capítulo 16

Mulai dari awal
                                    

Ele olhou para o copo na minha mão, para a garrafa na mesa de centro e depois para mim.
Um vinco se formou entre seus olhos, confundindo-se com algumas rugas que já apareciam na testa. Alê sacudiu a cabeça e perguntou: — Desde quando
você bebe?

— Eu sempre bebi.
Servi outra dose e ele arqueou uma sobrancelha.
— Sempre?
— Só não costumo ficar completamente bêbado e chorando como uma criancinha quando percebo que minha garota deu no pé com um roqueiro fodão.

Dei mais um gole no uísque. Ele arregalou os olhos, surpreso com a minha indireta, e a verdade era que nem eu acreditava no que acabara de dizer. — Foi mal — pedi desculpas. — Semana difícil. Esperei que ele respondesse alguma coisa envolvendo a palavra “moleque”,
porque era sempre assim que se referia a mim quando queria chamar minha atenção.

Mas ele não disse nada. Apenas levantou, foi até a cozinha e voltou segurando um copo, pronto para me fazer companhia.
— E a pergunta de um milhão de dólares é — sorveu um gole de uísque e ficou brincando com o restante que sobrara no copo, fazendo o líquido viajar de
uma extremidade à outra — que porra deu em você?

Apoiei os cotovelos nas pernas e segurei o copo com muita força, como se ele fosse capaz de responder por mim.
— Não sei!
— Isso não é resposta.
— O que você quer ouvir? — respondi, enraivecido.

Assustei-me com o tom da minha voz e levantei, dando as costas para o meu irmão. Pude ouvir Alexandre fazendo o mesmo.
— Quero ouvir que meu irmão não está apaixonado por uma mulher que foi vítima de um desgraçado psicótico que é capaz de qualquer coisa, inclusive machucar uma criança.

Meus dedos apertaram o copo, e eu queria que ele se quebrasse em minhas mãos, porque a dor de ter a pele rasgada talvez fosse menor do que a raiva que
as palavras do Alexandre haviam causado.
Fiquei em silêncio.
E ele entendeu.

— Puta merda! — exclamou. — Você está mesmo apaixonado? Tá maluco, moleque? Tem noção do que aquele cara pode fazer com você? Virei, olhando para ele, e ri. Um riso sarcástico e carregado de raiva, porque sabia exatamente do que Dennis era capaz: estuprar uma mulher e ferir uma criança.

— E se fosse a Clara? — perguntei, sabendo que ele iria recuar. — Essa não é a questão. Ela não é como a Clara.
Sorri de novo, mas dessa vez pela ingenuidade do Alexandre.
— O coração aperta e sua vontade é de estar lá com ela, mesmo que ela não queira, porque você sabe que por fora há uma fortaleza, mas lá dentro os pedaços estão se partindo um a um. Você deseja juntá-los, mesmo que não haja
maneira de colá-los. Você. Apenas. Quer. Estar. Lá — sibilei.

— Eu tô apaixonado por uma garota que não vai se abrir para o mundo porque tudo que ela recebeu dele foi dor. Isso soa familiar para você? Alexandre ficou mudo, e eu sentia que um caminhão havia passado por cima de mim.

Confessar o que sentia não me trouxe alívio. Pelo contrário, me deixou ainda mais em pânico, porque eu sabia que seria um sentimento não correspondido. Aliás, eu sequer tinha o direito de esperar isso dela. Pelo amor de Deus! Quem se apaixonava assim? Do nada!

— Só não quero que você saia ferido dessa história. De nenhuma forma.
— Eu sei o que eu tô fazendo. — Alexandre continuou me encarando. — Não, não sei — confessei, e ele sorriu.

Voltamos a sentar no sofá, e tornei a encher nossos copos. Nem perguntei se Alexandre estava dirigindo, pois a resposta era óbvia. Ele acabou me contando sobre como as coisas haviam chegado ao ponto em que chegaram. Falou sobre a
visita de Dennis e de como ele o queria como advogado.

Muito além do AmorTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang