Ele não responde de imediato, o que me deixa sem saber se Logan resolveu ir embora ou não. E, quando as portas do elevador finalmente se abrem, fico sem ter uma resposta; pois agora é a hora de entrar.

[...]

Passo bastante tempo fitando o tapete. É bonita a forma como a luz do sol reflete nele.

Estou ansiosa conforme cruzo e descruzo minhas mãos. Apesar disso, a poltrona em que estou é confortável. A sala toda passa essa energia. É bem diferente de quando conversei com ela no hospital. Chego a me perguntar o porquê da Dra.Ross também trabalhar lá quando poderia estar todos os dias neste local aconchegante.

Eu odiaria com todas as minhas forças trabalhar num ambiente pesado como um hospital.

Levanto meu olhar, vendo a Dra.Ross escrever algo em sua prancheta com um quase sorriso no rosto. A tranquilidade dela chega a me acalmar um pouco, embora ainda esteja pensando demais para conseguir ficar em paz. E, para piorar, aquela pequena parte de mim que evitava psicólogos resolve dar as caras de novo, me perturbando com o pensamento de que tenho total liberdade de não voltar mais aqui caso não queira.

A ideia de ter que falar sobre a minha vida me amedronta.

— Fiquei feliz por ter recebido uma ligação de sua mãe — diz a doutora de repente, erguendo o olhar para mim e aumentando seu sorriso. — Como vocês estão?

Ela para de escrever, cruzando as mãos, como se esperasse que eu tome o rumo das coisas agora e comece a falar. Sinto o meu arrependimento aumentar.

— Ah, na mesma.

Ela assente, como se já imaginasse que eu fosse dizer isso.

— E tem algo em específico te incomodando?

Penso em dar de ombros quando olho para a janela, refletindo sobre sua pergunta. O que está me incomodando? Aquilo que minha mãe me disse? O fato de ser só eu e ela e eu ainda não ter me acostumado? Logan estando na minha vida justo agora que eu estou vazia?

O fato de eu tentar afastá-lo mesmo sabendo que posso me arrepender disso pra sempre?

Muitas coisas. Com certeza muitas. E é por isso que eu resolvo falar bem devagar, começando com o que minha mãe me disse. Explico sobre o quanto me senti mal com as coisas que ela falou; principalmente por serem exatamente as mesmas coisas em que eu já estava pensando. Falo sobre os meus avós, sobre a sensação de vazio e a suspeita de que isso pode ser um sinal para eu focar em mim.

E falo sobre Logan.

No começo é difícil, estranho, mas aos poucos começo a me acostumar com a sensação de ser a única a falar. Ainda me incomoda um pouco sentir o olhar dela em mim o tempo todo, entretanto, não demoro a ser atingida por aquela sensação cômica de alívio por estar desabafando com alguém. Alguém de quem eu sei que não preciso sentir
vergonha ou medo de julgamentos.

É novo e é meio esquisito. Mas até que é um pouco libertador.

A Dra. Ross permanece calma quando termino, se remexendo em sua poltrona. Ela respira fundo antes de começar a falar.

— Você saberia me dizer há quanto tempo tem sentido isso? Esse vazio?

Não estou olhando para ela quando murmuro:

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