[Capítulo 13]. Demônios internos de um homem santo

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Seu olhar passou pelo desmaiado e torturado You XiaoLin na cama.

"Todos que chegarem perto de você irão se machucar, minha estrela*. Lembre-se que uma estrela tem uma vida solitária e seu brilho é totalmente superficial. O que você vê de brilho em si, são restos do passado."

Aquela voz calma e perene flutuou em sua mente como um mantra carregado de carma. Ainda podia sentir o toque gélido na pele, quando seu mestre agarrou seu queixo e forçou a olhá-lo.

"A partir de agora lembre-se que seu nome se perdeu, agora será Cai Xing*."

Assim, Cai Xing perdeu seu nome e seguiu por um caminho solitário e sangrento sem olhar para o passado. E as palavras de seu mestre, se tornaram uma maldição grudenta. Todos que se aproximavam dele, se machucavam.

Seu mestre, porém, nunca lhe disse que os machucados seriam maiores nele. Ele riu.

Sentado e sem ação, cerrou os punhos repetindo e reavivando as palavras de seu mestre inundado pelo enjoo. Com o coração apertado as lágrimas espremeram-se ao canto dos olhos e rolaram uma a uma, solitárias assim como ele.

Dizem que chorar pode lavar a tristeza e tornar alguém mais leve, mas em algum lugar neste mundo existem aqueles que nem o choro conseguem aliviar sua dor. E Cai Xing se tornou um deles, pois nunca se considerou humano após perder seu nome.

Contudo, sentiu que não poderia ficar sozinho. Os seres humanos são criaturas sociáveis, precisam da vivência com outros. Viver sempre recluso apenas encurtaria o caminho para a loucura. Uma vida já fora suficiente, em outra, preferia a morte. Ele só não sabia ainda como fazer para viver sem machucar tanto aos outros, quanto a si mesmo.

Pecados demais, sangue demais nas mãos.

Ele tentou falar alguma coisa, mas a garganta pareceu travada e ele se encolheu como uma criança assustada.

De repente, sentiu algo molhado escorrer das mãos. Ele levantou a cabeça e fixou seus olhos naquela ferida reaberta e sorriu desamparado ao notar seus velhos hábitos. Ferindo a si próprio novamente sem perceber. O líquido escarlate escorreu da palma, gotejando no chão.

Cai Xing se levantou abruptamente direto para seu quarto, a única parada foi para pegar um balde com água fria. Estava se sentindo sujo.

Foi a primeira vez em sua vida que sentiu esse peso. Antes, não importava as mortes, o sangue, lamentos... era indiferente a isso tudo. Então, por quê?

No passado, foi capaz de destruir sua única luz sem um único arrependimento, então por que dessa vez ele estava tão transtornado por uma pessoa que mal conhecia?

Por que havia sentimento em ver a mesma situação novamente?

Por que estava diferente?

O que diabos tinha feito em sua vida anterior para torná-lo uma pessoa sem dor?

Por um momento, desejou isso de volta.

"Não quero sentir isso, por favor..."

Por mais que lavasse seu corpo e suas mãos, a sujeira permanecia intacta e assim como sua sede de sangue, sido talhada em sua alma com tanto desprezo.

Sua pele tomou uma coloração avermelhada ao passo que esfregava mais forte o pedaço de pano no corpo.

Cai Xing, por mais que tentasse, havia se esquecido de muitas coisas. O suspiro pesado se sobrepôs à guerra do lado de fora e ele nem escutou o barulho ensurdecedor quando a barreira de Shen Zhengyi se partiu.

Falhas Eternas -  Vol. 01Where stories live. Discover now