Capítulo Vinte e Quatro

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Eu havia apagado, rápido. Me lembro de estar com dor na vagina e também, meu corpo dolorido por fazer força demais, só que não fiquei consciente pelo resto da manhã. Forcei meus olhos e senti algo de seda fazer cócegas em meu corpo.

Eu não estava com aquele cardigã! Quem havia posto aquele cardigã em mim?

— Estou me sentindo mal. Me desculpe!

A voz máscula de Micael veio de uma pequena mesa que estava no canto do quarto, perto do frigobar. Ele estava sozinho, jogando dominó, concentrado. Seu olhar castanho fixado nas peças com uma textura de vidro, sem igual.

Sai da cama tendo contado com o chão frio, Micael ainda estava jogando quando me aproximei, querendo respostas para o meu apagão repentino.

— Você me apagou? — Segurei na cadeira em sua frente, levantando os meus ombros com medo da resposta.

— Você acha que eu sou um monstro? — Seu olhar redirecionou à mim, esperando.

Ficamos em silêncio. Balbuciei algo mas não ousei em responder.

— Não me lembro de nada. — E não lembrava mesmo. Eu queria saber o que havia me feito dormir! — O que aconteceu? — Me sentei na cadeira, o observando jogar.

— Você gritou e reclamou de dor. Me bateu e sentiu sono por conta da bebida. — Retirou as peças da mesa. — Não quero mais jogar. — Me encarou.

— Que bebida? — Franzi o cenho.

— O champanhe que estávamos tomando. Você decidiu tomar o resto para aliviar a dor. — Micael soltou um risinho. — Você quer jogar? — Queria mudar de assunto.

— Você me fez dormir, não foi? — Senti ódio imediato, enfrentando Micael, porém, sabendo o que viria em seguida.

— Como?

— Você. — Nos encaramos. — Me colocou para dormir. Eu não lembro de nada!

— Não tenho culpa se você não lembra de nada. — Micael guardou as peças no compartimento específico do jogo. — Eu pedi desculpas pelo o que aconteceu, se você não quiser acreditar, ótimo! — Deu de ombros.

Me levantei da cadeira, andando de um lado para o outro. Respirei fundo antes de começar a surtar. Eu tinha que ligar para a Tina!

— Se você me apagou, tudo bem! É só dizer e vamos chegar a uma resolução. — Estava delirando com aquilo.

— Eu não apaguei você, porra! É difícil de entender? — Ficou bravo, se levantando também. — E por que você está tão desconfiada?

— Porque você me machucou! E eu estava gritando.

— É, mas eu pedi desculpas à você. E estou te pedindo de novo! — Caminhou até à varanda.

Micael buscou um cigarro no maço meio cheio, acendendo em seguida. Estava mais atento em tragar do que arrumar uma discussão comigo.

— Você está ficando um porre, sabia? — Segurou a fumaça, soltando devagar.

Franzi minha sobrancelha e tentei digerir o que realmente eu estava escutando.

— Ah, um porre? — Debochei. Entrei na sua linha de vivência e deboche. — Você pode me dizer o por quê?

— Claro! E posso até mais se você quiser. — Tragou o cigarro novamente. — Esse show todo é falta da vivência com as suas amigas?

— Você sabe que não.

— E por que você não acredita em mim? Você acha que eu sou louco? — Aumentou o tom de voz. — Eu não vou te matar! Eu não vou sumir com você e te enfiar em uma mala! Eu não irei fazer isso mesmo eu tendo a cara de uma pessoa que faria. — Aquilo me assustou. — Mas acontece que não vamos dar certo se não termos a porra da confiança, Sophia.

Sete Pecados Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon