capítulo 33

90 9 1
                                    

Elisabeth

— E a Malu?
Sorvi o último gole do líquido que descia queimando pela minha garganta. Tomei duas taças de vinho e era muito mais do que estava acostumada. Ainda estava atordoada pelas palavras de jughead me perguntava se ele sempre me conduziria dessa forma, fazendo com que acreditasse que era possível.

Não parava de pensar no quanto eles eram diferentes. Enquanto Dennis me subjugava, jughead me fazia olhar para dentro de mim mesma até descobrir o que era real. Enquanto um gritava palavras que me calavam, o outro me pedia para falar. Um roubara minha voz, o outro me dera um coração.

— Janaína ficou com ela — respondi à pergunta que me fizera. — É surpreendente vê-la com a Vitória. As duas se deram tão bem. — Acho que vai ser aquele tipo de amizade que você leva pra vida inteira. Balancei a cabeça, concordando. Ele estendeu a garrafa em minha direção.
— Mais? — Não. Obrigada. Bebi o suficiente. Posso usar o banheiro?
— Claro. Vou te mostrar onde fica.

Jughead me conduziu pelos corredores até um lugar que, pela decoração, parecia ser seu quarto. Entrei, tentando não reparar na grandeza de tudo.
Apenas apreciei seu bom gosto enquanto sentia sua mão entrelaçada à minha.

Ele me soltou, mostrou a porta, e eu dei um sorriso agradecido. Antes de me afastar, o peguei de surpresa, dando um selinho rápido. Senti minhas bochechas
queimarem com o gesto. Ele, por sua vez, me deu um sorriso largo, que o deixava mais jovem, mais simples e natural.

Fui direto até a pia, lavei as mãos e levei um pouco de água até a nuca. Sabia que a noite estava se encaminhando para algo maior, e isso me assustava a ponto de me fazer suar. A diferença entre
hoje e o dia em que quase transamos no meu sofá era nítida. Eu não tinha nenhum outro sentimento me guiando, como raiva ou vergonha. Eu tinha apenas o desejo de estar com ele, e era mais difícil lidar com isso do que com a adrenalina que vivera.

Segurei na bancada, abaixando a cabeça, e respirei fundo diversas vezes, buscando coragem para ouvir meu coração e seguir em frente. Mas quando levantei e o vi, não consegui mais raciocinar, eu era só sentimentos. Jughead me observava pela fresta da porta. Seus olhos encontraram os meus através do espelho e vacilei sobre minhas pernas.

Tive que segurar aquele maldito granito entre meus dedos ainda com mais força, porque, se ele esboçasse qualquer movimento, eu ia desabar ali mesmo, no chão do banheiro. Porém, nenhum de
nós se moveu, apenas ficamos perdidos no momento enquanto a tensão se espalhava pelo ar.

Meu peito subia e descia visivelmente com a intensidade da respiração. Jughead também parecia tão afetado quanto eu. A música que ele pusera minutos antes havia acabado, e outra tão romântica quanto a anterior embalava aquele momento. “All of Me”! Me perguntei se ele havia escolhido a canção para mim, ou se fora um acaso. Gostei de imaginar que ele a escolhera
enquanto preparava esse momento. Movida pelo desejo de descobrir mais sobre nós, virei, quebrando a conexão em que mergulháramos.

— jughead… — engasguei, e ele me deu um sorriso apaixonado. Sim, era amor o que via em seu rosto naquele momento, só podia ser amor, e isso fazia meu peito querer explodir. Ele me estendeu a mão, não imaginando o quanto aquele gesto significava para mim. Ele a erguera para mim quando eu achara que
nunca mais teria alguém.

— Estou aqui.
— E você vai ficar?
— Até quando você quiser.

Então deixei o banheiro para trás e dentro dele também deixei o medo, a vergonha, a falta de esperança e tudo de ruim. Joguei-me nos braços daquele homem tão lindo e gentil. Jughead me segurou, me levantou, e eu envolvi sua
cintura com as pernas. Beijei sua boca enquanto sorria como uma descontrolada, porque estava feliz demais para me conter. Eu era minha, mas
naquele momento eu também era dele, e isso me completava de uma forma que nunca achara possível.

Muito além do AmorWhere stories live. Discover now