[Capítulo 21]. O Pecado Infernal da Luxúria (III)

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As pessoas que estavam próximas a ele começaram a perceber a estranheza vinda dele. Cai Xing cerrou os punhos com força. Foi quando um zumbido acertou sua cabeça e ele abriu os olhos. A tontura o conquistou fazendo-o escorar seu corpo no encosto da cadeira.

— Não estou me sentindo bem, voltarei ao meu quarto. — Ele falou e saiu imediatamente.

Cai Xing esfregou as têmporas ao sair do auditório.

Esse tipo de agonia nunca foi conhecido por ele. Parecia corroer de dentro para fora, como se esmagasse suas veias espirituais e cavasse seu dântian. A dor alcançou seus ossos e os sentiu parecer se partirem enquanto andava. Ele tentou circular a energia interna para tentar reduzir a dor, mas isso pareceu piorar.

As passadas que ele dava pareciam se eternizar sobre o chão de madeira e tudo ao seu redor começou a girar. Se escorando na parede, ele andou até encontrar um dos pátios internos.

Havia um pequeno jardim com mesas de pedra. Cai Xing sentiu um alívio percorrê-lo e caminhou o mais depressa que pode e se jogou sobre a mobília. Debruçou a cabeça em cima da mesa fria.

O jardim era extravagante para um local interno. Havia um lago com peixes coloridos, além de incontáveis flores variadas e árvores rasteiras. Também havia lanternas coloridas e o chão era pintado de verde. Ao redor, as construções protegiam o jardim em forma de círculo. Cai Xing acharia um tanto estranho se não estivesse ocupado com seus próprios pensamentos e dores.

Ele não conseguiu se acalmar por um bom tempo. Suas mãos tremiam e ele suava frio devido ao receio que sentia. No momento desconhecia algum motivo para isso acontecer e só conseguia concentrar em toda aflição pelo seu corpo. Com o olhar sem rumo, sentiu algo molhado deslizar pelo rosto.

— Não... Não há possibilidade... — Riu como se não acreditasse em si mesmo. Sentiu-se enojado.

Ele agarrou a roupa na direção do coração e fechou os olhos, incrédulo.

"Minha constituição mudou.", soltou um bufo irritado. "Não! Só voltou ao que era."

Mais uma vez verificou seu interior e lá estava. Um núcleo de energia yin, com traços de malícia e rancor. Ainda era pequeno, como um pequeno grão, mas estava ali.

Ele riu desesperado até escutar alguém se aproximar.

— Irmãozinho... irmãozinho... Parece que deseja mais uma vez cair no poço. Por acaso se afeiçoou à lama? — Aquela voz irritante certamente, Cai Xing reconhecia. Seja da memória de Luo Hang, seja do encontro de alguns dias antes.

Ele secou o rosto e ajustou seu humor. Estava acostumado a ter que fingir, não era difícil suportar a dor.

— Cao ge... — Cai Xing aproveitou seu sorriso de zombaria e gradualmente acentuou-o ainda mais ao ver Luo Cao. — Senti sua falta, por isso saí do poço.

Ele viu o mais velho torcer a boca de raiva.

— Um sábio disse uma vez que o sapo que olha as estrelas do fundo do poço é solitário demais. Voltei para vê-las com meu querido irmãozinho. — Ele parecia um irmão mais novo com verdadeira saudade do irmão mais velho.

— Quanta gentileza a sua. Sinto-me lisonjeado. — Luo Cao mostrou um sorriso que não parecia um sorriso.

Todo seu conjunto corporal demonstrava ameaça. Ele se aproximou enquanto a temperatura ao redor esfriava lentamente.

Cai Xing sentiu um arrepio nas costas.

— Por que ainda está vivo, irmãozinho? — Luo Cao fechou sua expressão e o prendeu contra a mesa de pedra. — Como sobreviveu? — Estava genuinamente curioso. — E como consegue se cultivar?

Falhas Eternas -  Vol. 01Onde as histórias ganham vida. Descobre agora