s i x t y n i n e

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LOGAN

Sinto vontade de vomitar quando chego em casa.

Tenho que controlar minha garganta conforme abro a porta do carro, pensando se seria uma boa ideia me arrastar pelo banco até o quarto. As palavras daquele cara misterioso ainda rondam pela minha mente, como se simplesmente não fossem mais sair daqui.

E, embora meu corpo esteja estupidamente enjoado pelo tempo que fiquei sem ingerir tanto álcool assim, minha cabeça está totalmente o contrário. Os pensamentos parecem mais nítidos, as coisas mais claras agora. Como se eu conseguisse pensar com facilidade.

Não fique se escondendo por aí com medo, Logan. Termine o que começou.

Não é possível que eu não tenha alucinado a coisa toda. Como ele sabia meu nome? E por que suas palavras estranhamente se encaixam com a minha situação? Seria loucura seguir o conselho de um estranho de bar que eu nunca vi na vida?

Bom, mas ele não estava bebendo. Não tem como eu usar a desculpa de que o cara tava bêbado.

Eu deveria seguir o conselho dele? Até porque, que merda eu tenho a perder? A única coisa que poderia acontecer seria eu levar outro fora.

Não, cara, esquece. Eu posso ser tudo, mas com certeza tenho orgulho o suficiente pra não me humilhar assim. Não vai rolar.

— Você pretende sair do carro ou vai permanecer por aí mesmo?

A voz irônica e afiada de minha mãe faz com que eu quase caia do banco de susto. Ergo assustado a cabeça para ela, ao mesmo tempo em que puxo a chave da ignição e apoio uma perna para fora do carro.

Minha mãe está apoiada contra a porta, de braços cruzados, com aquela expressão no rosto de quem sabe exatamente o que eu aprontei. Merda.

— Ahn... oi? — eu digo receosamente, abrindo um sorrisinho.

Ela fecha os olhos por um momento, enquanto dispara essas palavras na maior velocidade possível:

— Não vem com essa de oi que não vai rolar. Onde você estava, Logan Philip? Posso saber?

Bufo enquanto encosto a cabeça no banco, desejando poder me teletransportar pra outro lugar.

— Eu só tava esfriando a cabeça. Precisava me distrair de uns problemas.

— E esses problemas por acaso tem a ver com a Lara? — dispara ela afiada.

Meu coração bate com força ao ouvir isso, e olho para minha mãe de novo, surpreso. Sua expressão parece ter se suavizado um pouco, e noto uma pequena chama de preocupação brilhando em seus olhos. Como ela soube? Será que alguém falou pra ela?

Como eu não digo nada, minha mãe continua, no mesmo tom sério de anteriormente:

— Eu encontrei o buquê que você jogou fora, Logan. Eram rosas muito bonitas pra serem descartadas assim.

Olho para o outro lado, focando minha atenção em um esquilo andando pelo muro através da janela aberta do carro. Tento não demonstrar minhas fraquezas perto de minha mãe, mas sei que ela ainda vai ser capaz de notar o quanto ouvir isso me afeta. Apenas algumas palavras e eu posso facilmente me tornar um garotinho indefeso, triste e assustado. Como se tivesse malditos oito anos outra vez.

Continuo quieto, por tanto tempo que ouço minha mãe se aproximando. Quando tenho coragem de olhá-la de novo, ela ja está agachada em frente ao meu carro, apoiando os antebraços nos joelhos ao olhar comovida para mim.

E sua voz está baixa quando ela fala, suave e maternal, como costumava fazer quando eu era criança.

— O que aconteceu, Logan?

Amor VirtualWhere stories live. Discover now