capítulo 35

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Jughead

Quando meu telefone tocou e vi o nome da minha princesa, percebi que não existia no mundo um homem mais feliz do que eu. Atendi sem fazer questão de
esconder a empolgação por ouvir sua voz. Haviam se passado três dias e eu ainda sentia como se ela estivesse aqui, no meu apartamento. Eu não conseguia esquecer a nossa primeira vez. Lembranças de Elisabeth em minha cama, embaixo do meu corpo, beijando minha boca, me deixando entrar nela. Deus, eu era um
maldito pervertido, porque cada vez que lembrava dela, ficava duro. Até isso ela controlava.

— Preciso de um favor — disse ela, depois de me cumprimentar. — Diga o que queres e eu te darei um preço. — Uau! Que mercenário! — Sua risada mexia com cada pedaço do meu corpo. Era um privilégio fazê-la sorrir.

— Acabei de criar uma receita nova de brigadeiro. Deu empate técnico aqui. Malu não gostou muito. — “É azedo”, escutei uma vozinha se explicando, e sorri. — Eu, particularmente, amo menta. Então, que tal você dar um pulinho aqui e dar seu voto? Ela não precisava pedir duas vezes. — Chego rapidinho. E já vou avisando: se for azedo, vou ficar no time da
princesinha.

Escutei muitas risadas e desliguei o telefone sem a menor dúvida de que era o homem mais feliz do mundo. Quando cheguei, Malu me deu um abraço, mas não falou comigo. Era normal.
Tinha dias em que ela estava mais falante, e em outros se expressava de outras formas.

Como o desenho que segurava nas mãos e me entregou assim que se afastou. Minha primeira reação foi elogiar, mas só depois que realmente vi o
que estava desenhado ali que a emoção me dominou. Era sua família. Eu, Elisabeth e ela.
Levantei a folha e vi minha namorada visivelmente emocionada.

— Alguma dúvida de que é você? — perguntou ao se aproximar.
— Nenhuma.
Havia um príncipe e duas princesas naquele papel. Eu só pedia a Deus que não me deixasse falhar com elas. Eu tinha que ser a porra do melhor príncipe que já existira.
— Posso ficar com o desenho? — perguntei. Elisabeth balançou a cabeça, fazendo que sim. — Obrigado.

Eu a puxei e encostei de leve meus lábios nos dela. O restante da noite passou voando. Depois de ter conseguido me arrastar
para o time dos que não gostavam de brigadeiro de menta, Malu adormeceu no
sofá. Fiz questão de levá-la para a cama. Acariciei seus cabelos depois de cobri-la e dei um beijo em sua testa. Eu ainda não conseguia entender como aquela
garotinha podia provocar em mim uma onda de amor tão grande. Ela me conquistara com os mesmos olhos da mãe.

Quando voltava para a sala, esperançoso para fazer amor com a Elisabeth, uma mensagem no celular me levou do céu ao inferno em questão de segundos. A sensação era de que meu coração estava sendo esmagado dentro do peito. Olhei
para Elisabeth, que recolhia os lápis e papéis de Malu da sala, e aquilo só fez o pânico aumentar ainda mais.

A verdade era que eu não podia protegê-las como pensara que conseguiria. Fiquei puto com a impotência que me dominava
naquele momento. A mulher que eu amava e a menininha que tinha meu coração corriam perigo, e não sabia como poderia mantê-las seguras. Li a mensagem mais uma vez e senti raiva do mundo. A maldade do ser humano não tinha limites.

— Ela não queria dormir antes do final do filme. Pus pra gravar. Tá tudo bem, amor? — Eu não conseguia ouvi-la direito. — jughead, tudo bem?
Ao chamar meu nome, ela me despertou. — Preciso ir.
Não conseguia raciocinar.

Tudo o que eu fazia era imaginar Elisabeth e Malu em perigo. Abri a porta sem olhar para trás. Ouvia seus passos e sentia seu cheiro, mas, porra, eu não conseguia imaginar uma vida sem ela. Meu peito doía só de pensar nele… nela… Deus. O que eu ia fazer?

Muito além do AmorWhere stories live. Discover now