Capítulo Sessenta e Três

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— Tudo isso? Você tem uma loja de tintas em casa!

Francis fumava um cigarro de maconha quando veio nos visitar naquela tarde, ao jus, Micael disse que ele estava o ajudando, mas o máximo de ajuda foi Francis comentar as cores das tintas e dar risada com as texturas diferentes. Tina achava o máximo.

— Não é para tanto, Francis. — Micael bateu as mãos quando juntou um pequeno entulho, no quintal. — Preciso pintar dez quadros, pelo menos. — Colocou as mãos na cintura e soltou um suspiro, olhando as madeiras antigas de seu cavalete.

— Quando é a vernissage? — Francis apagou o cigarro.

— Mês que vem. Ainda tenho tempo! — Micael sorriu leve. — Preciso pensar em uma proposta genial dessa vez, algo que impacte. É Nova Iorque, eles gostam de bizarrice. — Disse empolgando, voltando para dentro com a companhia de Francis.

Tina e eu tomávamos um banho de sol, em espreguiçadeiras de praia. Não tínhamos piscina mas Micael fez um canto agradável para dias ensolarados. Seu chapéu exuberante me fez rir, ela realmente estava achando que meu quintal era a praia.

— O Micael está feliz, você não acha? — Arrumou o óculos escuro no rosto.

— É uma vernissage importante. — Toquei a ponta dos meus dedos. — Nova Iorque parece interessante para as ideias dele.

— Você não parece muito feliz. — Tina me encarou. — Ele te fez alguma coisa?

— Não! Claro que não. — E não havia feito mesmo! Minha relação com Micael estava ótima até demais.

— E por que você está com essa cara de quem comeu e não gostou?

— Como eu posso te dizer. — Sondei os lados, esperando que Micael não voltasse. — Eu vomitei hoje de manhã.

Tina retirou o óculos de uma vez, me observou de cima à baixo.

— Você comeu alguma coisa que não fez bem ou está atrasada?

— Eu não sei, a minha menstruação não é regulada. — Estava aflita. — Mas eu vomitei hoje de manhã, quando abri as latas de tinta.

— Você não tinha DIU? — Tina franziu o cenho.

— Eu tirei.

— VOCÊ FICOU MALUCA? — Soltou um berro. — Você sabe que o outro vai te matar quando souber que você está... Aquela palavra que não podemos falar em voz alta.

— Eu não sei se eu estou... Aquela palavra que não podemos falar em voz alta. — Incrível como minha comunicação com Tina não mudava. — Eu só vomitei, eu não sei.

— Precisa saber se está atrasada. — Tina colocou o óculos em cima da mesinha, ao lado da espreguiçadeira. — Vamos à farmácia! Precisamos comprar um teste de... Aquela palavra que não podemos falar em voz alta.

— Não, teste de gravidez não. — Fiz uma careta e cerrei os meus olhos, me cansando só de pensar. — Eu não sei se estou grávida de fato!

— Você disse a palavra.

— Dane-se, Tina. Eu não sei o que fazer, se eu estiver. — Fiquei em transe. — Micael vai odiar a ideia.

— Se ele não te matar antes. — Soltou um riso consigo. — Mas vamos dar um jeito. Sempre damos um jeito em tudo!

— O que as garotas estavam conversando? — Francis apareceu em nossa frente. Tinha uma cerveja long neck em mãos.

— Nada que te interesse, meu bem. — Tina jogou beijos no ar. — O que estavam fazendo lá dentro?

Sete Pecados Where stories live. Discover now