[Capítulo 27]. O Pecado Secreto da Cobiça (IV)

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Antes de receber uma resposta, Xie Yan saiu pelo quarto limpando o canto da boca. Vendo que não conseguiria mais dormir, Cai Xing jogou o cobertor de lado e se levantou.

— Vou chamar A-Die. Ele queria vê-lo quando acordasse.

Xie Yan saiu apressado e quase bateu de frente com a parede do quarto. Muito energético.

Não estava no quarto onde se hospedava em Xue Hua. Eles ficaram poucos dias por lá pois Shen Zhengyi precisava se apressar e retornar à seita.

Desde a entrada em Tian Cang, tudo parecia lembra-lo da antiga Jiu Tianshan. O portão da lua que demarcava a entrada no território, a intensa floresta de coníferas tão altas a se perder a visão e o clima úmido e sombrio. Era como se qualquer som distinto pudesse ecoar por todo o lugar.

A decoração dos ambientes também era semelhante. As pinturas da Ascensão da Carpa, as cores neutras e escuras dos panos e as luminárias em flor de lótus. Mas, o que lhe passava ainda mais familiaridade eram os vasos de cerâmica pintados em preto e branco, representando as duas faces do mundo.

Haveria de ter algum remanescente das grandes seitas antigas, afinal naqueles dias de massacre, nem todos os discípulos permaneceram em suas seitas todos os dias.

Em algum lugar dentro de si mesmo, Cai Xing achava isso bom. Sem perceber, ele já estava andando pelo quarto, percebendo os detalhes e os vestígios de suas lembranças.

— Como está?

— Estou bem, Shizun. — Cai Xing fez uma meia reverência. — As dores do passado, um dia se cicatrizarão.

Já passei por muito pior.

Cai Xing parou em frente uma pintura, havia um único pessegueiro no topo da montanha, solitário. Ao redor da árvore, restava sangue e cinzas. O pessegueiro de Cheu.

— Líder Xi foi quem pintou. Foi a única lembrança que restou da primeira seita que o acolheu.

Sobrenome Xi? Tinha alguma familiaridade ao ouvir.

 — Foi durante o massacre? — O mais novo indagou.

 — A última batalha. — Shen Zhengyi fechou a porta atrás de si e entrou completamente no quarto. — Dos pergaminhos que restavam após o massacre, relatam a batalha entre o que o líder do culto Demoníaco forçou nosso antigo líder a autodestruir seu núcleo dourado.

A história escrita por aqueles parciais, vencedores poderia ser tão distorcida quanto a vontade de um fantasma.

A morte de ambos foi algo que deixou Cai Xing muito desconfiado. Ele não deveria ter sido morto por sua própria espada, mesmo Yu Mei. A força ejetada pelo seu núcleo dourado era completamente pífia. Embora tivesse algumas coisas em mente, deveria investigar. Assim como esses registros. Deveria roubá-los?

— Pergaminhos? Há registros? — Fingiu surpresa.

 — Apenas documentos pessoais do líder. É algo que ele guarda como um tesouro, tive apenas sorte em conhecê-los. — Cai Xing percebeu inúmeros sentimentos, imensamente profundos naquela pequena frase.

Cai Xing olhou mais uma vez o quadro e reconheceu um sentimento em si mesmo que nunca esteve presente. Ansiedade. O peito com aquele sufocamento, como se carregasse uma montanha sobre si. E muita amargura enchia a garganta. Algo estava errado.

— O que houve? De repente, não se sente bem? — Mestre Shen apoiou as costas de seu discípulo. — Yan'er, traga aquelas pílulas que pedi ao irmão Huo na noite passada.

Falhas Eternas -  Vol. 01Where stories live. Discover now