capítulo 20

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Jughead

Estava parado na frente dela. Um brigadeiro na mão e Vitória me puxando pela outra. Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Meu coração batia tão forte dentro do peito que tive medo de que ela pudesse ouvir todo o meu nervosismo. Tentei me acalmar, juro que tentei. Mas porra! Meu sonho estava na minha frente. A mulher que simplesmente roubara todos os meus dias de mim — porque tudo que consegui fazer nos últimos meses foi pensar nela — estava ali.

O sorriso tímido e os olhos amedrontados ainda estavam lá, como se o tempo não houvesse passado. Mas se olhasse melhor — e eu olhei — ela estava
diferente. Prova disso foi sua voz saindo antes da minha. Confiante. Estava confiante.
Ela olhou para os lados, inquieta, e eu sabia que precisava dizer alguma coisa antes que se afastasse.

— Como está? — perguntei, controlando o máximo possível a emoção em minha voz.
Ela não baixou os olhos como de costume. — Bem. — Achei que não falaria mais nada, mas então mudou de assunto. — Essa é uma parte da minha nova vida. Delícias da Malu.

Olhou para o lado, para a garotinha que segurava sua mão. Malu trazia a mesma doçura no olhar, capaz de alcançar o fundo da nossa alma. Ela me encarava o tempo todo, e, tive uma leve impressão de que sabia o motivo. Eu quase poderia ter saído de uma história infantil qualquer.

Desde que Clara perguntara a Vitória sobre seu aniversário, ela vinha dizendo que queria que eu fosse seu príncipe. Eu, óbvio, dissera sim. Por isso, estava na frente da mulher por quem me apaixonara vestindo uma roupa com mangas bufantes e um chapéu que carregava uma pena na ponta. E claro que havia uma espada. Um príncipe nunca sairia de casa sem ela.

— Oi, princesa. Você já viu nosso castelo? — Maria Luiza olhou para Elisabeth, depois para mim, e balançou a cabeça. Ela ainda não falava. — Vamos voltar lá? — interrompeu Vitória, me deixando e pegando na mão da outra garotinha. Para minha surpresa, ela seguiu minha sobrinha sem titubear.

Elisabeth acompanhou meu olhar enquanto as duas corriam até as outras crianças. Quando chegaram lá, Vitória não soltou a mão de Malu, e as duas foram juntas até o castelo.

— Sua sobrinha é um encanto. Sua voz me chamou de volta. Eu mal conseguia responder, porque era difícil acreditar que a ouvia mais uma vez.
— Ela é.
— Malu está se divertindo com ela. — Isso é muito bom. Estou realmente feliz em ver que ela está bem. — Preciso voltar a trabalhar. Ela me deu as costas.
— E você, está bem? — As palavras pularam da minha boca.
Elisabeth me olhou de novo e sorriu. — Eu fico bem quando minha filha está bem. Então sim, estou mais do que bem. Apenas balancei a cabeça, decidindo me afastar um pouco, mas ela me chamou.

— Dr. Jughead. É… Obrigada por tudo. Nem sei como agradecer.
Resolvi brincar com ela e retirei o chapéu, fazendo uma reverência. Quando me levantei, busquei seus olhos. Ela estava de boca aberta. — Príncipe Jughead à disposição — disse, fazendo-a rir baixinho. — E tem uma coisa que você pode fazer, Elisabeth. — Ela me olhou apreensiva. — Me chamar de Jughead. Não sou mais um promotor de justiça e nem você alguém que precisa dos meus serviços. Somos duas pessoas comuns que se encontraram por acaso em uma festa. Um homem e uma mulher… Apenas isso.

Queria que ela entendesse minhas palavras. Sou apenas um homem que te deseja muito. Que achou que era um
encantamento passageiro, mas que acaba de perceber que está apaixonado de verdade. Muito apaixonado.

— Eu…
— Aí está você. — Clara interrompeu. — Você realmente se superou, jug. Está ridículo. Só não mais do que o Bruno quando se vestiu de Tigrão para pedir Laís em casamento.

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