capítulo 28

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Elisabeth

Um cinema.
Era só um cinema e estava tão nervosa que mal conseguia andar. Desci do táxi uma quadra antes, porque não queria que ele me visse no estado em que estava. Precisava me recuperar antes de finalmente pôr os olhos no Jughead.

Ai meu Deus! Respirei fundo diversas vezes, o coração querendo saltar pela boca.
Mais uma vez, murmurei para mim mesma que era apenas um cinema. Levantei o corpo e respirei outra vez. Passei as mãos na calça e me questionei pela décima vez se escolhera a roupa certa. Olhei para minhas sapatilhas com um pouco de dúvida, que se dissipou depressa, pois elas realmente ficaram ótimas com o jeans e a blusa de renda ombro a ombro.

Assim como Janaína havia
sugerido no outro dia, deixei os cabelos soltos, cacheados e caindo pelos ombros. Sorri ao me dar conta de que estava bem porque eu voltara a ser eu mesma. Foi essa confiança que me fez caminhar até a entrada principal do shopping, onde havia combinado de encontrar com ele.

Eu o vi antes que Jughead me
enxergasse, e por isso pude observá-lo melhor. Também usava jeans, uma camiseta azul e tênis. Estava parado, o olhar no horizonte, enquanto mantinha as mãos no bolso da calça. Era tão lindo, tão hipnotizante, e estava ali, à minha espera.

Quando ele me viu, sorriu. Um sorriso lindo, escandaloso, de quem não tinha a menor vergonha de ser pego sorrindo para uma mulher. Imediatamente caminhou até mim.

— Oi, princesa. Não vi você chegando. — Desci do táxi um pouco antes.
Ele sacudiu a cabeça, entendendo minhas palavras. Era tão fácil falar com Jughead, tão natural, porque ele parecia entender cada decisão minha e
compreender meus motivos para tomá-las.

Ele se aproximou devagar, os lábios tocando meu rosto, e prendi a respiração. Se me movesse apenas um milímetro, nossas bocas se encontrariam e eu estaria perdida. Por mais que fosse exatamente o que eu queria, havia decidido que só aconteceria depois que conversássemos. Foi ótimo ver que Jughead também pensava o mesmo, visto a maneira como me cumprimentara.

Sem dizer nada, ele me estendeu a mão. Um pedido silencioso para que o acompanhasse, e foi o que fiz. Sentir nossos dedos entrelaçados serviu para me mostrar a realidade que estava vivendo. Um símbolo de que não estava mais sozinha. A solidão nem sempre era de todo ruim. Às vezes, o silêncio se fazia necessário para que pudéssemos encontrar nossa alma.

Mas quando o coração transbordava sentimentos, era nosso dever compartilhá-los. Não se aprisionava o amor. Não se detinha a esperança, e muito menos se matava a fé. E era tudo isso que eu compartilhava com Jughead naquele simples gesto de aceitar sua mão e caminhar ao seu lado. Não atrás. Não à frente. Nem antes e nem depois.
Exatamente ao seu lado.

Acabara de aprender, naquele momento, a grande diferença entre entregar meus sentimentos e compartilhá-los com alguém. Não havia subtração, apenas soma.

— Espero que você goste do filme. — Que filme?
— O que vou fingir assistir enquanto olho pra garota mais linda do mundo, que estará ao meu lado.
— Ahhhh, esse filme.

Ele riu, balançando a cabeça. Jughead nunca sorria apenas com os lábios. Seu corpo inteiro parecia se iluminar com o gesto. Mesmo quando a boca não se movia, eu sabia que ele estava sorrindo. O tipo de pessoa que sorria com a alma.

Ficamos alguns minutos aguardando na fila, e por sorte eu tinha o nosso balde de pipoca nas mãos — claro que dividiríamos —, para descontar minha ansiedade. Jughead tinha a mão aberta nas minhas costas, sempre mostrando que estava ali.— Como foi sua semana? — perguntou.

Muito além do AmorWhere stories live. Discover now