e decidi preparar algo para comer, no caso um pão com ovo. Notei que nem minha mãe e nem meu irmão haviam chegado e comecei a ficar preocupado.


Talvez eu só esteja criando algo na minha cabeça por causa das notícias que eu tanto assistia...


Assim que terminei meu jantar, fui para cama.


Bem, esta é a minha vida.


Simples e patética.


Como sempre foi.


E isso não vai mudar, afinal, eu sou só um mero adolescente comum e sem graça.


[...]


Estava tudo escuro. Era um lugar vazio, onde não existia nada em minha volta exceto eu e minha sombra. O ar era rarefeito, era difícil de respirar. E havia um clima de tensão que fazia eu suar de nervosismo. Caminhando pelo lugar opaco, um homem apareceu. Ele usava preto. E somente preto. Seu rosto era indecifrável, não conseguia visualizar de alguma maneira. Mas assim que eu pisquei, este mesmo homem surgiu com uma arma, assassinando bruscamente um a um. Meus olhos se arregalaram e eu não me mexia. Eu tinha a sensação de querer proteger algo, mas... Proteger o que?


Acordei com calafrios e percebendo que tudo não passara de um simples pesadelo, fui para a cozinha tomar um pouco de água.


Estava tudo do mesmo jeito que eu deixei. Nenhum sinal de que alguma outra vida havia passado naquela casa e já eram três da madrugada. Sem sinal de que minha mãe ou meu irmão haviam chegado. Ao terminar de beber, ia em direção ao quarto quando comecei a escutar um barulho incômodo que vinha de fora.


Curioso, fui ver o que era.


Abri a porta da entrada da casa e vi que estava chovendo e trovejava bastante. Achei que era esse o barulho misterioso, mas não... Tinha outro barulho. Algo tentava abrir o portão. Como estava noite, não dava para enxergar bem devido a escuridão e a chuva também atrapalhava qualquer coisa a ser vista. Sem dúvida, era uma pessoa.


Pressenti o pior e voltei correndo para cozinha e peguei algo que pudesse me defender, no caso, um facão de cozinha. Fui na chuva, ver quem era aquela pessoa, discretamente. Quando me aproximei o suficiente, descobri que eram apenas a minha mãe e meu irmão.


— Onde vocês estavam? — Perguntei, suspirando de alívio enquanto abria o portão para poderem entrar.


— Aconteceu um monte de coisa! Estávamos saindo de um aniversário de um amigo do Henrique – Esse era o nome do meu irmão. — e algum animal nos mordeu. Eu não consegui ver, mas devia ser um cachorro raivoso, espantei ele com meu guarda-chuva... Fomos no hospital, ficamos esperando por duas horas! Todas as pessoas estavam com o mesmo problema: surto de raiva... Voltei para pegar algumas coisas para nós, pois de acordo com a enfermeira, teremos que ficar por lá em observação mas eu saí escond.. Por que está segurando essa faca?


— Ah... É que vocês chegaram bem tarde... Estava apenas me prevenindo se fosse algo...


Minha mãe apenas assentiu, reclamando de quanto seu ferimento doía muito e foi correndo para o quarto, sem me escutar direito. Mas depois que passou numa área da casa mais iluminada, percebi que não só minha mãe, mas meu irmão estavam esquisitos. Sua pele estava pálida, suas veias estavam saltando, seus olhos tinham perdido a cor e também estavam mancando. Foi aí que vi em meu irmão, a atadura escapando de seu braço. Era uma ferida muito feia! Aquilo era mesmo uma mordida de um cachorro? Impossível! Foi aí que me lembrei de algumas histórias e filmes fictícios. Não podia ser verdade...

Apocalypse Z [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now