Seres Conectados - Darolana / Rosaberta

SOFRIMENTO ANTECIPADO

Babys!
Boa leitura.

-x-

Roberta Ratzke

Despedidas eram difíceis.

Me despedir naquela manhã da minha família sem data para voltar novamente era algo que me abalava. Mas eu sabia que fazia parte de tudo o que eu estava construindo e graças a Deus e a minha dedicação e esforço, eu tinha construído uma carreira linda até então.

Rosa tinha a concentração no trânsito.

Os óculos escuros escondiam seus olhos brilhantes e clarinhos que eu era completamente apaixonada e que aliás, eu não tinha visto naquela manhã até então. Ela dirigia até o aeroporto.

Poucas palavras, expressão séria e zero paciência.

Na noite passada quando ela me ligou eu podia jurar que ela estava chorando, a voz falha, manhosa.

A oposta buzinou brava quando mais uma vez o trânsito parou naquela manhã. Era horário de pico e ainda faltavam alguns minutos para chegarmos ao local.

Tentei acalmá-la e dizer que estava tudo bem, que tínhamos tempo e ela até tentou relaxar um pouco, mas aparentemente o seu "tentar" durou pouco. Já que ela repetiu os gestos e expressões de minutos atrás.

Optei por não dizer mais nada.

Olhei o relógio assim que chegamos no estacionamento do aeroporto. Não tínhamos tanto tempo agora, mas queria falar com ela, precisava fazer aquilo.

- Amor... Preciso conversar sobre algo. - Falei assim que ela desligou o carro, Rosa me olhou preocupada.

- Claro Bê, pode falar! - Falou me dando sua atenção e esperando que eu continuasse.

- Eu acho que tem algo acontecendo contigo...

- Nada está acontecendo. - Foi o que ela disse desviando seu olhar de mim para a janela do veículo.

- Você estava chorando ontem... - Falei direta.

- É normal. De vez em quando preciso fazer isso sabe? - Disse e poxa, claro que eu entendia e respeitava aquilo, mas o humor naquela manhã não era nada normal para alguém que tinha apenas se deixado chorar porque precisava fazê-lo.

- Então não tem nada e é coisa da minha cabeça? - Perguntei pensativa.

- Sim. - Respondeu simples.

- Ok. - Concordei.

Eu não acreditava, mas quando ela se sentisse a vontade para falar, ela diria.

Rosa suspirou após alguns segundos, depois de não fazer menção nenhuma de que ia descer do carro.

- Não. Não é coisa da sua cabeça. - Falou tirando os óculos, eu considerava aquilo um ato honesto, verdadeiro, levando em consideração o tipo de conversa que estávamos tendo.

- Então tem algo errado?

- Não! Quer dizer... Tem!

- Amor, você pode falar comigo. - Falei e ela franziu o cenho.

- Tem algo acontecendo, mas eu não quero que aconteça. Não quero sentir nada que eu não deva.

- Certo. Mas estou aqui e somos nós certo? Se você está passando por algo você pode me dizer.

- Eu quero te dizer bê, mas eu não quero que você interprete errado o que eu falar. - Hum, então o que estava incomodando ela era sobre a gente...

- Se deixa tentar. Eu posso dar o meu melhor e tentar entender linda. - Confessei e ela colocou a mão na minha perna suspirando.