capítulo 14

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Jughead

Sofie ainda ficou depois que todos foram embora. O restante da noite foi uma sucessão de erros que não conseguia se quer relembrar. Eu ainda pensava
nela. Ainda pensava na garota dos brigadeiros e de olhos castanhos quando Sofie tirou a roupa.

Quando deitei na cama, meu coração ainda batia
descompassado ao recordar do rosto dela e de suas feições delicadas, carregadas de tantos sentimentos. Naquele dia, eu vira tristeza, mágoa, culpa e esperança… Enxergara todos eles. Suas aflições transpunham o olhar e alcançavam qualquer pessoa que apenas parasse para olhá-la. Bastava mergulhar em seus olhos. A verdadeira menina estava ali, escondida debaixo
das várias  camadas que o medo construíra em torno dela.

Ainda ouvia sua voz envergonhada ao falar comigo quando Sofie encaixou o
corpo sobre o meu. E então, quando meu nome foi dito, voltei para a realidade, envergonhado demais porque a mulher nua na minha frente se entregava para
mim.Não foi difícil me concentrar em Sofie.Meus olhos a encaravam porque não havia como não a desejar, tudo nela era desejável. Cada parte do seu corpo. A pele macia, os cabelos caindo sobre mim. A forma como a boca vermelha gemia e pronunciava meu nome. Os lábios que tomavam os meu com avidez e
desejo. E permiti o sexo porque no fundo eu também queria. Mas percebi, quando o prazer passou, tão rápido quanto os meus próprios pensamentos, que era apenas isso. Sexo!

Saí do banheiro vestindo uma bermuda e camiseta e Sofie não estava mais na cama. Passei as mãos pelos cabelos ainda molhados, fechei os olhos e desejei que a noite passada não tivesse acontecido, pois ela me envergonhava profundamente. Eu não era assim. Nunca fora.

—Preparei o café. Sabia que você continua falando enquanto dorme? Quem é…
Ainda estava de olhos fechados quando a voz de Sofie chamou minha atenção.

Abri-os devagar e a encarei. Usava uma das minhas camisetas e estava linda envolta pelo tecido cinza, mesmo com o cabelo amarrado de forma bagunçada no topo da cabeça e carregando duas xícaras de café. Em poucos
segundos,consegui trazerà tona tudo que recordava dela e, quando continuei em silêncio, ela se adiantou, soltando um suspiro frustrado.

—Você nunca conseguiu esconder oque sente. Tá estampado em seus olhos que a noite passada foi um erro.
— Sofi…
— Jughead, eu não sou burra — ela levantou um pouco o tom de voz. — Acha que eu não sei que o jantar de ontem foi apenas porque eu pedi? E que só estava se esforçando para algo acontecer entre a gente porque eu abandonei tudo para vir atrás de você?

Sofie estava errada se achava que o único motivo para estar com ela era pena ou culpa. Por mais que eu tivesse sido um merda na noite anterior, jamais faria isso.

— Tentei tudo que podia, mas as coisas não funcionam como queremos. Infelizmente, porque você é incrível — argumentei, ficando um pouco perdido
quando ela sorriu de volta para mim.
— Eu sei. E eu desejei tanto você que ignorei o fato de que não me olha mais nos olhos. Eu quis tanto que desse certo de novo que esqueci o quanto você é
intenso. Desde que voltei, você tem sido apenas uma chama, mas eu já conheci o verdadeiro fogo.

Uma lágrima rolou por sua face e, quando voltou a falar, a
voz de Sofie estava embolada. As palavras saíam em forma de soluços. — E eu te amo ainda mais, você fez tudo isso porque tem um coração tão grande que é capaz de pôr os sentimentos de todo mundo na frente dos seus.Caminhei até ela e meus braços envolveram seu corpo, que sacudia desesperado conforme suas lágrimas molhavam minha camiseta.

— Sinto muito.
— Sei que sente.
— Me perdoa? — pedi.
— Te perdoar por tentar voltar a me amar? — disse, depois de levantar a cabeça e me dar um sorriso que escondia certa melancolia. — Você não existe.

Muito além do AmorWhere stories live. Discover now