capítulo 26

66 4 0
                                    

PASSADO

Elisabeth

Malu fora passar o fim de semana com o pai, assim como determinara o juiz. Mesmo depois de tudo que ele me fizera, ainda tinha que concordar com as malditas visitas sem poder fazer nada.

Dennis me batera, me ameaçara, tirara meus sonhos e matara minhas esperanças, e mesmo assim um juiz me obrigara a
entregar Malu uma vez por semana a ele. Nos primeiros meses, havia feito de tudo para me manter calma, mas rompia em lágrimas toda vez que ele a tirava de mim. Então me convencera de que, por mais que meu casamento não tivesse dado
certo, Dennis nunca seria capaz de fazer qualquer coisa contra a filha.

O problema dele era comigo. Era eu que despertava sua ira, transformando-o em um homem que não conhecia. E fora pensando nisso, repetindo todos os dias que ela estava segura com ele, e tentando voltar a levar uma vida normal, que aceitara sair com alguns colegas do escritório em que estava trabalhando.

Não seria nada demais, apenas comemorar o aniversário de uma das meninas da contabilidade em um barzinho. Me arrumei cedo, ansiosa por voltar a sair desde a separação. Um ano sem o Dennis e não havia posto o pé para fora de casa. O que não mudara muito, já que era a mesma coisa quando ainda estava com ele.

Antes mesmo de sair de casa, recebi uma ligação dele. Ignorei, mesmo sabendo que era a pior coisa a ser feita. Dennis ainda não havia se conformado com a separação. Seu mundo havia ruído quando eu pedira o divórcio e fizera as malas.

Uma semana depois, ele me buscara na quitinete que havia alugado e me deixara ficar na nossa antiga casa com Malu. Mas o fato de ter feito isso fez com que pensasse que ainda tinha algum controle sobre a minha vida. Ligações fora de
horário e insistentes, visitas não programadas… Ele fazia tudo isso com a desculpa de que era quem pagava o aluguel. Eu aceitava apenas por saber que nunca teria condições de alugar uma casa como aquela para minha filha com o salário que ganhava. Dennis não fazia mais do que a obrigação, mas, em sua cabeça, ele estava me fazendo um favor. Peguei o ônibus e no caminho até o bar já haviam sido dez ligações. Ele não lidava bem com o “não”.

Eu:Poderia, por favor, verificar se a Malu está bem?

Mandei uma mensagem para Odete, na esperança de que ela me respondesse, pois tinha quase certeza de que Dennis seria capaz de usar minha filha para que eu o atendesse. Alguns minutos depois ela me respondeu, me tranquilizando um pouco mais. Mas não foi o suficiente. Comecei a andar em direção a saída quando ouvi uma voz chamando meu nome.

— Aonde você vai, mocinha?
Era a aniversariante.
— Preciso voltar. Minha filha está com o pai, e logo eu terei que buscá-la — menti. Dennis nunca me deixaria pegar Malu quando o dia era dele.
— Não sem antes tomar um drinque comigo. Também acabei de chegar, e parece que somos as primeiras. Por favor, não me deixa sozinha aqui.

Olhei e vi as mesas que estavam reservadas para a comemoração. Realmente não havia ninguém ainda.— Tudo bem, eu fico, mas só até outra pessoa chegar. Realmente preciso ir.
— Obaaa! — disse ela, com entusiasmo.

Sentamos e pedimos um drinque. Ângela ria muito contando histórias de balada, e eu me sentia um ET diante de tantas coisas que sequer tinha
experimentado. Fiz um esforço tremendo para não a deixar falando sozinha, mas a sensação de estar deslocada nunca saía de mim. Alguns colegas chegaram e decidi ficar um pouco mais para não parecer indelicada.

Muito além do AmorOn viuen les histories. Descobreix ara