capítulo 43

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Jughead

Um dos piores sentimentos é a incerteza. Quando o coração anseia por alguma coisa, mas a cabeça insiste em dizer o contrário. Algo dentro de mim dizia que ela estava na rodoviária. Queria muito acreditar nisso, porque seria
muito mais fácil tirá-la das garras daquele desgraçado.

Mas a razão me apontava que era muito óbvio. Se Dennis estivesse planejando isso havia muito tempo, ele não iria levá-la para o primeiro lugar em que a polícia procuraria. Mesmo assim, eu precisava acreditar.

Guy fez todo o caminho em silêncio. Agradeci, pois com certeza ele não ia mentir, dizendo que tudo terminaria bem, quando nós dois sabíamos que a situação era delicada. Assim que estacionou a viatura, desci do carro, mas ele segurou meu braço e me impediu de caminhar.

— Não vai fazer besteira.
— Ela precisa de mim —rosnei.
— Ela precisa de um cara vivo, e não de um herói morto. Esfria a cabeça e deixa que eu cuido dessa merda.

Não respondi. Não sabia mentir. E meu amigo também sabia que o que estava me pedindo era impossível. Guy deu diversas ordens para sua equipe e os policiais se espalharam pela
rodoviária. Depois me obrigou a segui-lo, porque nem a merda de uma arma eu tinha. Nunca quisera, mesmo que me fosse permitido.

As pessoas olhavam assustadas, abrindo caminho para os policiais enquanto meus olhos vasculhavam cada canto daquele local em busca dela. Sua voz me acompanhava o tempo inteiro, como se fosse um pedido para não a abandonar.

O “eu te amo” que tanto custara a me dizer ecoava pela minha mente e me guiava mesmo quando minhas pernas vacilavam. Parei, escutando Guy atender o celular.

— Aham… Sei… O.k.… Plataforma 5L. Não ouvi mais nada e saí correndo em disparada, ignorando os avisos do delegado. Não escutei os gritos. Não processei seus pedidos. Apenas corri como se minha vida dependesse do quão rápido eu pudesse chegar ao meu destino.

E talvez dependesse. Porque Elisabeth se tornara tão parte de mim que não havia como nos separar. Quando vi a placa, parei já sem ar. Olhei para trás e vi Guy e parte da sua equipe um pouco afastados. Todos eles estavam paramentados e poderiam ser reconhecidos de longe. Seria um perigo se Dennis descobrisse que a polícia já estava atrás dele. Guy balançou a cabeça em negativa, pedindo que eu não fizesse o que estava prestes a fazer. Abordei o agente da empresa de ônibus e mostrei minha identificação.

— Sou promotor de justiça. Não entre em pânico, mas está acontecendo um sequestro neste ônibus. Não deixe mais ninguém entrar e mantenha a calma.
— E os passageiros?
— Vamos tirar todos de lá. —afirmei.

Ninguém morreria, não na minha frente, e eu só sairia de dentro daquele ônibus depois que todos estivessem seguros, principalmente Elisabeth.

Eu entrei no ônibus antes que Guy pudesse se aproximar. Subi os degraus respirando fundo e tentando imaginar a situação que encontraria e todas as opções que eu tinha para resolvê-la. Olhei todas as poltronas, havia várias famílias, crianças, pessoas que nem sequer imaginavam que tinha um psicopata armado tão próximo delas. Um homem se levantou na minha frente e eu me assustei, dando um passo brusco para trás.

— Desculpa, cara, só queria pôr a mochila no bagageiro.
— Tudo bem — respondi.
Imediatamente, quando olhei para a frente, meus olhos encontraram os dela.

Elisabeth ouviu minha voz e me encarou com uma expressão de medo. Ela estava ao lado da janela e Dennis tinha um braço sobre seu ombro, como se fosse um namorado amoroso e não um desgraçado que só trouxera sofrimento para minha princesa.

Muito além do AmorWhere stories live. Discover now