Capítulo Vinte

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Papai estava muito zangado comigo e com toda a situação caótica do jantar. Micael o mesmo, só que ao contrário, xingando minha família mentalmente para não me deixar triste.

Escutei alguns zumbidos pela casa de sua mãe, que contou para à sua mulher, logo após que ela chegou do trabalho. A madrasta de Micael consolou Marjorie mas não fiquei muito para escutar o resto. Eu precisava ir para casa!

— Você pode me levar? — Perguntei à Micael que vasculhava o seu maço de cigarro, impaciente.

— Lógico que não. — Tirou um cigarro amassado da caixinha. — MARJORIE! VOCÊ ANDOU MEXENDO NO MEU MAÇO DE CIGARRO? — Gritou furioso para a sua mãe, entrando novamente na enorme casa.

Esperei por ele no jardim, pensando em achar um jeito de voltar para casa.

— Estávamos falando de você voltar para a casa, não é mesmo? — Micael voltou tragando o cigarro.

— É. — Estava sem paciência. — Não posso passar a noite fora!

— E por que não? Seu pai já brigou o que tinha que brigar com você. — Ele não estava levando à sério.

— Micael, por favor! — Fiquei em sua frente. — Isso que aconteceu foi caótico, não posso passar a noite fora de casa ou então nunca mais iremos nos ver. — Ajuntei minhas mãos, quase implorando.

Micael me observou detalhadamente antes de tirar o cigarro da boca, apagando com os próprios dedos, sem fazer nenhuma careta por conta da dor. Deu uma respirada funda, pensando no que fazer.

— Eu levo você para casa. — Me deixou mais aliviada. — Mas irá me prometer que não vai abaixar a cabeça para o seu pai!

— Eu não posso prometer isso! Ele é o meu pai! — Fiquei incrédula com o pedido.

— Está vendo? É por isso que precisamos nos casar logo. — Ficou irritado.

— De novo esse assunto?

— E você quer viver assim? Que porra de vida! Não pode ter o próprio pensamento ou então, ter a própria independência. É isso que você quer? Viver às escondidas?

— Olha Micael, eu sei que você é livre demais com uma família que também não liga... Só quero que você pare de brigar com o meu pai, entendeu? Ou então, nunca mais vamos nos ver! — Bati os pés, meus olhos estavam lacrimando com um nó na garganta terrível. — Será que você pode me compreender pelo menos uma vez na vida?

— Eu posso te compreender quantas vezes você quiser, mas isso já é demais! — Gesticulou. — SEUS PAIS não querem que você CRESÇA! Eles escolhem a sua roupa, o seu sapato e até o seu futuro. COMO VOCÊ VAI CRESCER DESSE JEITO, PORRA? — Micael socou a porta com tudo, me fazendo dar um pulo rápido de susto.

Marjorie correu até nós, junto da mulher.

— O que aconteceu? Vocês estão brigando? — Acalmou Micael, que empurrou a mão de sua mãe, não querendo ajuda.

— Ele só está um pouco alterado. — Tentei despistar o que estava acontecendo.

— Eu quero ficar sozinho! — Micael pediu, com a respiração ofegante de quem estava nervoso. Marjorie assentiu, deixando ele passar como um furacão perto dela.

Ela se aproximou de mim, me dando um abraço apertado. Me senti acolhida em partes, estava precisando.

— Vou levar você para casa, querida. — Me avisou, bastante calma.

— Obrigada. — Agradeci no mesmo tom.

Entrei no carro de luxo da minha sogra, que dirigiu até à minha casa, depois de tudo que ocorreu. O caminho parecia estranho pelo pouco contato mas fui me abrindo aos poucos. Marjorie estava se saindo uma ótima melhor amiga.

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