Capítulo Dezesseis

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Meus olhos estavam inchados de tanto chorar. Tive uma manta cobrindo o meu corpo nu e agora com ralados recentes. Minha cabeça começou a doer, eu não sabia o por quê de estar ali.

— Já mandei você parar de chorar. — Micael me encarou, irritado. Tina estava retirando algumas partículas de vidro do seu peitoral. Havia sangue seco escorrendo em sua pele morena.

— Eu quero ir embora. — Cerrei os meus olhos e lambi minha lágrima salgada. Que inferno eu estava passando ali!

— Depois que eu concertar essa putaria que você fez. — Observou Tina retirar os cacos pequenos. Queixou-se de dor. — AU! Isso arde, sabia?

— Se você parasse quieto eu iria conseguir tirar. — Tina debochou. — Acho que já terminei por aqui! — Largou a pinça cirúrgica que estava em suas mãos.

Enfaixou o peitoral de Micael logo após de passar alguma água que cicatrizasse rápido. Quando ele se levantou, meu corpo enrijeceu. Eu estava com medo dele! Porém, gostaria de ir para casa o mais rápido possível.

— Vamos, levante! Eu não vou fazer nada com você. — Micael parou em minha frente. Ofereceu uma mão e sua voz ficou automaticamente suave, como se estivesse me moldando.

— Eu não quero. — Me encolhi, agarrando a manta que estava sob o meu corpo.

Micael se agachou em minha direção, pousando sua mão forte em meu joelho.

— Eu precisava fazer aquilo, querida. Você me irritou! E eu odeio que me irritem. — Me explicou, com toda a paciência do mundo. — Quero pedir minhas sinceras desculpas e cuidar de você! Eu necessito cuidar de você!

Senti firmeza na sua voz mas ainda sim estava com medo dele tentar alguma coisa. Fui suavizando aos poucos, retirando a manta e entregando o meu corpo à ele, o abraçando. Me senti como um pedaço de carne, exposto e podre. Tina não disse nada quando passei por ela, nos braços de Micael, que havia ajuntado minhas roupas, colocando de volta ao meu corpo.

— Vou cuidar de você na sua casa. Tudo bem? — Me perguntou com um pouco de medo. Na minha casa era bem arriscado!

— Na minha casa? — Fiquei um pouco apavorada. — Você não precisa cuidar de mim. — Engoli seco.

— É lógico que eu preciso, querida. — Ajustou minha blusa. — Você está machucada e com dor. Suas costas devem estar ardendo! — E estavam mesmo. Ser arrastada no asfalto não é para qualquer um.

Fiquei em silêncio.

— Enfim, vamos indo? Já está um pouco tarde. — Micael ficou ereto novamente, apalpando os bolsos da calça jeans na procura da chave do carro.

Me levantei com um pouco de dor, lutando para que minhas costas não ficassem doloridas e ardidas novamente. Foi como se um caminhão passasse por mim.

— E aí, como vai ser? — Tina ficou em nossa frente, juntando as mãos.

— Como vai ser o que? — Micael não entendeu.

— Nós três! — Disse óbvia. — Somos um trisal, não somos?

— Você não entendeu que a Sophia não quer isso para a vida dela? — Micael soou grosseiro com Tina, voltando à estaca zero.

— E ela decide alguma coisa desde quando? — Bateu o pé.

— Desde que eu reparo em todos à minha volta! — Fiquei na frente de Micael, me encarando com Tina. — Eu sei qual é a sua, Tina! Eu sei que você gostou do Micael!

— Ah, qual é? — Soltou uma gargalhada cínica. — Você acha que eu vou roubar ele de você?

— Acho. — Cruzei os meus braços. — Trisal do nada? Você nunca foi assim!

Sete Pecados Where stories live. Discover now