Capítulo Doze

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Me senti um pouco zonza pela bebida oferecida à mim enquanto Micael estava conversando, com outras pessoas elegantes. Senti mãos segurarem o meu braço, dando um solavanco cruel.

— O que deu em você? Porra! — Amélie estava irritada. — Tina está mal por sua causa.

— Na verdade foi o Micael que falou com ela. — Tentei me defender. — Você sabe onde ela está?

— No bar em que eu te levei. É um pouco perto daqui. — Amélie mexeu nos cabelos, arrumando sua crise de irritação. — Sério, Sophia? Nós te ajudamos e é assim que você retribui?

— E onde você estava, Amélie? — Tomei coragem, enfrentando Amélie que ficou sem reação. — Assim que chegamos você sumiu! Você sempre some quando estamos juntas, não é verdade? — Fiquei furiosa.

— Eu estava conhecendo o lugar! Do que você está falando? — Balançou a cabeça, nervosa. — Micael sugou você desde que chegamos, parece uma boneca de vidro que não pode ser tocada.

— Eu cansei de ficar sendo capacho de vocês duas. Eu cansei! — Gesticulei, feito uma doida.

Recebi alguns olhares assustados e me repus no lugar, respirando fundo e ajeitando a minha postura.

— Capacho? E desde quando você é capacho da gente? Eu quero saber! — Amélie cruzou os braços.

— Sophia, vamos na festa de Bordéus? Vamos! Sophia, vamos na casa de não sei quem? Vamos! Sophia, sua roupa está ridícula! Por que você se veste assim? É por que você não tem dinheiro? — Imitei vozes que com certeza seriam de Tina e Amélie.

Vi minha amiga triturar a sua raiva com os dentes, segurando o choro repetindo que viria à seguir. Sabia que eram as minhas melhores amigas, mas com o passar do tempo, comecei a ver muitas coisas desde que Micael entrou na minha vida.

Não importa as roupas feias que eu usava, o jeito que me comportava na frente de outras pessoas. Eu era uma pessoa livre! Não tinha o por quê de julgamentos.

— Então é assim que você vê a gente?

— Sim! É assim que eu vejo. — Engoli seco, me arrependeria completamente depois. — Eu cansei de escutar todo o comentário negativo vindo de vocês. E você acha que eu não sei de tudo? Não acha que eu não sei da Tina? Que vive falando do meu caráter por trás? Ou até da minha família?

— Comentamos da sua família pelo o seu próprio bem. Não somos falsas! — Amélie se defendeu. — Mas se você acha? Tudo bem. — Rendeu as mãos. — Vá lamber o seu namoradinho esquisito, eu estou indo embora. — Deu às costas, saindo de perto.

Queria chorar e me esconder na barra de algum vestido longo que visse por perto. Odiava brigar com as duas, principalmente com Tina. Senti minha garganta se amarrar e meus olhos encherem d'água. Respirei fundo, parando um garçom e bebendo algum drinque alcoólico horrível em segundos. Fiz uma careta e vi Micael chegando mais perto, até me encontrar.

— Ei! O que aconteceu? — Viu o meu estado. Tinha uma mão sobre o meu ombro, acolhendo.

— Briguei com Amélie. — Minhas lágrimas caíram.

— E por que você brigou com ela? — Ele estava muito interessado em saber. Há décadas que Tina e Amélie não faziam isso por mim!

— Porque eu cansei desse teatro todo, Micael. — Desabafei. — Cansei de ser o fantoche das duas! Quando eu estou bem, as duas fazem algo para eu me sentir pior ainda. Que tipo de amizade é essa? — Chorei mais ainda.

Micael secou as minhas lágrimas, dando total atenção à mim.

— Não, eu odeio ver você chorar. É uma imagem que eu não quero ver de novo. — Terminou de secar as minhas lágrimas. Foi dócil, sorrindo leve em seguida. — Eu disse que não gostava das duas. Principalmente da esquentadinha.

Sete Pecados Where stories live. Discover now