f i f t y f i v e

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LARA

Mesmo que eu tenha escolhido uma sandália baixa para hoje, já sinto que vou me arrepender da escolha conforme começo a caminhada pela rua de casa.

A noite está silenciosa, o que chega a ser um milagre, e tudo está tranquilo pela cidade. Me sinto como uma garota boba, caminhando para uma festa que ninguém nem espera que eu vá.

Um tempo atrás, a maior diversão dos meus dias era sair de casa e caminhar por estes bairros. Eu não o fazia sempre, mas muitas vezes isso me ajudou a não ser engolida pelas paredes. Por sorte as ruas são tranquilas, bem-iluminadas e com uma sensação de segurança; ainda que eu tenha medo de andar por aqui sempre.... mesmo sabendo que o número de assaltos é baixo.

Nunca é bom arriscar. Não como eu estou fazendo agora.

Esfrego meus braços, me arrependendo por não ter trazido um casaco, conforme observo as casas grandes e silenciosas ao meu redor. Mesmo que eu já tenha olhado o endereço umas dez vezes, sei onde a casa fica. É perto daqui, e já passei várias vezes em frente a ela enquanto caminhava. Na maioria das vezes, dava para ouvir a música alta e as vozes mesmo a quilômetros de distância.

E pensar que Logan deveria estar nessas festas.... tão perto de mim. Sempre tão perto... e uma simples falta de aproximação nos manteve estranhos. Quantas pessoas devem passar pelo mesmo? Quantos prováveis melhores amigos devem sentar-se um ao lado do outro todo dia na sala de aula sem sequer saberem que formariam uma amizade tão incrível? Quantos prováveis casais devem encontrar-se todos os dias numa festa, passando um ao lado do outro, impedidos de criar uma história de amor simplesmente pela falta de uma única aproximação?

A vida é mesmo uma bagunça. E é engraçado como uma simples escolha pode tão facilmente alterar o nosso destino.

Por uma coisinha, eu e Logan poderíamos não ter nos conhecido. E quem eu seria hoje? Onde eu estaria? Como eu estaria?

Não sei se devo agradecer por tê-lo conhecido ou lamentar por só ter mudado quando alguém me levou a tal. Eu deveria ser capaz de cuidar de mim mesma.... não deveria?

Gosto de sentir que Logan está aqui por mim, mas, digamos que não posso querer que este estado dure para sempre.

Talvez por isso que eu também tenha tomado essa decisão, da festa, sozinha. Para mostrar que posso fazer algo sem a influência de alguém.

Porém, por mais que eu continue pensando nisso ao caminhar pelo asfalto, vendo os carros engolidos pelas garagens e o silêncio da noite ocupando o ar, não me sinto confiante. Não sinto que estou tomando a decisão certa. Só sinto, a cada passo que dou, o desejo de dar meia-volta e sair correndo aumentar freneticamente.

Mas me mantenho aqui. Me mantenho seguindo em frente. Evito os pensamentos de que a essa altura eu já deveria estar sabendo lidar melhor com situações sociais. Evito a incerteza que quer vir me sabotar. Evito tudo. Vou numa festa, como uma adolescente normal, e amanhã terei uma consulta com uma terapeuta; como uma adolescente com problemas normal. Está tudo bem. Tudo sob controle.

Eu vou conseguir.

Eu vou conseguir?

Chega. Sem auto-sabotagem. Não mais. Meu pai não gostaria de me ver assim.

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